RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 11
MARIA CECÍLIA
PARTE XI
Subitamente, Valter se lembra da encomenda que Karen mandou que ele trouxesse para Cláudio.
- Poxa, já ia me esquecendo...
- Do quê?
Valter coloca a mão no bolso da calça e retira dele a caixinha de veludo.
- Karen mandou isso pra você.
- A Karen?
- Ela mesma.
Cláudio pega a caixa e abre. Olha para o anel por um momento e o reconhece.
- É o anel de casamento dela com o doutor Robin...
- Ela me pediu pra te dar. Disse que você saberia o que fazer com ele.
- Acho... que ela quer que eu dê pra Mônica, já que a gente não pode se casar...
- Bem carinhoso da parte dela, não?
- Muito... Obrigado por ter trazido.
- E você? Como está se sentindo?
- Bem, na medida do possível. A cabeça doeu um pouco e eu tive febre hoje de manhã. É engraçado que... Pode parecer estranho, mas sempre que acontece ou está pra acontecer alguma coisa que envolva o pai da Mônica, as dores recomeçam. A primeira crise que eu tive foi logo depois que ele esteve em São Paulo, no final do ano. Foi quando eu desmaiei no hospital.
- Você tinha que estar longe daqui. Esse homem não faz bem pra você.
- Isso se chama consciência pesada, Cláudio diz com um sorriso triste.
- Você se sente culpado?
Ele olha para o anel e confessa.
- Sinto... Muito... Não é preciso pensar muito pra ver que eu estou errado em várias coisas. Talvez eu esteja realmente sendo castigado por isso tudo.
- Você não pode pensar assim, Cláudio.
- Posso. Posso sim. Eu era... Era não, eu sou casado. Fui casado por oito anos, me apaixonei perdidamente por uma garota de dezesseis, filha de um grande amigo e ela está esperando um filho meu. Eu não posso pensar que tenha algum perdão pra isso.
- Espero que a Mônica não saiba que você pensa assim.
- Ela mesma pensou assim desde o início, na nossa primeira noite. Ela tentou evitar que isso fosse adiante, mas... a gravidez não deixou alternativa nenhuma. Nem pra ela nem pra mim.
- Você se arrependeu?
- Não! De maneira alguma. Eu a amo, amo demais. Ela é a coisa mais linda que já aconteceu na minha vida. E eu literalmente sonho com o dia em que vou colocar os olhos pela primeira vez na minha filha. Mas não posso exigir que o pai dela me perdoe. Eu baguncei com a vida e o futuro que ele planejou pra ela. Acabei com a vida da sobrinha dele e, por tabela, a vida do irmão e da cunhada dele. Não tem redenção pra isso.
- Vendo por esse prisma... é realmente trágico, mas você tem que ver o que levou sua vida a chegar até esses fatos todos. Você não pode ser culpado por isso tudo sozinho. O que está acontecendo com você não é castigo. Eu não vejo assim. Talvez seja a deixa pra você avaliar o que tem feito até agora. Parar pra pensar em você mesmo. Se reavaliar.
- Pode ser.
- Você vai ver. Você vai sair dessa. A gente vai te ajudar. Até o final do ano você vai estar bem de saúde, com a sua filhinha nos braços e do lado da mulher que você ama. E de lambuja, esse avô rabugento vai estar babando a neta.
- Ser otimista é uma coisa, Valter, mas não exagera. Isso não é um conto de fadas.
Matilde se aproxima deles, com uma bandeja com uma jarra de suco de jabuticaba sobre ela nas mãos.
- Dona Magda pediu pra trazer pra vocês. Está muito calor. Vai ajudar a refrescar.
- Obrigado, Matilde.
Eles ouvem o barulho da moto de Wagner se aproximando.
- Seo Wagner está chegando, ela diz.
Wagner estaciona a moto ali perto, retira o capacete, o pendura no guidão da moto e se aproxima.
- Oi, gente. Bom dia. Oba, cheguei numa hora ótima! Suquinho da Matilde! Estou seco feito o Saara.
Ele se serve de um copo e bebe com gosto, depois beija Matilde no rosto. Ela ri, timidamente.
- Eu vou levar você comigo pra Inglaterra, Matildinha.
- Duvido que a Magda te deixe fazer essa loucura, diz Cláudio.
- Estou brincando. Não quero morrer ainda, ainda mais pelas mãos da minha madrasta! – ele diz, tocando o queixo de Matilde que ri.
Depois de servir aos três com o suco gelado, Matilde se afasta de volta para a casa.
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 11
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!