RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 14
MARIA CECÍLIA
PARTE XIV
Mônica vai procurar Magda para avisá-la também.
De fato, no estábulo, Chico está deitado no chão, consciente, mas gemendo de dor com a mão no peito. Robério está a seu lado.
- O que aconteceu? - Cláudio pergunta, abaixando-se ao lado dele.
- A Selena, doutor. A gente pensou que já tivesse passado essa fase do ciúme dela pelo potrinho. O Chico estava tentando passar o remédio de cicatrização no umbigo do bicho e ela estava até calma do lado dele, mas, de repente, ela deu um coice violento no Chico. Acertou bem nas costas do coitado.
- De repente, o Neve sentiu alguma dor que vocês não perceberam, mas ela sentiu. Os animais são imprevisíveis mesmo, ainda mais uma mãe tão recente. Tem que ter muita atenção. O que dói, Chico?
- Minhas costas, doutor. Acho que eu vou morrer, ele diz com a voz mal podendo sair da garganta.
Cláudio o apalpa com cuidado e constata.
- Você deve ter quebrado alguma costela. Mas não vai morrer, não. A caminhonete está disponível, Robério?
- Está, sim, senhor.
- Vá pegá-la e... – Cláudio olha em volta - ...ela cabe aqui dentro, não cabe?
- Acho que sim.
- Tenta colocar aqui bem perto dele. Eu preciso do Lopes e do meu pai aqui. Ele não pode se mexer muito. A gente tem que levá-lo pra Santa Casa agora. Você sabe do meu pai?
- Está no pasto com o Lopes.
- Perto?
- Não sei, não, senhor.
- Tudo bem, vai rápido.
- Sim, senhor.
Robério afasta-se deles correndo. Chico olha para Cláudio.
- O senhor vai comigo, doutor?
- Claro, Chico. Fica tranquilo. Não deve ter sido nada muito grave.
Mônica e Magda entram no estábulo.
- Que foi que aconteceu aqui? - Magda pergunta.
- A Selena deu um coice no Chico. Quebrou alguma costela dele. A gente tem que tentar colocá-lo em cima de alguma coisa bem reta pra que ele não se mexa muito.
Magda olha em volta e apanha uma tábua de madeira de mais ou menos dois metros de comprimento, forra tudo com panos e forros de sela que encontra ali por perto e coloca ao lado de Chico que segura muito forte a mão de Cláudio e a aperta quando sente dor ao respirar.
- Eu vou morrer, doutor? - ele pergunta.
Cláudio sorri.
- Hoje não, Chico. Está com pressa?
- Nenhuma, não, senhor.
- Não se mova nem pra respirar, diz Magda, tentando brincar com ele. – Será que dá pra fazer isso?
- Vai ser meio difícil, mas eu vou tentar, senhora...
- Então respire bem devagarzinho, Chico, você consegue, diz Mônica, colocando a mão no ombro do jardineiro.
- Vocês duas, fiquem longe, diz Cláudio. - Eu e o Robério vamos ter que levantá-lo. Ele é muito pesado pras duas me ajudarem. Mônica principalmente.
A caminhonete é colocada ali bem próxima e Robério se aproxima para ajudar Cláudio a levantar Chico deitando-o sobre a tábua, erguendo-a e o colocando dentro da caçamba. Ele sente muita dor, mas resiste firme sem reclamar. Olha para a égua, ali perto lambendo o filhote e diz:
- Eu volto, sua danada, a gente conversa depois.
- Ela não teve culpa, Chico, diz Magda. – É só uma mãe zelosa demais. Você fica bulindo com o menino dela é no que dá.
- Eu sei, patroa, estava só brincando com ela. Ai!
- A estrada até Casa Branca é irregular demais, diz Mônica. - Acho bom colocar a tábua por cima de almofadas feitas com panos de sela, pra ele não balançar muito.
Quando Cláudio vai subir na caminhonete, Mônica pergunta:
- Aonde você vai?
- Vou levar o Chico pra Santa Casa.
- Você ficou maluco? Meu pai está na cidade. E se ele te encontra lá?
- Alguém tem que levá-lo. Meu pai e o Lopes não estão aqui. Cadê o Wagner?
- Acho que estava tomando banho, diz Magda.
- Então vai ter que ser eu mesmo. Eu vou com o Robério. O Santa Mônica é bem distante da Santa Casa. Não é possível que eu o encontre lá.
- O Robério pode levá-lo, filho. Você está se arriscando demais.
- O Robério não vai saber explicar o que aconteceu. Você fica aqui e me espera. Os documentos dele estão aqui, Robério?
- Tudo aqui, doutor.
Ele se aproxima de Mônica.
- Eu já volto.
- Tem certeza de que você quer ir?
- Tenho. Eu só vou deixar ele lá e volto de táxi. Vai ficar tudo bem.
Ele a beija e sobe na caçamba da caminhonete.
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 14
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!