RP - GILBERTO - PARTE 22

GILBERTO

PARTE XXII

(AUTONOMIA)

O lugar é uma casinha verde musgo comprida com janelas brancas e um minúsculo jardim na frente. Ao lado, um corredor estreito que dá para um quintal pequeno. Wagner abre uma porta lateral e sai da frente para que Cláudio e Mônica entrem.

- Façam as honras e entrem com o pé direito.

Cláudio e Mônica entram e vêem já lá dentro todos os aparelhos que Ivan deu a Cláudio, todos mais ou menos posicionados em seus lugares, mas ainda embalados.

- Depois você arranja do que jeito que você quiser.

Wagner lhe estende as chaves. Cláudio as segura e fica sem fala, olhando em volta.

- Foi o melhor que eu pude conseguir. Como a entrada foi bem substancial, você vai poder ir pagando depois em suaves prestações. Não é um... Santa Mônica, mas como é só seu, acho que dá pro começo. Naquele quintalzinho lá atrás, eu já vejo um playground cheio de brinquedos coloridos pros seus pacientes mirins brincarem, enquanto aguardam a consulta.

Mônica sorri e se abraça a ele, beijando seu rosto.

- É linda, Wagner. Como você achou essa casa tão perto da nossa?

- Xeretando, como sempre. Eu e a Linda começamos a andar pelo bairro, porque eu já estava pensando nisso quando o Ivan me disse o que ia fazer. Foi sorte, na verdade. É claro que tem que dar uma pintura legal nas paredes, consertar uma ou outra coisa, adaptar outras, mas... acho que, com o tempo, isso aqui pode ficar com cara de consultório sem problemas.

Mônica pega a mão de Linda e vai com ela para os fundos da casa, animada, explorar o resto da propriedade.

Cláudio, ainda em silêncio, passa a mão sobre o plástico que cobre a embalagem do que seria uma maca.

- Você não vai dizer nada? - Wagner pergunta.

- Quando é que você vai parar de me surpreender?

- Ontem. Te prometo que não me meto mais na sua vida. Juro. Juro pela alma da minha santa mãezinha, falecida em cinquenta e sete. Eu sei que você não gostava dela, mas... se você pensar bem, foi basicamente por ela que você decidiu ser médico. De tanto me ouvir chorar de dor de barriga e fome. Estou certo?

Cláudio olha para o irmão e sorri, balançando a cabeça, como a dizer: “Você não tem jeito mesmo”. Coloca o braço em volta de seu ombro e o atrai para perto de si, abraçando-se a ele.

- Obrigado...

- Não me agradeça ainda. Você tem muita coisa pra fazer aqui. E algumas prestações a pagar, mas a casa é boa. A localização também é. A Cerro Corá é uma rua conhecida aqui nesse bairro. O que você vai pagar por ela vai valer a pena. Teu meio de pagá-la está aqui dentro mesmo. Você tem um consultório seu, pertinho de casa. Não vai ter nem que pagar gasolina pra vir trabalhar. Dá pra vir a pé da sua casa até aqui. Fora o fato de que tem a própria enfermeira, dormindo na mesma casa e na mesma cama! Vê só que lucro duplo! Quer mais?

Cláudio olha em volta e vê que o irmão não deixa de ter razão.

- Quem era o dono da casa?

- Um coroa muito legal chamado Almeida. Horácio Almeida. Ele mora na... Aclimação. É gente boa. Disse que foi com a minha cara. Também, com dinheiro na mão, qualquer um vai com a cara até do Hitler. Eu te deixo o endereço e você pode ir vê-lo na segunda-feira.

Mônica volta para dentro da casa e segura a mão de Cláudio.

- Já estou tendo várias ideias pro quintal, amor. É pequenininho, mas grande o suficiente pra colocar uma piscina de bolinhas pras crianças como a que tem no Santa Mônica.

- Viu? - diz Wagner. – A patroa gostou.

Cláudio olha para os dois alternadamente e diz:

- A gente pode conversar de novo sobre aquele papo de namoro na infância...? Vocês dois andam combinando demais.

Wagner sorri e coloca o braço em volta do ombro de Mônica.

- A gente pode até conversar sobre coisas mais atuais, ele diz, colocando a mão sobre a barriga dela. – Esse bebê já foi quase meu, lembra?

Cláudio tira Mônica de perto dele e sai da casa com ela, sem falar nada. Wagner passa o braço em volta da cintura de Linda e vai atrás deles, rindo muito.

- Adoro as cenas de ciúme do Cláudio. Ele é tão irritantemente educado... Dá até raiva.

Linda ri.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 22

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/05/2018
Código do texto: T6350342
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