RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 21
MARIA CECÍLIA
PARTE XXI
Nancy sai do quarto e Mônica passa a mão pela testa de Cláudio delicadamente, beijando sua boca de novo.
- O que eu estou fazendo aqui, Mônica?
- Cuidando de você... Foi o que você me prometeu, lembra?
- Eu ia fazer isso, mas não aqui... Seu pai...
- Eu já conversei com ele. Ele está de acordo com tudo.
- Com tudo o quê? Com tudo como? Eu falei com ele na Santa Casa e ele disse que estava indo pra delegacia, se eu não...
Mônica o beija de novo mais demoradamente desta vez. Quando o beijo termina, ele, ainda de olhos fechados, pergunta:
- Você não vai conseguir me deixar menos apavorado com beijos... num quarto do hospital do seu pai, Mônica. Como eu vim parar aqui?
Ela sorri.
- Você quer se acalmar?
- Não...
- Cláudio, você desmaiou no carro do Miguel. O que você queria que ele fizesse?
- Me levasse pra fazenda como eu pedi.
- O Santa Mônica estava mais perto e seria muito mais eficaz...
- E como você ficou sabendo?
- Eu fui avisada pela segunda pessoa que te ama mais nesse mundo.
- Quem?
- Sua filha... ela diz, acariciando a barriga.
Ele não entende nada.
- O quê? Do que você está falando?
- Eu estava na varanda da fazenda, bastante preocupada com o que tinha acontecido com o Chico e com você que tinha feito a loucura de vir trazê-lo pra cidade...
- Não tinha ninguém pra...
- Eu sei, eu sei... mas meu coração estava apertado com medo de... você encontrar com meu pai ou mesmo... com a Tânia aqui e comecei a pedir que Deus te ajudasse... Não digo que eu rezei porque faz tempo que eu acredito que não tenha mais direito de pedir nada a Ele, mas eu pedi pelo Chico e por você... A Magda ficou algum tempo comigo, na varanda, esperando pelo seo Leonardo, mas ela teve que entrar, pra dar atenção à Elis, e eu fiquei sozinha. De repente, eu senti a Maria Cecília me chutar muito forte aqui do meu lado direito, que eu cheguei a perder o fôlego. Parecia que ela ia nascer naquele momento. Você pode não acreditar, mas eu pensei claramente em você e senti que alguma coisa não estava bem. Quando a sensação ruim se acalmou e eu pensei que tivesse sido só impressão minha, senti outro chute, mas forte e cheguei a sentir dor e gritar. Como não tinha ninguém por perto, eu ia me levantar pra pedir ajuda, mas quando me levantei a dor passou de repente. Em vez de entrar na casa, eu desci as escadas da varanda e me vi indo quase que compulsivamente pro carro. Entrei nele e vim parar na frente do Santa Mônica onde o carro do Miguel tinha acabado de estacionar. Quando eu cheguei perto do carro e te vi desmaiado, não pensei duas vezes. Entrei no hospital e pedi ajuda. Eu tinha que socorrer você e os enfermeiros todos me ajudaram, sem perguntar nada. Você ainda é muito querido aqui dentro.
- Menos pelo seu pai... O que ele disse a respeito disso?
Mônica ia começar a falar, mas é interrompida pela porta se abrindo e Henrique entrando. Ele se aproxima de Cláudio e olha para ele, ainda se sentindo culpado por tudo que aconteceu, antes dele sair da cidade.
- Oi, Cláudio.
- Oi... Como vai, doutor Henrique?
- Bem... Estou feliz por você estar aqui...
- Eu não... Esse é o último lugar no mundo onde eu queria estar.
- Tenha calma. A Mônica e o Miguel fizeram bem em trazer você. Você teve uma crise muito forte.
- Já tive outras e não morri. O Santa Mônica não é o único hospital do mundo.
- Mas era o mais próximo pra cuidar do seu caso, no momento. Se eu fosse você, não reclamava nem culpava nenhum dos dois por terem feito isso.
- Você sabe muito bem do que eu estou falando. Eu não tenho que me explicar...
- Eu sei... E lamento pelo que aconteceu, antes de você sair de Casa Branca. Eu sinto muito mesmo. Espero que um dia você me perdoe.
- Você não fez nada, mas... – ele olha para Mônica, segurando a mão dela, pergunta a Henrique –... onde ele está?
- Ele foi pra casa, Henrique responde. – Não está no hospital. Ele concordou que você ficasse, mas não quer te ver nem falar com você.
- Faz sentido, só não entendo o que o fez mudar de ideia. Eu tenho medo até de perguntar o preço que eu vou ter que pagar por isso.
- Nenhum... Mônica diz, sorrindo e acariciando seu cabelo.
- Como, nenhum?
- Não sei se você ficou sabendo que o Miguel veio conversar com ele, hoje de manhã e o levou até o antigo consultório dele.
- Eu soube. Senti vontade de matar o Miguel.
- Foi a melhor coisa que ele fez. Na hora, meu pai não se comoveu muito, olhando o ultrassom da Maria Cecília, mas depois ele voltou ao consultório e pegou a fita com a gravação e trouxe pra cá. Ele me contou que ficou assistindo várias vezes as imagens da neta. O coração do meu pai não é tão insensível, como ele quer que a gente pense. Ele pensou muito... e decidiu não separar mais nós dois... nós três...
Cláudio mal acredita no que ouve. Mônica encosta a testa na testa dele e começa a chorar.
- Nós estamos livres, meu amor!
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 21
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!