RP - NASCE UM ANJO... - PARTE 27
NASCE UM ANJO...
PARTE XXVII
Beto e Sandra voltam para a cidade antes das seis da tarde, pois prometeram jantar com os pais dele.
À noite, durante o jantar, Mônica tem o moisés com Maria Cecília dormindo perto dela sobre uma cadeira. Wagner observa:
- Ela é a sua cara, Cláudio.
- Todo mundo diz isso. Só eu não consigo ver nada meu nela.
- Trinta a zero pra você então.
- Ela vai ficar bem diferente ainda, diz Magda. - Ainda está com as feições de um bebê recém-nascido. Só acho que o nariz dela é igual ao da mãe.
- Mil a zero pra você, Magda, concorda Cláudio.
- Daqui um mês ela vai ficar linda mesmo, Magda finaliza, pegando na mão da menina.
O adjetivo é dito com naturalidade, mas perturba Wagner. Ele toma o restante do suco no copo ao lado de seu prato já vazio e se levanta.
- Aonde você vai, filho? - Magda pergunta
- Vou tomar um ar lá fora, mãe. Já volto.
Ele sai da mesa e da sala. Cláudio percebe o que aconteceu e se levanta também, indo atrás do irmão.
- Eu falei alguma besteira? - pergunta Magda, preocupada.
Cláudio faz um sinal negativo com a mão para a mãe enquanto o segue.
- O nome da Linda ainda mexe com ele, dona Magda, diz Mônica.
Magda une as mãos diante do rosto e lamenta.
Wagner vai até o armazém e Cláudio o segue de longe.
O rapaz abre a porta de madeira, acende o lampião e entra.
A presença de Linda parece estar em todo lugar. Ele se senta no mesmo lugar em que estavam sentados, quando a ouviu dizer pela primeira vez que o amava quando nem ele tinha muita certeza disso. Cláudio fica em pé, parado na porta.
- Tem certeza que você quer ficar aqui?
Wagner começa a chorar.
- Espera um pouquinho só...
Cláudio se aproxima dele.
- Quer falar sobre isso?
- Não... Esse foi um dos motivos pra eu ir embora daqui. Tudo nessa fazenda me lembra ela. Esse armazém... A sacada do meu quarto... O tapete onde a gente fez amor pela primeira vez...
Wagner cobre o rosto com as mãos. Cláudio não sabe e nem quer dizer nada. A dor dele não há palavras que amenizem. Wagner ergue o rosto.
- Quando ela caiu nos meus braços, baleada, e eu a segurei... eu não acreditei que ela fosse morrer... Eu imaginei que tivesse sido só um tiro de raspão... uma coisa à toa... que ela logo estaria bem. Me abracei com ela e esperei. Ouvi gritos dos seguranças fora da casa que estavam perseguindo o Teo. Dois deles entraram na casa e um deles tirou o pulso dela... e disse... que não havia mais nada a fazer. No mesmo momento, eu ouvi o tiro que matou o Teo... Foi isso que me acordou. Eu percebi que naquele momento eu tinha perdido a última chance que eu tinha de acabar com tanta irresponsabilidade... tanta molecagem...
- Não quero colocar o dedo na sua ferida, mano, mas você mudou. Isso tudo acabou, a duras penas, mas acabou. Você não é mais o mesmo. Tudo, mesmo a morte, de certa forma vale a pena.
Wagner fica pensativo, olha para o irmão e pergunta:
- Não sei se concordo com isso... Você já pensou em perder alguém que você ama muito?
Cláudio pensa e responde:
- Já... Já pensei...
- A Mônica e o papai?
- Não... A Mônica e você. Pensei na Mônica quando ela foi baleada. A sensação de perdê-la e... perder meu filho ao mesmo tempo me deixou... muito mexido. Pensei em você quando liguei pra Londres pra perguntar sobre a morte da Linda e o Bartley disse que... a bala que matou ela era pra você. Em duas situações diferentes eu quase perdi a mulher que eu amo e meu irmão...
Wagner se levanta e encara Cláudio com um olhar duro.
- Eu já perdi a mulher que eu amo... falta só perder meu irmão... O que você me aconselha a fazer numa situação como essa?
Cláudio não sabe o que responder e desvia os olhos dos dele.
RETORNO AO PARAÍSO – NASCE UM ANJO...
PARTE 27
OBRIGADA! BOA NOITE!
DEUS ABENÇOE A TODOS!