RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 18
MARIA CECÍLIA
PARTE XVIII
Jairo vai para seu carro, afastando-se em seguida.
- Eu não ajudei muito, não é? - lamenta Miguel.
- Esquece, Miguel. Ele não vai mudar de ideia nunca... nem eu.
- Você tem que sair daqui.
- Eu vou esperar o Robério com informações sobre o Chico.
- Que aconteceu?
- O jardineiro do meu pai levou um coice na fazenda. Não tinham ninguém pra trazê-lo e eu tive que vir.
Cláudio passa a mão pela testa e encosta-se à caminhonete, sentindo um leve mal estar. Miguel percebe:
- O que foi?
- Nada...
Nesse mesmo momento, Robério sai com Leda do hospital e eles se aproximam deles. Leda olha para Miguel, constrangida, e diz a Cláudio:
- O Francisco quebrou mesmo três costelas, doutor Cláudio. Passou pelo raio-X e vai ser enfaixado. O doutor Décio disse que ele vai ficar em observação, mas amanhã talvez já possa ir pra casa.
- Se o senhor quiser, eu fico aqui com ele, diz Robério.
- Tudo bem, Robério. Obrigado, Leda. Era só isso que eu queria ouvir.
- O senhor podia fazer o favor... de mandar um beijo meu pra Mônica. Eu espero mesmo que um dia ela me perdoe.
- Você ainda vai poder fazer isso pessoalmente, Leda.
Ela olha novamente para Miguel que a ignora, olhando para o chão. A enfermeira se afasta, voltando para o hospital.
- Eu vou deixar a caminhonete com você, Robério, e vou embora, diz Cláudio.
- Como é que o senhor vai voltar pra fazenda?
- Já que o Miguel está aqui, ele me leva.
- Claro... diz Miguel.
- Mas eu quero passar num lugar antes.
- Onde você quiser.
Eles entram no carro de Miguel e ele pergunta:
- Vendo o modo de pensar do doutor Jairo, eu chego a perder a fé no ser humano. Eu nunca pensei que ele pudesse ser tão intransigente.
- Que foi que você pensou, quando o trouxe pra cá? Que ele fosse ficar tocado pelo ultrassom da neta e tudo se abriria na cabeça dele?
- Ninguém fica impassível diante de uma criança no útero da mãe. Eu ainda me arrepio toda vez que assisto um. Eu pensei que mostrando a neta dele...
- Eu tenho certeza que ele sentiu alguma coisa, mas o trauma de ter perdido a filha é muito mais forte. A culpa é minha. Foi bom que você e a Mônica tivessem tirado a limpo que não adianta nada querer aproximar ele de mim.
- Sinto muito, cara. Aonde você quer ir?
- Ao orfanato do Desterro. Eu quero matar as saudades das minhas crianças.
- Você vai... correr o risco de se encontrar com a Bárbara?
- Ela não vai me fazer nada.
Miguel acha tudo muito arriscado, mas sobe a ladeira do Desterro e, quando o carro para diante o orfanato e as crianças vêem Cláudio dentro dele, correm gritando e se agarrando à grade do portão.
Cláudio sai do carro e se aproxima delas, abrindo-o. Todas o recebem festivamente. A irmã Ruth nem faz nada para evitar toda a algazarra. Também fica muito feliz em vê-lo. Une as mãos em prece e começa a chorar, silenciosamente, agradecendo a Deus por ele estar ali e bem.
Da janela de sua sala, Bárbara, surpreendida por aquela algazarra, o vê e sente o coração confuso entre a alegria e a mágoa de revê-lo.
Ainda com as crianças grudadas em suas pernas, Cláudio olha para a irmã e sorrindo diz:
- Eu estava morrendo de saudades disso... Oi, irmã.
- Bom dia, doutor. É maravilhoso vê-lo de novo.
Cláudio vai sentar-se num banco próximo e as crianças vão se acalmando e muitas se sentam no chão em volta dele.
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 18
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOA TARDE!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!