RP - GILBERTO - PARTE 18

GILBERTO (amizade e inconfidência)

PARTE 18

CASA BRANCA

Naquela quinta-feira, o doutor Jairo Telles aparece no hospital Santa Mônica vindo de viagem e vai falar com o doutor Henrique que já esperava sua chegada. O cardiologista parece muito exaltado, quando entra na sala da diretoria para falar com ele.

- Quer dizer que ele esteve aqui? Voltou pra cidade?

Henrique se cala, pego de surpresa. Já sabia que o médico viria, mas não tão rápido.

- Responda, Henrique!

- Sim, senhor. O pai dele teve um enfarto e ele veio visitá-lo, mas não ficou muito tempo na cidade.

- Minha filha estava com ele?

- Não sei, doutor. Eu não o vi. Só fiquei sabendo que ele esteve aqui porque a Ana Luísa é amiga da enfermeira Leda da Santa Casa e ela contou pra Ana. Ele não esteve aqui.

- Se a Leda o viu, o Miguel também viu. Eu vou falar com ele.

- Eu liguei pro senhor logo que soube, porque sabia...

- Eu agradeço sua lealdade, doutor Henrique. Não vou esquecer.

Jairo sai e vai rapidamente à Santa Casa, indo diretamente ao consultório de Miguel. Felizmente ele não está com nenhuma paciente, mas ainda assim se assusta quando vê o médico entrar pela porta intempestivamente.

- Seu amigo esteve aqui, não esteve?

Miguel se levanta e mal tem tempo de pensar na resposta.

- Doutor Jairo...?

- Responda logo. O Cláudio esteve aqui?

- Esteve, mas...

- Ele disse onde está minha filha? Ele veio com ela?

- Doutor Jairo, eu...

- O Henrique e, antes dele, o delegado já me confirmou tudo, portanto não adianta você ficar me enrolando. Só quero saber se ele estava ou não estava com minha filha e onde eles estão agora. Eu sei que você sabe, Miguel.

- Se eu sei... o que o faz pensar que eu diria ao senhor?

- Se você não me disser... considere-se fora do Santa Mônica e eu vou conversar com o diretor da Santa Casa para lhe darem também um mês de férias das quais o senhor não volta mais.

- O senhor... está me demitindo do Santa Mônica? - Miguel pergunta, aparentemente calmo, sentando-se novamente.

- Não... ainda. Ninguém mais do que eu quer e precisa de você lá. Você é um excelente médico e eu preciso de você na contabilidade do hospital, mas eu preciso da sua ajuda e se você não colaborar e continuar acobertando aqueles dois... a única saída que eu posso ter é dispensá-lo.

Miguel se levanta e sai de trás da mesa, tirando seu estetoscópio do pescoço e colocando-o sobre ela.

- Se é assim... eu também não tenho outra saída... Eu saio daqui hoje mesmo.

Ele vai passar por Jairo e ele segura seu braço.

- O que custa você me dizer, homem? Você vai continuar defendendo aquele canalha? Eu pensei que você amasse minha filha.

- Amei. Tenho por ela uma estima muito grande e ele continua sendo meu melhor amigo. É justamente isso que me impede de fazer o que o senhor quer, mesmo com todo respeito que lhe tenho e compreendendo perfeitamente a sua situação. Eu não posso trair meu amigo por dois motivos: eu já lhe disse, mas reitero, Cláudio é meu melhor amigo e... por mais óbvio que possa parecer aos seus olhos... ele não cometeu crime nenhum.

- Ele seduziu minha filha! - Jairo grita. – E ela é menor, seu idiota! Que parte dessa loucura você não entendeu?

Miguel espera que ele termine sua explosão e continua, tranquila e serenamente.

- Sua filha é menor, nisso o senhor está com a razão, mas eles se amam e Mônica não foi seduzida. Depois... o Cláudio quer o bem da sua filha tanto ou mais que eu e o senhor mesmo.

- Se você não me disser... eu descubro por outros meios, aí vai ser pior.

- O Estado de São Paulo é imenso... Não é tão grande quanto Minas Gerais, minha terra querida, mas é grande e o senhor tem toda a liberdade e os recursos pra fazer isso. Então... fique à vontade, doutor.

Miguel vai tentar sair da sala novamente, mas Jairo ainda segura seu braço e tenta convencê-lo pelo coração.

- Por favor, Miguel, eu preciso trazer minha filha de volta pra casa. Eu voltei da Europa, porque fiquei sabendo que ele tinha voltado pra cá. Eu te peço, por favor, me diga onde eles estão! Eu não vou fazer nenhum mal a nenhum dos dois. Só quero minha filha de volta!

- Doutor Jairo, eu não desejo pra ninguém a situação que o senhor está passando, mas... se o senhor quer minha opinião, só o fato de querer separar a Mônica do Cláudio e ele dela já é fazer mal aos dois. Não precisa de mais que isso. E ainda digo mais: eles vão ter uma filha! Uma criança que não tem culpa de nada disso. Ninguém vai sair mais prejudicado nessa história que ela se o senhor separar os dois.

Jairo se cala e fica pensativo.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 18

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/05/2018
Código do texto: T6349405
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