RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 1
RETORNO AO PARAÍSO
MARIA CECÍLIA
PARTE I
QUINTA-FEIRA – 11/01/78
Na manhã seguinte, Cláudio abre os olhos e olha para Mônica, ainda dormindo a seu lado. Ergue o corpo e toca sua barriga, beijando-a.
- Bom dia, filha... diz baixinho.
Levanta-se, veste a calça do pijama e vai até a janela do quarto, que ficou aberta devido ao calor, e se apoia no parapeito da sacada. Olha em volta, sentindo o cheiro gostoso da grama úmida pelo orvalho. Vê o gado sendo levado lentamente para o pasto, conduzido por Lopes e os outros peões da fazenda. Lopes o avista na janela e ergue a mão, como a dizer “bom dia”. Ele faz o mesmo. De repente sente a mão de Mônica abraçar sua cintura e coloca sua mão sobre a dela.
- Bom dia, amor.
- Bom dia... Dormiu bem? - ela pergunta, com voz preguiçosa.
- Bem demais... Eu sonhei com a Maria Cecília... ele diz, sorrindo.
- O quê?! - ela pergunta, fazendo-o olhar para ela.
Cláudio a segura pela cintura e a leva para dentro do quarto. Sentam-se na cama.
- Você vai ter que me contar tudo! - ela diz curiosa.
- Não foi nada cinematográfico, mas... foi muito intenso. Eu não a via, mas sentia o que ela queria dizer pra mim. Era como se eu... a estivesse vendo no ultrassom, lá na sala do Miguel.
- E...? - Mônica pergunta, ansiosa.
- Ela me pedia... pra ter paciência... com tudo. Com o tio, com o avô...
Uma lágrima teimosa desliza pelo rosto dele. Ele toca a barriga de Mônica.
- Disse que vai dar tudo certo. Que vai acabar tudo bem... mas não do jeito que todo mundo espera... Mas que vai ser o melhor pra todo mundo e que... eu ainda vou ser muito feliz...
- O que isso pode querer dizer? - ela pergunta, colocando a mão sobre a dele.
- Eu não sei...
- Ter paciência com o avô, eu posso até entender. Ela devia estar se referindo ao meu pai, mas por que com o Wagner? Ele tem sido um anjo pra nós até agora.
- Foi só um sonho, Mônica.
- Não acredito que essas coisas não tenham um significado maior, Cláudio. A nossa bebê quis passar alguma informação importante pra você.
- Mas por que ela disse que só eu vou ser feliz? Por que não disse nós três?
Mônica fica em silêncio.
- Não pense mais nisso. Vamos descer. Depois do café a gente conversa mais sobre isso. Eu estou muito feliz em poder me comunicar com a minha menina de alguma forma. Ela está na sua barriga e no meu coração desde sempre.
Mônica sorri. Cláudio a beija.
Quando os dois descem, encontram Leonardo sentado no sofá da sala e Magda a seu lado, segurando sua mão. As expressões dos dois não são muito animadoras. Cláudio estranha e para diante deles, ainda segurando a mão de Mônica.
- Bom dia! - Cláudio e Mônica cumprimentam.
- Bom dia... - respondem os dois.
- Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem? Vocês estão com umas caras...
- Senta aí, filho, diz Leonardo. - A gente precisa conversar.
Cláudio se senta e Mônica ao lado dele.
- Conversar? Sobre o quê?
Magda começa:
- Cláudio, ontem ninguém falou sobre isso e eu não entendi bem por quê... Seu pai e o Wagner foram para São Paulo por sua causa e eu não entendi por que ninguém tocou nesse assunto durante o jantar. Eu fiquei bem preocupada. Tentei... não me estressar muito com isso, mas... a saúde dos filhos sempre preocupou muito seu pai e você, mais do que ninguém, sabe disso. Eu só esperei pra perguntar pra ele o que estava acontecendo quando ficamos sozinhos no nosso quarto. Você é meu filho também... Pelo menos eu o considero assim há treze anos... Não quer... dividir com a gente o que está acontecendo com você? Sua família está aqui. Não quer nos dizer você mesmo o que se passa de verdade? Seu pai me contou que você... ficou três dias desacordado... por quê?
Os olhos de Cláudio brilham, olhando para ela.
RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA
PARTE 1
OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!