RP - NASCE UM ANJO... - PARTE 15

NASCE UM ANJO...

PARTE XV

Jairo fica em silêncio, enquanto Matilde coloca na frente dele uma xícara e o serve de café com leite quentinho. A fumaça sobe da xícara, cheirosa.

- Aproveita, doutor, diz Miguel. – Esse café é dos deuses. Não tem igual em Casa Branca e região.

Ele beija a mão de Matilde que sorri, timidamente.

- Para com isso, doutor Miguel. Doutor Jairo, tem pão de queijo, bolo de milho, coxinha e pão de sal. Está tudo aí na mesa. Esteja à vontade.

- Obrigado, Matilde.

- Eu já soube pelo doutor Miguel que sua neta é linda. Mas também... tinha que sair à mãe. A dona Mônica é linda e o doutor Cláudio é um homem muito bonito também. Estou muito curiosa pra ver. Parabéns.

- Obrigado...

- Com licença. Se precisarem de alguma coisa é só chamar.

Matilde sai. Jairo fica parado, olhando para tudo, pensativo. Depois de certo tempo, Miguel pergunta:

- Não vai se servir? Não é todo dia que o senhor vai ter uma mesa como essa na sua frente.

Jairo toma um gole do café.

- E o Cláudio?

- Está feliz... demais da conta. Está descansando com elas lá em cima.

- E de saúde? Como ele está?

Miguel fica sério e pega um pedaço de bolo, dando uma mordida nele.

- Daquele jeito que o senhor já sabe. Ele não reclama, mas eu percebo pelo rosto dele que... meu amigo... está indo embora devagar. Ele resistiu firme até aqui porque queria ver a filha nascer. Daqui pra frente... não sei mais.

- Ele sente dor?

- Acho que sim, mas os remédios amenizam um pouco quando elas aparecem. Ele já sabe a dosagem e o momento de tomar todos eles. Não deixa que ninguém note nada, nem a Mônica.

- Ele devia se internar. Ficar sofrendo aqui praticamente sozinho... é desumano.

- Ele não está sozinho, doutor. Ele está com a família dele e eu também estou sempre aqui.

- Eu digo sem profissionais qualificados pra cuidar dele...

- Nenhum profissional qualificado pode ajudá-lo mais. O tumor está consumindo devagar o resto de energia que ele tem e ele sabe disso. Sabe o que faz desde o começo. Eles não conseguiriam fazer nada por ele, mesmo que ele estivesse no hospital. E o senhor há de convir comigo que dormir na cama dele, ao lado da mulher dele e agora da filha dele é muito mais gostoso que num leito frio de um hospital.

Jairo se cala, corta um pedaço pequeno de bolo e o coloca na boca, mastigando meio sem vontade.

- Ele... não merecia isso... diz num suspiro.

- Me conte novidades... Disso eu já sei há muito tempo, doutor.

Duas horas depois Mônica acorda, ouvindo o choro de Maria Cecília no moisés e imagina que aquele choro é de fome. Olha para Cláudio, dormindo ainda a seu lado e lhe dá um beijo no rosto, mais para sentir sua temperatura. Ele está quente, mas numa temperatura até normal, comparando com outros dias em que ele esteve febril. Ela o beija novamente, sem vontade de acordá-lo e vai saindo da cama devagar, para pegar a filha que resmunga de fome no moisés.

- Calma, bebê. Eu já chego aí. Calma.

Mônica se aproxima da filha e a pega nos braços, beijando seu rostinho. Vai até a cadeira de amamentação e se senta com cuidado, ajeitado a menina no colo. Retira o seio direito para fora da camisola e apanha no criado perto dela, gaze e a solução que Miguel lhe deu para esterilizar o seio, antes de dar de mamar à filha. Depois de fazer a assepsia, aproxima Maria Cecília do seio dela e a menina parece já saber o que tem que fazer. Abre a boquinha com sofreguidão e procura pelo bico do seio dela, abocanhando-o com vontade. Mônica sente o contado dos lábios da filha e sorri.

- Calma, garota. É a segunda vez que a mamãe faz isso. Tem paciência comigo...

Aos poucos, Mônica vai se acostumando com a experiência e fica apenas olhando para a filha sugando seu seio com força. Acaricia seu rostinho e segura sua mãozinha como a brincar com ela como sua boneca. Mal acreditando que ela está ali em seus braços, finalmente. A alegria é imensa.

Olha para Cláudio e vê que ele está acordando. Ele abre os olhos e olha para ela, se levantando o mais rápido que pode. Ele vai se sentar na frente dela no outro lado da cama.

RETORNO AO PARAÍSO – NASCE UM ANJO...

PARTE 15

OBRIGADA! BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/07/2018
Código do texto: T6392453
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