RP - GILBERTO - PARTE 3
GILBERTO
PARTE III
Cláudio fica pensando no que Wagner disse e tem que admitir que ele tenha razão.
- Filho? Algum problema?
- Não, nenhum...
- Você ficou calado de repente.
- Pai... se você nunca levar nada que o Wagner fala a sério, ele nunca vai crescer. Por que você não faz por ele o que fez por mim? Ele é tão seu filho quanto eu. Você não se importa com ele.
- Foi ele quem te disse isso?
- E eu acabei de descobrir que é verdade.
Leonardo fica nervoso.
- Ele só tem feito bobagem desde que chegou da Europa.
- O Wagner só está confuso com uma série de coisas e você devia ter uma conversa séria com ele.
- A última vez em que tive uma conversa séria com ele, sofri um enfarte... Ele sabia mais do que você, com o que poderia estar confuso?
- Talvez ele esteja querendo saber o lugar dele nessa história, pai, pra você. Do seu ponto de vista. Ele é seu filho e filho de Christy Russel. Será que você não está transferindo parte da raiva que sentia dela pra ele, em forma de indiferença?
- Eu amo meus filhos de modo igual, Cláudio, não me venha você também com tolices.
- Não é isso que eu estou sentindo. Pelo menos Wagner não vê desse modo. O fato de eu ter ido morar longe daqui com dezoitos anos, não me deixou ver no dia a dia o que estava acontecendo, mas você se desligou dele e não é de hoje. Se ele tivesse recebido a mesma educação, o mesmo tratamento que eu tive, não seria como é hoje. Você largou o garoto de mão e deixou que ele fizesse o que bem entendesse da vida.
- Ele sempre teve tudo e aproveitou bem, pelo que eu sei... Nunca reclamou. Muito pelo contrário. Usou e abusou disso. Será que eu vou ter que me arrepender também de tê-lo soltado, como tenho que me arrepender de ter prendido você? Afinal de contas o que está certo?
- Eu não sei... mas a culpa não é dele do que aconteceu com você no passado. Ele é o menos culpado. É tão vítima quanto eu e se meteu nisso tudo por... acidente. Ele não pode pagar pelos erros que você e a mãe dele cometeram.
- Não fui eu que impus essa culpa a ele. Foi o bisavô dele que ressurgiu das cinzas pra mexer no que estava morto e enterrado.
- Será que estava morto e enterrado mesmo, pai? Tem gente que você matou... que está bem viva agora.
Leonardo olha para o filho por um instante, levanta-se e sai da mesa, nervoso, subindo.
- Meu Deus, de novo não... fala Magda, aflita.
- Fique tranquila, Magda. Se ele tivesse que ter uma recaída já teria tido.
Ele se levanta e pega a mão de Mônica.
- A gente vai até a casa do Lopes e da Carolina ver como está o bebê deles. Sobe lá e vê se ele precisa de alguma coisa. Qualquer novidade me chama.
Ele sai da casa com Mônica e vai até a casa de Lopes.
Pouco antes das nove horas, os peões que estão no pasto tocando o gado e vêem passar, pela estrada lateral, o carro de Bárbara e vêem Tânia dentro dele. Lopes avisa aos outros que vai até a casa grande avisar Leonardo e Cláudio da chegada dela. Ele pega uma trilha e chega em poucos minutos na casa.
Leonardo já desceu e está sentado na varanda.
- Bom dia, patrão.
- Bom dia, Lopes. Algum problema?
- Patrão, acabamos que ver o carro da dona Bárbara vindo pra cá.
- Bárbara?
- É, mas quem está dentro dele é a dona Tânia.
Leonardo se levanta e olha na direção do portão principal da fazenda.
- Quer que eu vá avisar o doutor Cláudio? - Lopes pergunta.
- Ele está na sua casa com Carolina. Vá sim.
Lopes vai avisar Cláudio.
- Tem certeza que era ela? - ele pergunta.
- Tenho, sim, senhor. Ela está dirigindo o carro da mãe, mas é ela mesmo.
- Meu Deus... ele diz, colocando a mão na testa, preocupado.
Ele olha para Mônica que está com o bebê de Carolina no colo e diz:
- Fique aqui.
- Tem certeza? - ela pergunta. - Não é melhor a gente ir junto pra acabar logo com isso?
- Não. Não sai daqui.
- Está bem.
Ele a beija e acaricia o rostinho do menino, afastando-se em seguida.
RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO
PARTE 3
OBRIGADA PELA COMPANHIA!
BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!