RP - GILBERTO - PARTE 1

RETORNO AO PARAÍSO

GILBERTO

PARTE I

DIA 26 DE DEZEMBRO – SEGUNDA-FEIRA

Em Quatro Estrelas, apesar de convalescendo o enfarto que sofreu, Leonardo decide descer para tomar seu café com todos na cozinha e Cláudio conta ao pai e a Magda o que pretende fazer quando voltar para São Paulo.

- Quer dizer que você está morando na casa de Karen Johnson...? - Leonardo pergunta.

- Não é mais dela. Eu comprei. Dei a primeira parcela e vamos ver como fazer pra ir pagando o resto em suaves prestações...

- Como você conseguiu o dinheiro?

- Vendi meu carro, já te disse isso.

- Vendeu... O Mercedes que eu te dei de presente de casamento...

- Eu sei, mas ele continua na família. Eu vendi pro meu irmão.

- É por isso que você está andando com o dele.

- Foi um acordo que nós fizemos. Meu carro é mais caro e... menos discreto que o dele. Eu não preciso de um carro tão chamativo e tão luxuoso pra vida que eu vou levar em São Paulo. Eu precisava mais de uma casa pra morar com a Mônica. A Karen queria vender a dela, então...

- Sei... Ela está bem?

- Está... Esteve doente, mas vai ficar boa logo.

- Está com o marido e o filho?

- Não, o Robin morreu há quatro anos. E o filho dela também quando tinha dezesseis anos, de leucemia.

- Que triste... Ela vive sozinha?

- Não... Cláudio diz, tomando um gole de café com leite. – Ela vive com a Lucila.

Leonardo encosta-se à cadeira e fecha as mãos sobre a mesa.

- Ela sabe...?

- Não...

- Você vai contar?

- Não sei. Vou decidir quando chegar lá. Elas são muito amigas. Não tenho nenhum interesse em desfazer isso.

Leonardo se cala e segura a mão de Magda, pensativo, mas sereno. Vendo que o pai recebeu bem tudo que ele disse até aquele momento, Cláudio continua.

- Eu quero que vocês todos esteja preparados... pra não esperarem minha volta tão cedo. Vai demorar um pouco pra eu voltar pra cá, mas vocês têm meu endereço e o telefone. Vou estar sempre em contato, mas eu não quero provocar mais intrigas entre os Telles e os Valle. Também não quero que o Arnaldo fique colocando carros de polícia na rua por minha causa, cada vez que eu vier pra cá, portanto... tenham paciência. Quanto menos eu e a Mônica ficarmos vindo pra cá, melhor será pra muita gente.

- Também concordo com isso, diz Magda. – Ela não pode ficar se assustando cada vez que cruzar com os tios ou pior... se revir o pai que a qualquer hora pode estar de volta a Casa Branca.

- E nem eu quero ter mais nenhum susto com você viu, pai? - ele diz, colocando a mão sobre a do pai.

- Quem vai garantir isso sou eu, diz Magda.

- Ótimo... Vou ficar mais tranquilo assim.

- E... o trabalho, filho? Como fica sua situação? Você não pode mais clinicar aqui em Casa Branca.

- Não sei ainda, pai. Eu acho que devem ter me colocado em férias por um mês. Eu não tiro férias desde que comecei a clinicar e isso já faz dois anos.

- Foi o que a Leda me disse, Mônica fala. - O diretor da Santa Casa te deu férias até você decidir se volta ou não. No Santa Mônica... já não sei.

- Seu pai deve ter me exonerado a bem do serviço público... com toda a razão, mas eu não quero pensar nisso agora. Hospital é o que não falta em São Paulo e eu conheço muita gente em Campinas e posso me virar. Deixa passar essa época de festas e aí eu vejo o que faço. Não se preocupe com isso, pai.

Wagner e Linda vêm descendo as escadas de mãos dadas e se aproximam da mesa. Ele anuncia:

- A gente vai sair. Voltamos só pra almoçar.

- Wagner! - Leonardo chama, logo que ele vira as costas.

O rapaz para e se volta.

- Que é?

- Bom dia. Bom dia, Linda.

- Bom dia a todos, Linda responde, constrangida. – Me desculpem.

Wagner cora mais de raiva do que de vergonha, pela falta de educação.

- Bom dia, pai, Magda, Cláudio, Mônica, Diana, Matilde e Elis. E tchau.

Leonardo se levanta lentamente com uma ruga de estranhamento surgindo na testa e calmamente diz:

- Aonde você... ou seja, aonde vocês vão?

- Até Casa Branca buscar o Ivan. Eu fiquei de ir pegá-lo na rodoviária. Ele volta de Campinas hoje, esqueceu?

- E vão sem tomar café? - Cláudio pergunta, sem olhar para ele.

- Nós já estamos atrasados. Dormimos demais. O ônibus chega às oito e meia. São quase oito. A gente come alguma coisa lá mesmo na cidade. Só isso?

Cláudio se levanta e se volta para ele.

- Só... Obrigado pela gentileza de nos informar.

Leonardo volta a se sentar.

- Então... tchau... família.

Wagner olha para todos por um momento, dá as costas e sai. Cláudio tenciona ir atrás dele, mas Leonardo segura seu braço.

- Deixe-o, filho.

Cláudio não obedece. Solta-se do braço do pai e vai atrás do irmão e, quando ele já está entrando no carro dentro da garagem, ele o chama:

- Ei, rapazinho!

RETORNO AO PARAÍSO – UM NATAL ATÍPICO

PARTE 1

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 23/05/2018
Código do texto: T6344115
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