RP - GILBERTO - PARTE 19

GILBERTO

PARTE XIX

(amizade e inconfidência)

Jairo se cala e fica pensativo. Miguel continua:

- Mas eu não quero mais me meter nessa história. Não quero me envolver e não vou me envolver mais.

Jairo desfere um soco na mesa e sai furioso, mas, ao passar pela porta, ainda tem tempo de dizer:

- Considere-se no olho da rua!

Miguel encolhe-se ao ouvir o estrondo da porta batendo e respira fundo. Sai do consultório em seguida e vai para o Santa Mônica conversar com Henrique. Primeiro vai a sua sala e começa lentamente a tirar algumas coisas suas das gavetas. Quando sabe que ele está no prédio, Henrique vai falar com ele. Ao vê-lo retirando as coisas e colocando tudo dentro de uma caixa arquivo pergunta:

- O que você está fazendo?

- As malas. Eu vou embora.

- Vai o quê?

- O dono do hospital me colocou no olho da rua.

- Ele ficou maluco? Ele precisa de você aqui.

- Ele precisa de você aqui. Você ajuda ele mais do que eu. Você pode avisar a ele sobre todos os passos que o melhor pediatra que Casa Branca já teve nos últimos dois anos, tem dado quande aparece na cidade em que ele nasceu depois que foi banido por ele. Eu não posso e não quero fazer isso.

- Miguel, eu...

- Não, não precisa falar nada, não, Henrique. Você fez o que ele pediu. Cumpriu sua missão, afinal, você não tem tanto contato com o Cláudio como eu tive. Contato pessoal, digo.

- Ele despediu você por quê?

- Porque eu não quis dizer onde o Cláudio está com a Mônica.

- E você sabe?

- Não exatamente, mas se soubesse não diria acho que nem pra você.

- Você me considera... um dedo duro, não é?

- Não, não é isso. O seu envolvimento com esse caso é bem diferente do meu, Henrique. A sua relação com o doutor Jairo é de patrão e empregado e isso é claro que é muito forte. Ele paga suas contas. Você tem que fazer o que ele pede. Mas eu aprendi com um cara muito diferente de todos nós... que... a gente tem que correr atrás do que move a nossa vida: nossa consciência. O Cláudio me ensinou isso. E não ensinou falando. Ele me ensinou fazendo. E eu sinto falta dele trabalhando do meu lado. Por isso... que bom que eu não sou mais empregado desse hospital.

Henrique não sabe o que dizer.

- Boa sorte, colega. Se... estiver faltando alguma coisa minha ainda, eu mando buscar depois. Os relatórios do que eu fiz, enquanto o dono estava fora, deixei com a Angélica do RH. Ela te entrega depois. Tchau, Henrique.

Miguel estende a mão que ele aperta, ainda zonzo.

- Pra onde você vai? Quero dizer... onde você vai trabalhar?

- Não sei ainda. Primeiro eu vou... me casar. Já era pra ter feito isso há muito tempo... depois eu penso nisso. Eu vou pedir minhas férias na Santa Casa, ele diz, sorrindo. – Tchau.

Miguel sai da sala e desce até o ambulatório. Vê alguns pacientes e funcionários de quem se despede e volta à Santa Casa. Quer passar no RH, explicar toda a situação e se despedir de todos.

Leda já o tinha visto entrar no prédio e subir, mas ao vê-lo sem o jaleco branco e com uma valise na mão, pressente que alguma coisa está para acontecer.

Sobe até seu consultório e vê a porta aberta. Entra e vê Miguel mexendo em alguns prontuários no arquivo. Fica olhando para ele com os olhos brilhando. Miguel a vê parada ali, pelo canto do olho e olha para ela também.

- Oi, Leda.

- Bom dia, doutor. Já voltou? Eu o vi sair, mas...

- É, eu... estou indo embora. A partir de hoje não trabalho mais aqui, ele diz com naturalidade, continuando a mexer nos arquivos.

Leda fica pálida e estática. Seu coração bate forte, porque é difícil acreditar naquilo. Não acredita que o homem dos seus sonhos, mesmo que platonicamente, vai se afastar dela.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 19

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/05/2018
Código do texto: T6349711
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