RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 19
MARIA CECÍLIA
PARTE XIX
Cláudio vai sentar-se num banco próximo e as crianças vão se acalmando e muitas se sentam no chão em volta dele.
- Por que você não veio mais ver a gente, tio Cláudio? - Diego, de sete anos, pergunta curioso.
- Porque eu mudei daqui pra outra cidade.
- Por quê? - pergunta Lorena, de oito.
- É uma longa história. Não dá pra contar agora, mas eu estava com muita saudade de vocês. Está tudo bem por aqui?
- O João foi adotado.
- Que bom. E ele está feliz?
- Deve estar, ele também mudou pra São José.
Cláudio vê Bárbara sair do prédio e ela fica olhando para ele em silêncio.
- Oi, Bárbara...
- Olá.
- Tudo bem com você?
- Vai se levando... Já viu meu cunhado?
- Encontrei com ele na Santa Casa.
- Conversaram?
- Mais ou menos.
- Se eu fosse você não teria vindo até aqui.
- Eu estava só matando a saudade das crianças... Eu já estou indo. Como está o Jorge?
- Está em Salvador. Ele foi com o filho do Humberto Lage fazer a cobertura do supermercado deles na cidade.
- Eu fiquei sabendo. O Beto vai gerenciar o supermercado, não é?
- Isso mesmo. Dizem que é duas vezes mais bonito que o daqui. O Jorge vai cuidar da promoção da festa de inauguração e mandar matérias para serem publicadas aqui no Jornal de Casa Branca. Quando ele voltar, nós vamos viajar, nós três. Eu, ele e a Tânia. Vamos para Cancun.
Cláudio olha para as crianças e pede:
- Vão brincar, crianças, preciso conversar com a tia Bárbara. Depois eu falo mais com vocês.
As crianças se dispersam e ele se aproxima de Bárbara.
- Que bom que o Jorge está trabalhando de novo. Fico feliz por vocês.
- A vida tem que continuar. Ele acaba se acostumando com tudo. Só a minha filha não se conforma ainda com o que você fez. Ela quer tanto quanto o tio que você seja preso e... ainda quer que a prima morra.
Cláudio fica extremamente triste em ouvir aquilo, mas não diz nada.
Bárbara continua:
- Eu tento tirar esse pensamento da cabeça dela, te juro. Por isso quero levá-la nessa viagem. Vai fazer bem pra ela. Em menos de um ano, eu quero ter a minha filha de volta como era antes. Tenho fé nisso.
- Eu espero que sim. Tenho certeza que você vai conseguir. E lamento muito tudo isso. Você pode não acreditar, mas eu lamento de verdade.
- Você pode não acreditar também, mas... eu acredito em você. Só que o tempo não volta atrás. O que está feito está feito. Minha sobrinha veio com você?
- Está na fazenda. A gente volta pra São Paulo ainda hoje.
- Ela está bem?
- Está.
- Boa sorte, de verdade.
- Pra vocês também.
Ela volta para dentro do orfanato e Cláudio se despede das crianças.
Já no carro, de volta para a cidade, ele encosta-se no banco e fecha os olhos, sentindo a cabeça pesar. Miguel olha para ele e vê que há algo errado.
- Tudo bem?
- Minha cabeça... está latejando...
- Eu vou te levar de volta pra Santa Casa.
- Não... Eu quero ir pra fazenda. Os remédios que o Fabrício passou estão lá. Vamos pra fazenda... agora...
Cláudio fecha os olhos e desmaia no banco. Assustado, Miguel para o carro e coloca a mão em seu ombro, apoiando o amigo e evitando que ele caia, embora esteja apoiado do pelo cinto de segurança.
- Cláudio! Pelo amor de Deus. Não apaga aqui.
Ele coloca o amigo numa posição confortável no banco, reclinando o banco com o apoio do cinto de segurança, e diz:
- Eu acho que não vou te obedecer dessa vez, amigo.
Ele dispara com o carro para o Hospital Santa Mônica.
- Seja o que Deus quiser...
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 19
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!