RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 23
MARIA CECÍLIA
PARTE XXIII
Leonardo aperta a mão do filho com força, mas não diz nada.
- Que bom que você veio, Cláudio diz à mãe.
- Não gosto de te ver nesse lugar. Foi num hospital que a gente se reviu pela primeira vez depois de tantos anos, mas eu preferia te ver trabalhando num e não doente.
- Eu também...
- Quando você vai pra casa?
Cláudio olha para Henrique por cima do ombro dela e o médico responde:
- Amanhã... Pode deixar que eu libero ele dessa prisão que salva amanhã.
Lucila beija o rosto do filho e com as mãos ainda segurando seu rosto diz baixinho.
- Seu avô te mandou um beijo e pediu pra te dizer... que vai ficar tudo bem. Que ele te ama muito.
- Obrigado. Ele já conseguiu sair da toca? - Cláudio pergunta, conseguindo sorrir entre as lágrimas.
- Não, mas ele diz que depois de tantos anos, isso não tem mais importância. Ele está bem lá.
- Eu tenho certeza que sim.
Ela o beija de novo e se afasta um pouco para que Leonardo se aproxime mais.
- Eu venho te buscar amanhã... diz o fazendeiro.
- Não precisa, o Miguel...
- Eu venho te buscar amanhã, ele repete, firme e convicto.
Cláudio percebe que não vai demover o pai daquela decisão e concorda.
- Tudo bem. Eu te espero.
Leonardo beija sua testa e sai do quarto. Depois de apertar a mão do filho novamente e sorrir, Lucila o segue. Na sala de espera, Leonardo pressiona os olhos com as mãos.
- Ele vai ficar bem... Lucila diz, tentando consolá-lo.
- Não vai... ele diz, com a voz embargada, saindo de lá rapidamente.
Henrique explica a Cláudio e a Miguel os exames que pretende fazer no dia seguinte logo cedo e os deixa. Miguel também se despede, apertando forte a mão do amigo.
- Juízo, hein, garoto.
- Idem, Cláudio diz, sorrindo.
- Estou gostando de ver. Você sorriu.
- Eu estou feliz... Apesar de toda traição que eu sofri hoje... estou muito feliz.
- Quem traiu você? Eu não fui. Foi você, Mônica? Acho que também não. Isso se trata de amor, cara. Ela, eu não sei, mas eu te amo. E se você chama de traição, até sua filha está envolvida, meu amigo. Ela teve uma participação crucial nisso tudo.
- Pois é... Cláudio diz, tocando e acariciando a barriga de Mônica.
- Eu vou indo, Miguel fala por fim. – Você vai ficar com ele, não é, Mônica?
- Claro, ela diz, sorrindo.
- Não namorem até muito tarde, crianças. Esse garoto precisa descansar.
- Sim, doutor, ela diz.
- Obrigado por tudo, Miguel, Cláudio diz. - Aliás... cadê o Valter?
- No hotel, eu o deixei lá de castigo. Ele aproveitou pra dormir um pouco depois de ligar pra São Paulo e falar com a Dayse.
- Agradece a ele por mim também. Mas vão pra fazenda. Não querendo desfazer do hotel Central, mas o café da manhã lá é melhor.
- Pode deixar. A gente está indo pra lá logo cedo. Tchau. Boa noite. Durma bem.
Miguel sai. Cláudio e Mônica se olham e ele suspira. Ela o beija docemente e ele acaricia seu rosto.
- Viu? Acabou tudo bem, ela diz.
- Quer dizer que a Maria Cecília já se intromete na minha vida também...
- Ativamente.
Ele toca sua barriga e sente um pequeno movimento da menina dentro de Mônica e diz:
- Oi, garota. A gente tem muito que conversar quando você sair daí.
Cláudio beija Mônica e fecha os olhos, rindo e continuando a sentir os movimentos da filha dentro dela.
- Eu já disse que amo vocês duas demais?
- Não tenha dúvida de que é recíproco, ela diz, colocando a mão sobre a dele. - Mas você precisa descansar. O Henrique deixou aquela injeção pra eu aplicar em você. Posso?
- Pra quê?
- Pra você dormir mais fácil e bem, a noite toda.
Ele olha para a ampola de injeção ali perto e concorda, sem objeções.
- Já que eu sou voto vencido mesmo...
Mônica prepara tudo e depois de passar o esterilizante no braço dele, aplica a injeção.
- Você vai... ficar aqui comigo?
Ela sorri.
- Você me lembra aquelas crianças que tinham que dormir no hospital e tinham que ficar sem as mães. Algumas perguntavam isso pra mim.
- Tenho todos os motivos do mundo pra ter medo desse lugar e perguntar... mas você também tem que descansar.
- Eu também tenho meu quartinho secreto aqui, doutor Cláudio. Pode deixar que eu vou ficar bem. Quando eu sair do quarto, depois que você dormir, a Nancy vai ficar de olho em você.
Ele sente os olhos pesarem e segura sua mão.
- Antes que eu fique... totalmente grogue e apague... me conta de novo o que aconteceu na fazenda... O que a Maria Cecília aprontou? O que você sentiu?
Mônica começa a contar o que a fez sair da fazenda para ir ajudá-lo, mas ele não ouve muita coisa. Adormece no meio do relato e ela, ao perceber que ele não a ouve mais, o beija docemente, cobrindo-o melhor e voltando a colocar a máscara de oxigênio em seu rosto, como Henrique determinou.
Fica muito tempo olhando para ele, deslizando a mão por sua testa. Olha para sua mão dentro da dele. Começa a chorar em silêncio, pedindo a Deus que aquilo tudo acabe logo. Mônica precisa dele junto dela e espera que seja para sempre.
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 23
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS...
E AO NOSSO BRASIL!