RP - ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE - PARTE 7

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE VII

Wagner fica sério inicialmente, mas depois ri.

- Cara, tua mulher também é loira e tem... Ah, vai tomar banho, palhaço! Eu estava naquela festa, bêbado, mas não fiz nada nem com a Mônica, nem com a Sandra, nem com ninguém! Me inclua fora dessa. Eu, hein!

Beto ri a valer.

- Eu queria poder ter visto a tua cara, malandro.

- Eu é que queria ver a tua cara de pai fresco. Estou muito feliz por você, amigo.

- Você não está nem um terço mais feliz que eu, bicho. Minha menina é muito linda. É a cara da mãe.

- Graças a Deus! Coitadinha, se fosse parecida com você...

- Não estou nem ouvindo o que você diz. Quando é que você vem até aqui pra vê-la.

- Não vai dar agora porque eu estou em época de provas na faculdade, mas... mês que vem eu entro em férias e dou um pulo aí.

- Ok. Depois eu te dou todas as coordenadas pra chegar aqui.

- Mas primeiro, eu tenho que ir à Casa Branca ver a minha princesa número um. Minha Mi chegou primeiro, você sabe.

- Eu sei e entendo. Por falar nela, cara... como está seu irmão?

Wagner faz um segundo de silêncio, suspira e responde:

- Gostaria de te dizer que ele está do mesmo jeito, mas... não está. Ele... está desaparecendo um pouquinho todo dia. Por fora, até que está bem, mas ele já não tem mais a mesma energia de antes. Parou de trabalhar no orfanato porque tem desmaios frequentes e ele mesmo achou que não quer impor esses sustos às crianças.

- Foi por isso que você saiu de lá, não foi?

- Foi... Me sinto um covarde, às vezes, pensando nisso, mas... é forte demais a relação que eu tenho com ele pra ficar vendo que ele é tão mais forte que eu e que... se meu pai o ama mais... é porque ele merece isso. O ciúme que eu sinto dele é a coisa mais egoísta que eu tenho dentro de mim. Fora o fato de ver meu pai se fingindo de forte, mas morrendo todo dia ao vê-lo morrer aos poucos.

- Eu sinto tanto, amigo. Sinto mesmo.

Wagner respira fundo.

- Mas não foi pra chorar comigo que você ligou pra cá, Betão. Nem pra falar de morte. Foi pra falar de vida e eu quero que você curta a vidinha da sua boneca o mais que você puder. Você merece, Beto. Aliás, era pra eu ter falado com você sobre isso, mas nem deu. Você voltou pra Bahia e eu nem consegui conversar com você. Você pode conversar agora? Não vamos gastar muito de telefone?

- Claro que não. Eu estou em casa e não sei se você sabe... eu sou gerente e dono de um supermercado...

- Ai, que coisa mais capitalista. Que nojo! Tenho raiva desses burgueses malditos. Você não era assim.

Beto ri.

- Fingido... É fácil dizer isso com a conta bancária que você tem. Mas o que você queria saber?

- Da Walquíria. Como seus pais reagiram quando viram que ela foi pra Bahia com vocês?

Beto ri ainda mais.

- Você não sabe de nada, amiguinho. Quando a gente teve que voltar pra Casa Branca, pra eu dar conta do primeiro balanço do supermercado pro meu pai, em fevereiro, minha mãe e meu pai quase enfartaram. A barriga da Sandra ainda não estava tão grande, mas já dava pra perceber. Ela estava no quarto mês e a gente tinha um mês de casados.

- Caramba! - diz Wagner, rindo, deitando na cama de costas.

- Por sorte, a mãe dela estava viajando na época e não viu a Sandra. A gente só ouviu o sermão dos meus pais. Rezaram cinquenta terços no meu ouvido e eu fiquei quase louco antes de voltar pra Bahia. Uma semana depois que a gente tinha voltado pra lá, eu recebi o telefonema da minha sogra me intimando pra voltar, pra ela falar comigo pessoalmente.

- Quem contou pra ela?

- Adivinha. Minha mãe, dona Sandra, dedo duro, claro.

- Puts!

- Como ela ameaçou colocar a polícia de São Paulo e da Bahia atrás de mim se eu não viesse, tive que vir. Só não trouxe a Sandra que na época ainda estava naquelas de colocar os bofes pra fora por causa da gravidez e ficou aqui. Aí, eu tive que ouvir tudo de novo da dona Sílvia e, como eu já estava cheio de tudo, briguei com ela, bati boca e voltei pra Bahia cortando relações com Deus e o mundo.

RETORNO AO PARAÍSO – ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE 7

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 25/07/2018
Código do texto: T6399508
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