RP - ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE - PARTE 8
ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
PARTE VIII
- Aí, continua Beto, eu tive que ouvir tudo de novo da dona Sílvia e, como eu já estava cheio de tudo, briguei com ela, bati boca e voltei pra Bahia cortando relações com Deus e o mundo.
- E aí?
- Aí, que eu voltei com a Sandra pro casamento do Leo e da Laura em março, mas nem passei em casa. Fiz um bate e volta total e fiquei de mal com todo mundo. Como a ausência é boa em alguns casos, todo mundo pensou bem em tudo e, como a gente já estava casado mesmo, a poeira baixou e, no início de abril, meu pai me ligou pedindo desculpas por ele, por minha mãe e pela minha sogra e pediu pra gente voltar às boas. Muito mais por causa da minha mãe que não consegue ficar longe de mim muito tempo.
- Que loucura, cara!
- Nunca mais vou participar de outra festinha de aniversário sua nem da Mônica Telles, só pra você saber. Aliás, você está proibido de fazer aniversário.
Wagner ri.
- Ainda mais que ela agora é Mônica Telles Valle, meu caro. Mônica Martinelle Telles Valle É minha cunhada, dá licença?
- Três vezes pior. Tô fora! Eu conheço o marido dela!
- Foi muito bom falar com você, Beto. Parabéns pela filhota. Dá um beijo nela por mim e aproveita pra perguntar pra ela se ela quer mesmo que eu seja padrinho dela.
- Claro que ela quer, por quê? Esse padrinho tem contra indicações?
- Várias... É um solteirão doido por mulheres que não tem nenhuma e tem mania de morder as pernas gordas das afilhadas. A Mi que o diga. Eu quase não a vejo, mas, quando vejo, a Mônica quase nem deixa que eu a segure mais.
- Por quê?
- Já fiz a menina chorar umas duas vezes, porque eu não resisto e mordo ela naquela perna gorda gostosa.
- Pode deixar. Se você morder a minha filha, eu chamo a polícia por assedio.
Wagner ri.
- Tchau, papai fresco. Te amo.
- Também te amo, amigo. Fica bem.
- Idem...
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29 de junho
Manhã fria do início do inverno.
Mônica acorda e não vê Cláudio ao lado dela na cama. Ao procurar em volta, ela o vê sentado numa cadeira próxima ao moisés da filha, olhando para ela. Ela estranha e pergunta:
- Ela acordou?
Ele nega sem tirar os olhos da menina. Mônica se levanta e vai ficar perto dele, passando a mão por seus cabelos que já cresceram bastante.
- Por que você levantou, amor? Não são nem seis horas.
- Eu estou tentando... gravar na minha mente... como ela é linda.
- Mas você a vê todos os dias. Todo dia ela está diferente. Nem eu consigo gravar muito toda mudança que acontece nela.
Ele se volta para ela e segura suas mãos. As mãos dele estão quentes. Mônica se assusta.
- Você está com febre de novo...
- Isso já não é tão importante agora. Está acontecendo uma coisa nova... que eu evitei ao máximo que acontecesse, mas...
- O quê? O que foi, Cláudio?
- Eu estou... perdendo a visão...
- O quê?!
- Quando eu acordei hoje... estava tudo escuro. Eu não consegui enxergar nada. Coloquei os óculos, mas não melhorou muito.
- Não era a luz que estava apagada? Você...
- Era, era isso também, mas... mesmo na penumbra dá pra se ver alguma coisa. Eu não estava vendo nada. Não estava conseguindo enxergar nada.
Mônica vai até a janela e a abre inteira, mostrando o dia lá fora, meio sisudo, mas iluminado. Ela volta para perto dele e senta de novo a seu lado.
- Melhorou? O dia está meio escuro mesmo. O inverno costuma ser assim. É só impressão sua, meu amor.
- É... ele diz, sorrindo sem vontade. – Você deve estar certa.
Mônica o beija no rosto.
RETORNO AO PARAÍSO – ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
PARTE 8
OBRIGADA! BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!