RP - GILBERTO - PARTE 23
GILBERTO
PARTE XXIII
(AUTONOMIA)
Depois de algum tempo observando detalhes da casa e fazendo planos para a futura pintura e decoração do local com o irmão e Mônica, Wagner resolve ir embora com Linda para deixar os dois a sós.
- Você volta quando? - Cláudio pergunta.
- Só no ano que vem.
- Isso eu sei, mas quando?
- Talvez na segunda mesmo. Hoje eu tenho mesmo que ir embora. Preciso passar o reveillon com o pessoal lá em casa. Eu prometi pra Magda que voltava hoje.
- Claro... Cláudio diz, com um suspiro, por saber que ele mesmo não vai poder fazer isso. – Abraça meu pai com força por mim à meia noite.
- É o que eu vou fazer por você e por mim, pode estar certo disso. Hoje tem a despedida de solteiro do Beto e, como eu sou o padrinho dele, não posso faltar. Como a gandaia vai ser grande, vou estar pregado no sábado de manhã...
- Dispenso explicações. Você vai deixar, Linda?
- Ele conhece o Beto muito antes de me conhecer, então não posso me meter nessa área, infelizmente. Vou procurar me desligar de tudo, já que vou estar na fazenda e essa brincadeirinha vai ser no Orleans, em Casa Branca. Acho que dá pra sobreviver.
- Então... Feliz Ano Novo, e obrigado por tudo aos dois... de novo.
Cláudio abraça o irmão demoradamente.
- Feliz Ano Novo, mano.
- Feliz Ano Novo, cara. Te cuida. Ano que vem, estamos aí.
Eles se despedem uns dos outros, se desejando boas festas. Wagner sobe na moto com Linda e eles vão embora.
Cláudio envolve Mônica num abraço e ela pergunta:
- Está feliz?
- Estou... ele diz com uma pitada de tristeza na voz.
- Acho que você está pensando o mesmo que eu...
- O quê?
- A gente está longe de casa e de todo mundo que a gente ama e amou a vida inteira. Vai ser uma virada de ano bem diferente, não é?
Ele fica em silêncio por um instante e finalmente diz:
- Tudo tem uma primeira vez... A gente tem que assumir as consequências dos nossos atos. Eu estou pagando pelos meus e acho que, fazendo as contas, não posso nem reclamar muito.
Ela olha para ele de frente.
- Você ainda tem medo que aconteça alguma coisa com a gente, depois de tudo isso?
- Tenho, agora mais do que nunca. Cada coisa nova que acontece, parece querer dizer que a gente está fincando raízes nessa cidade e que nunca mais vamos voltar pra casa.
- E isso é tão ruim assim? Nós estamos juntos. Nós três.
- Mas tem muita coisa que a gente deixou pra trás que ainda está mal resolvida. Não soubemos mais nada sobre o seu pai. A impressão que eu tenho é que... a qualquer momento, ele vai aparecer por aqui e levar você de mim... e eu não vou poder fazer nada.
- Ele não pode fazer isso.
- Pode e você sabe que ele pode. Ele tem mais direitos sobre você do que eu... perante a lei.
- Ele vai precisar me matar pra me levar daqui agora.
Cláudio a abraça forte.
- Se for assim, eu prefiro que ele leve.
Mônica fica em silêncio dentro daquele abraço, em seguida diz:
- Vamos voltar pra casa?
- Vamos.
Cláudio tranca tudo e eles vão para o carro. Ao sentar-se no banco do carro, Cláudio sente uma dor aguda na cabeça que o faz colocar as mãos no rosto. Mônica pergunta:
- O que foi?
- Não sei... acho que aquela dor de cabeça estúpida está querendo voltar. Senti uma pontada estranha na cabeça agora...
- Quer que eu dirija?
- Não... acho que não vai ficar. Foi só uma pontada. Já passou.
Ele fecha a porta e, quando ela já está dentro do carro, dá a partida. Mônica sente o bebê mexer com força e põe a mão na barriga.
- Opa, calma, amor!
- Que foi agora? - ele pergunta.
- Ela também está querendo imitar você. Acaba de dar um pulo aqui dentro que quase me tira o ar.
Cláudio toca sua barriga e sorrindo lhe dá um beijo terno e diz:
- Se os pulos dela forem coincidir sempre com as minhas dores de cabeça, quando ela nascer eu morro.
- Não diz bobagem. Você está brincando com isso, mas eu estou ficando bem preocupada. Você já devia ter ido ao médico, falar com o Valter, pelo menos.
Ele coloca o carro em movimento e não responde.
RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO
PARTE 23
OBRIGADA PELA COMPANHIA!
BOA TARDE!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!