RP - GILBERTO - PARTE 2

GILBERTO

PARTE II

Cláudio não obedece ao pedido do pai. Vai atrás do irmão e, quando ele já está entrando no carro dentro da garagem, ele o chama:

- Ei, rapazinho!

- Não enche, Cláudio. Eu já sei o que você vai dizer e não estou nem um pouco a fim de ouvir. Volta lá pra dentro. Ele pode sentir sua falta.

Cláudio o segura pela gola da camisa e o faz encostar-se no carro. Linda se afasta dos dois, apreensiva. Cláudio diz em voz baixa.

- Se você não quiser levar outra bronca na frente da Linda, vem comigo.

- Me solta! - Wagner diz entre dentes.

- Vem ou eu vou ficar aqui esperando até você voltar e eu te juro que vai ser pior.

Ele encara o irmão e sorri cínico.

- Por quê? Quando eu voltar você vai me bater e me deixar de castigo?

- Deixar de castigo não, mas... te bater... eu posso cogitar. Há muito tempo eu quero fazer isso.

- Você não teria coragem...

Cláudio sorri também.

- Não me provoque, Wagner. Você não me conhece mais. Eu já disse que não vou mais ficar colocando panos quentes nas besteiras que você faz e ficar olhando você dar uma de rebelde sem causa e desrespeitando meu pai.

Wagner percebe que o olhar do irmão está bem diferente.

- Então... me solta.

Cláudio o solta e se afasta dele. Wagner bate a porta do carro com força e espera. Cláudio olha para Linda.

- Espera só um instante, Linda. Não vai demorar.

Linda cruza os braços e concorda, aliviada.

Cláudio sai da garagem e vai até o estábulo. Wagner o segue.

- Que é, hein? Eu estou com pressa, diz ele. – Não vou te seguir até Casa Branca.

Cláudio se volta para o irmão.

- Que bicho te mordeu desde ontem? Você nunca falou com o papai daquele jeito, na minha frente. E na frente de todo mundo! Na frente das suas irmãs! Perdeu a noção do perigo?

- Eu pensei que as boas maneiras fossem só pra você, ele diz irônico. – Se ele ouvisse isso da sua boca, seria um grande choque e talvez ele tivesse outro enfarte, mas de mim? Vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. Não esquenta. Ele já deve ter esquecido.

- Eu nunca te ouvi falar assim, Wagner. Você está se ouvindo?

- Eu devia ter gravado pra você ouvir quantas vezes quisesse.

- Eu não estou brincando, garoto! Aliás... você não é mais nenhum garoto, você é um homem! Que foi que ele fez ou... o que foi que eu fiz pra você estar tratando a gente desse jeito estúpido?

- Me deixa... em paz! Eu tenho que sair. Ele não deve estar nem se importando mais com o que eu falei. Ele nem ouve o que eu falo. Importante pra ele é você estar aqui com ele, só você. Ficou doente por sua causa. Você chegou e ele sarou num minuto. Você acha que ele vai se importar com uma frase malcriada minha? Entra lá, começa a conversar com ele. Quando eu voltar, ele nem vai se lembrar mais nem do meu nome.

- E você está magoado com isso.

- Eu não estou magoado com nada! Eu quero sair daqui. Posso agora? O amor da minha vida está me esperando lá na garagem. Dá pra dar uma folga?

Cláudio se cala. Wagner se sente arrependido no mesmo instante com o jeito que falou com ele e ia se afastar, mas para, volta-se de novo e mais calmo diz:

- Você está cansado de saber que é o predileto do velho, maninho. A gente está discutindo à toa. Ele já está aborrecido e decepcionado demais comigo. Se eu brigar com você então... ele é capaz de me colocar pra fora de casa.

- Quanta bobagem...

- Quem dera fosse... Tchau. Eu estou de volta antes do almoço. Você vai estar aqui ainda?

- Não sei...

Wagner se aproxima dele e o abraça forte. Cláudio retribui seu abraço e ele se afasta. Cláudio sai do estábulo e vai para a varanda da casa de onde vê o Mercedes sair em alta velocidade. Mônica sai da casa e segura sua mão.

Quando o carro já está longe, eles entram e se sentam à mesa outra vez.

- Ele anda muito nervoso ultimamente.

- Ele quem? - Leonardo pergunta.

- O Wagner, pai.

- Vocês brigaram?

- Não...

- Não é nervosismo, não. Seu irmão sempre foi assim. Ele não gosta que eu interfira na vida dele. Nem me espanto mais.

- Pois devia. Você não se importa que ele fale com você daquela forma?

- O Wagner não diz nada que se deva levar a sério, Cláudio. Ele ainda não tem maturidade pra isso.

- Eu acho que você está enganado.

- Não estou, não. Quando ele voltar vai estar melhor, você vai ver. Quer ir comigo ver os rapazes tocando a boiada?

- Leonardo, você não vai trabalhar, protesta Magda.

- Não, claro que não, mas isso não é trabalho pra mim. É o que eu gosto de fazer. Não vou subir no cavalo como o médico disse. Vamos só olhar. Coisa que eu nunca fiz na vida. Só olhar, Magda.

Cláudio fica pensando no que o irmão disse e tem que admitir que ele tenha razão.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 2

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 23/05/2018
Código do texto: T6344656
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