RP - RETORNO... - PARTE 7

RETORNO...

PARTE VII

Alberto não responde. Simplesmente abaixa os olhos.

- Ele quer ficar com a gente, mamãe, diz Rodrigo.

Alberto volta a olhar para ela como esperando sua resposta. Lúcia se vê diante de um impasse.

- Bom... não vamos falar sobre isso hoje. Se você não quer ver sua mãe hoje, ninguém vai te obrigar. Mas entenda que fica mais difícil dizer a ela que você não quer ficar com ela. Você mesmo podia fazer isso. Ela não vai acreditar em mim. Ela está com saudade de você.

- E por que não foi me buscar? - ele pergunta.

Lúcia não sabe o que responder e olha para Miguel que apenas com um olhar demonstra concordar com a pergunta do menino.

- Por que você não traz ela aqui, mamãe? - Rodrigo pergunta. – Eu acho que o Alberto está com medo de ir ao orfanato e ter que ficar lá novamente.

Valter e Miguel olham-se e depois para o garoto.

- É isso, Alberto?

O menino confirma balançando a cabeça.

- Se eu trouxer sua mãe aqui, você fala com ela? - Lúcia pergunta.

- Falo.

Rodrigo dá uma risadinha.

- Eu não disse? Miguel, leva a gente pra tomar sorvete? O Alberto disse que o tio Cláudio dele fazia isso. Se você vai ser meu pai, tem que fazer também, não tem? E se vai ser meu pai, vai ser do Alberto também, quando ele vier morar aqui. Você leva? O seu amigo pode vir também.

Miguel olha para Valter que, aproveitando o bom humor do menino, chega perto dele e o levanta no colo.

- Eu pago a primeira rodada, posso?

- Você também é médico?

- Sou, por quê?

- Você tem o mesmo cheiro do pessoal do instituto.

- Que cheiro?

- Aquele cheiro que você sente quando entra na farmácia.

Valter ri, indo para a porta e puxando Alberto pela mão.

- Vamos tomar sorvete, Miguel.

- Vai descendo que eu já vou.

Eles saem. Lúcia e Miguel ficam sozinhos. Ela percebe que ele ainda está triste. Chega perto dele e segura sua mão.

- Está pensando no Cláudio?

- E no Alberto, por tabela. Eu não acredito ainda no que está acontecendo, Lúcia.

Ela o beija e acaricia seu rosto.

- Não adianta ficar assim, meu amor. Você não vai poder ajudá-lo, em nada. A grande ajuda que você pode dar agora é fazer aquele menininho feliz, como ele quer fazer... mas não pode ainda. Tenho certeza que a felicidade dele vai contagiar você. Vamos tentar?

- Você acha que... há alguma chance do menino ficar com a gente?

- A mãe do Alberto tem quatro filhas menores que ele. Uma ainda é bebê. Duas estão com uma senhora, vizinha dela, porque ela não consegue alimentar as quatro, com a renda de costureira numa oficina. Pelo jeito dela, eu acho que o que ela menos quer agora e outra boca pra alimentar. Se ela ficar com o Alberto, não dou uma semana e ele vai ter que trabalhar para ajudá-la.

- Não, isso não! O menino tem só seis anos, Lúcia... Era isso que o Cláudio queria evitar.

- Isso é só um pedacinho de São Paulo, Miguel. Mas o Alberto vai falar com a mãe dele e dizer ele mesmo que ele quer ficar aqui. Ele vai ficar com a gente com certeza. O Cláudio ainda quer evitar que o Alberto seja infeliz e a gente pode fazer isso por ele. Agora corre, amor, que seus filhos estão lá fora esperando por você. O Rodrigo não gosta de esperar. Daqui a pouco ele volta aqui pra te chamar.

Ele segura seu rosto entre as mãos e a beija.

- Eu amo você.

RETORNO AO PARAÍSO – RETORNO...

PARTE 7

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!