RP - GILBERTO - PARTE 27
GILBERTO
PARTE XXVII
Miguel toca a barriga de Mônica e espera, mas a menina não dá sinais de vida.
- Caramba, bebê... Fala com o tio Miguel.
- Ela só fala comigo. Minha filha não fala com qualquer um, diz Cláudio, conseguindo brincar, apesar da dor que ainda persiste.
- Não é justo... Mas espera só até ela gostar da brincadeira. Você não vai ter sossego, Mônica.
Miguel olha para a fachada da casa e diz:
- Gostei da casa. Espero que vocês sejam muito felizes aqui. Vocês merecem e não deixem que ninguém diga o contrário. Tchau, Feliz Ano Novo, de novo.
Miguel vai para seu carro que se afasta em seguida, buzinando alto.
Cláudio e Mônica entram no jardim e ele se senta no sofá que fica na área na frente da casa. Apoia a cabeça no encosto e fecha os olhos.
- Eu vou ver um analgésico pra você, Mônica diz. – Ainda está doendo muito? Você não quer entrar e deitar lá dentro?
- Não, está muito calor. Deve ser isso também.
- Vou pegar um copo de água e o analgésico.
Ela entra na casa e ele fecha os olhos, procurando respirar fundo. Alguns segundos depois, dona Lucila sai da casa e se aproxima dele preocupada.
- Você está bem?
Ele abre os olhos e ao vê-la responde:
- Estou.
- Não parece.
- É só uma dor de cabeça...
- De novo? Você devia ver um médico.
- A Mônica já foi ver um analgésico. Não se preocupe. Está tudo bem.
Dois carros param diante da casa. Um deles é uma viatura de polícia. Cláudio se levanta e percebe que em um deles está Jairo e uma mulher que ele reconhece ser Tânia. A cabeça parece doer ainda mais e ele pede:
- Dona Lucila, por favor, vai lá dentro e pede pra Mônica não sair agora.
- Quem são eles?
- Por favor, faça o que eu disse.
Ela entra e ele vai até o portão, assustado, mas fazendo o possível para que nenhum deles perceba. Arnaldo é o primeiro que se aproxima dele. Jairo e Tânia saem do carro, mas ficam perto do veículo.
- Boa tarde, Arnaldo.
- Boa tarde, doutor Cláudio.
- Eu posso saber o que você está fazendo aqui?
- Eu vim... buscar a Mônica, a pedido do pai dela.
Jairo não consegue ficar distante e se aproxima deles. Cláudio olha diretamente nos olhos dele e espera. O cardiologista sorri ironicamente e olha para a casa.
- Foi isso que você prometeu pra minha filha quando a tirou de casa? Morar numa casinha de subúrbio apertada como essa? Eu esperava coisa melhor de você, Cláudio.
A dor parece querer explodir sua cabeça a cada palavra de Jairo, mas ele tenta se controlar.
- O que o senhor quer?
- Minha filha, claro. Onde ela está? Espero que você demonstre que é realmente inteligente e sensato e me entregue ela, sem cenas e não tente me impedir de levá-la.
- E se ela não quiser ir?
- Ela não tem querer. Ela é menor. Não manda em si ainda e eu sou pai dela.
- Mônica não é um objeto. Eu sempre esperei que uma pessoa sensata e inteligente também como o senhor pudesse ainda entender que não pode lutar contra o que já está feito. Sua filha não é uma coisa. É um ser humano. Eu nasci na roça. Não sei muito sobre a vida na cidade embora tenha feito uma faculdade de medicina, mas mesmo tendo nascido numa fazenda, no mato, eu aprendi que escândalos em público são uma coisa muito degradante e deselegante. Foi isso que vocês vieram fazer aqui, porque a Mônica não vai sair daqui se não quiser sair.
- Eu não vim fazer escândalo. Só quero que você avise minha filha que ela vai embora. Espero que você a convença a sair por bem sem problemas. Eu não quero nada de você. Só distância. Chame minha filha.
Mônica sai da casa e vai ficar perto de Cláudio, segurando sua mão. Os olhos de Jairo a cobrem de ternura.
- Filha... Minha filhinha.
RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO
PARTE 27
OBRIGADA PELA COMPANHIA!
BOM DIA!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!