RP - GILBERTO - PARTE 15

GILBERTO

PARTE XV

29 DE DEZEMBRO – QUINTA-FEIRA

No dia seguinte, após o almoço, Gilberto está sentado na sala com Gustavo, o irmão mais velho. Não fala nem demonstra, mas está ansioso por ouvir a campainha tocar e ver Wagner entrar pela porta.

- Você não vai receber o Wagner com essa cara, vai? - Gustavo pergunta.

- Que cara?

- A costumeira... de desânimo. O Wagner não merece isso. Ele era um cara muito pra cima pra sair da cidade dele e vir visitar alguém que não tem mais nada a ver com nada daquilo que ele ainda vive, tenho certeza.

- Eu não estou e nunca fui desanimado, Gustavo.

Gustavo se levanta.

- Mas eu já imagino o tipo de conversa que você vai ter com ele. Apesar de morar no interior, ele vai ter muita coisa pra contar e você vai só ficar ouvindo, não é?

- E se for assim, o que é que tem?

- Se você tivesse feito alguma coisa de útil nesses três anos até poderia haver um diálogo, mas como não fez, vai ser só monólogo. Você passou o tempo todo dentro daquele quarto sentindo pena de si mesmo.

Gilberto não responde. Sabe que o irmão tem razão.

- Vê se pelo menos finge que está minimamente animado, Beto. Tomara que ele venha pelo menos com alguma ideia diferente pra colocar nessa tua cabeça congelada, cheia de teia de aranha. Você tem vinte e um anos e chances demais pra viver. Não é de hoje que eu digo isso. Você perdeu as pernas, não a cabeça.

A campainha toca. Gilberto olha para a porta. Dona Joelma vem da cozinha e vai atender. Wagner está na porta, parado. Sorri e a cumprimenta, beijando seu rosto como fazia sempre que ia a sua casa.

- Como vai, Wagner? Que bom rever você.

- Bom rever a senhora também.

O sorriso de Wagner fica ainda mais largo quando vê o amigo. Aproxima-se dele e lhe estende a mão.

- Oi, Beto.

Um grande sorriso misturado com lágrimas aparece no rosto de Gilberto e os dois se abraçam por um longo tempo. Joelma e Gustavo também se emocionam.

- Eu não vim aqui pra te ver chorando, Wagner brinca, não menos emocionado.

- Não estava nos planos pode crer, diz Gustavo. – Ele estava ansioso pra você chegar. Não é, Beto?

- Eu não fiz nenhum plano, Gilberto diz, enxugando o rosto.

- E eu não queria que fizesse mesmo, diz Wagner, puxando uma cadeira e sentando-se bem de frente para ele, ainda com a mão dele entre as suas.

- Eu sabia que a sua visita ia fazer bem pra ele, diz Joelma. – Faz tempo que não vejo meu filho sorrir assim.

- E essa barba horrorosa? Não vendem lâmina de barbear aqui em São Paulo?

- Eu quero conversar com você no meu quarto. Você já almoçou?

- Já.

- Então vem comigo...

Wagner segue o rapaz até seu quarto. Entra no quarto e deixa que ele mesmo feche a porta. Gilberto sorri ao fechar a porta atrás de si.

- Que foi? - Wagner pergunta.

- Você é a primeira pessoa que não faz questão de facilitar as coisas pra mim. Não empurrou a cadeira, não fechou a porta, essas coisas...

- Eu imaginei que você não precisasse disso. Um marmanjo de vinte e um anos deve saber se virar. Estou enganado?

- Não... Mas o pessoal aqui não pensa assim. Minha mãe e meu pai principalmente. O Gustavo nem tanto.

Wagner se senta na cama.

- E aí, cara, me conta. Como estão as coisas? Como você... está suportando essa... barra? Muito pesada?

- Pesadíssima, Wagner. Eu não aguento mais.

Ele empurra a cadeira até perto da cama onde Wagner está sentado e suspira.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 15

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/05/2018
Código do texto: T6348440
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