RP - NASCE UM ANJO... - PARTE 22
NASCE UM ANJO...
PARTE XXII
Mônica entrega o telefone a Cláudio que o coloca sobre o aparelho e se abraça novamente à cintura dela.
- Ele parece bem, ela diz, acariciando a cabeça dele e beijando sua boca com muito mais intensidade que de costume.
Quando o beijo termina, Cláudio pergunta:
- Que foi que eu fiz?
- O Wagner me pediu pra fazer isso. Disse que você merece.
Ela o beija de novo.
- Agora o que significa esse beijo?
- Você colocou minha paz dentro de mim, lembra? Um dia você disse isso pra mim no hospital quando eu ainda não assumia que estava grávida.
Ele não responde e encosta a testa na testa dela, fechando os olhos.
- Você está melhor? Eu fiquei sabendo agora pelo Miguel o que aconteceu. Você teve outra crise forte.
- Meu avô me salvou. Ele tem mais poderes do que a gente imagina. O Salomão é uma entidade, Mônica. Ele não é um homem comum. Você viu como ele consagrou nossa filha a Deus? Eu nunca vi aquilo na minha vida.
- Ele é muito especial mesmo. Eu percebi quando ele praticamente curou o ferimento de bala no meu ombro que eu pensei que fosse ficar dias antes de cicatrizar. Não é por acaso que você é neto dele. Você é médico porque herdou esse dom dele.
- Pode ser... Vamos ver o que nossa filha está fazendo no quarto dela?
- Deve estar dormindo, o que mais ela faria lá? - Mônica diz rindo.
Os dois sobem. Vão até o quarto da menina e lá estão as duas avós, Lucila e Magda, e os dois avôs, Jairo e Leonardo, admirando a menininha que está deitada no berço, ainda acordada, olhando para tudo.
Quando Cláudio e Mônica entram no quarto, Leonardo diz, em tom de brincadeira.
- Chegaram os culpados. Parem de falar mal deles.
Todos riem. Mônica se aproxima do pai e lhe dá um beijo no rosto.
- Não ficou lindo o quarto que a Magda fez?
- Muito... ele diz. – Mas ela ainda não vai ficar sozinha aqui, vai?
- Não, claro que não.
- Quando fizer uns... dezoito anos, Cláudio diz, num tom de voz bem tranquilo.
Todos riem novamente. Leonardo coloca a mão em volta do ombro do filho.
- O Wagner vem ver a afilhada depois de amanhã. Ele está meio enrolado com as coisas da faculdade. Está em época de prova.
- Quem é a madrinha dela, Jairo pergunta.
- Karen Johnson. O senhor não conhece. Ela ajudou a me criar e estava aqui quando a Maria Cecília nasceu. Ajudou no parto. Por falar nisso... onde ela está?
- Ela foi até a cidade, filho, diz Magda. - Foi passar um telegrama pra nova secretária dela na América, contando do nascimento da neta postiça.
Jairo olha para a filha.
- Eu também vou indo.
- Está cedo, pai.
- Eu tenho plantão no hospital hoje e ainda tenho uma operação importante pra fazer daqui a pouco.
Ele beija a testa da filha e acaricia seus cabelos.
- Eles já cresceram bastante. Vai deixar?
- Não sei. Se me derem muito trabalho, eu corto de novo.
- Você fica linda de qualquer jeito.
Jairo se aproxima da neta e ela olha para ele com aquele ar confuso de todos os bebês. Ele pega uma de suas mãozinhas.
- Tchau, meu anjo. Bem vinda ao mundo. Eu te amo.
Jairo beija a testa da neta.
- Eu vou te levar até lá fora, pai.
- Não precisa. Fica com ela. Eu passo aqui de novo amanhã.
Jairo beija a testa da filha e se despede de todos, saindo do quarto. Cláudio o acompanha. Chegando perto do carro, Jairo se volta para ele e diz:
- Eu fiquei sabendo que você teve outra crise agora a pouco...
Cláudio apenas balança a cabeça confirmando.
- Você está bem agora?
- Estou. Isso vai ser frequente daqui em diante, mas não se preocupe comigo, doutor.
- O Leonardo me contou o que o seu avô fez. Eu fiquei muito impressionado. Se eu não confiasse na palavra dele, não acreditaria. Ele fez a dor na sua cabeça se acalmar só... com a imposição das mãos... sobre a casa?
- Foi o que me disseram também. Eu não vi nada. Eu só sei que estava abraçado a minha mãe no sofá da sala... com a cabeça explodindo. Ela e a Magda rezaram o tempo todo. Na hora... eu confesso que não conseguia pensar em nada, só na dor e no calor da mão dela na minha cabeça. Minha mãe pedia pra eu respirar, mas eu não lembrava como fazer isso. A dor era intensa demais. Eu só queria desmaiar, como das outras vezes, mas não fiz isso. E... aos poucos, aquela sensação horrível foi amenizando. Só depois o Robério entrou na casa e disse que ele estava me chamando aqui fora.
- Se ele é tão... poderoso assim... você já pensou em conversar com ele sobre a sua doença... Ele pode te curar!
- O Salomão é um homem muito especial sim, doutor, mas ele não é Deus. O que está acontecendo comigo, só Deus pode decidir o final. Eu não posso colocar uma responsabilidade tão grande como essa nas costas de um homem de mais de setenta anos.
- Mas...
- Ele sabe da minha doença antes de eu saber, doutor Jairo.
Jairo se cala.
- O senhor não acha que se ele tivesse que me curar, já não tinha feito isso? Ele é meu avô. Me ama desde antes de eu nascer.
Jairo encosta-se ao carro e olha para as chaves em sua mão, pensativo, admitindo que Cláudio tem razão.
- Obrigado pela preocupação, mas essa batalha eu vou ter que lutar sozinho.
Jairo olha para ele e o abraça forte. Entra no carro, olha para ele de novo e diz:
- Fica com Deus...
- Vai com Ele, doutor. Obrigado por tudo.
RETORNO AO PARAÍSO – NASCE UM ANJO...
PARTE 22
OBRIGADA! BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A TODOS!