RP - UM NATAL ATÍPICO - PARTE 6

UM NATAL ATÍPICO

PARTE VI

DOMINGO DE NATAL

A locomoção de Cláudio para Casa Branca é quase que imediata ao telefonema de Magda.

Se não fossem as quase três horas de viagem de São Paulo até lá, ele teria ido no mesmo momento ao hospital, mas ele e Mônica só conseguem chegar à tarde. Quando o carro para no estacionamento da Santa Casa e as pessoas o vêm sair dele com Mônica, muitos comentam discretamente a novidade, ainda mais por verem a barriguinha que ela não tem mais medo de mostrar. O vestidinho solto deixa transparecer os quatro meses de gestação e ela os exibe orgulhosa. Mas, no momento, a única coisa em que Cláudio pensa é em ver o pai. Mais nada.

Cláudio e Mônica entram no hospital de mãos dadas, debaixo dos olhares de curiosos. Mônica para na recepção para falar com Leda e ele sobe direto ao quarto do pai.

- Oi, Leda, ela diz, sorrindo.

- Oi, amiga! Que bom rever você! - Leda diz, segurando as mãos delas estendidas sobre o balcão. - Você está tão linda. Está parecendo uma boneca... grávida. Está feliz?

- Muito, mas preocupada pelo seo Leonardo.

- Ele já está bem. Foi só um susto. Você quer ir comigo tomar um suco de fruta no refeitório? Tenho tanto que te contar...

- Você pode fazer isso agora?

- Está tranquilo hoje. É Natal! Vem. A Beth se casou ontem em Poços...

Leda pega Mônica pela mão e as duas vão para o refeitório.

No corredor do quarto em que Leonardo está, Cláudio se encontra com Rubens que ia justamente ver seu paciente. Ele para surpreso ao ver o amigo.

- Cláudio...

- Rubens... Eu vim ver meu pai... Como é que ele está?

- Oi, primeiro, não é? Faz tempo que a gente não se vê.

Eles apertam-se as mãos.

- Ele está bem. Está acordado e já tomou café. Está com a sua madrasta...

- Eu quero vê-lo.

Miguel sai do elevador, já sabendo da presença do amigo no hospital. Aproxima-se dos dois.

- Oi, Cláudio.

- Oi...

- Você está bem?

- Mais ou menos... Eu quero ver meu pai.

- Eu acho melhor entrar no quarto primeiro e avisar que você está aqui, diz Rubens. - Ele ainda está em observação e ainda não sei como ele vai reagir a emoções muito fortes. Você tem que entender isso.

- Eu entendo, mas eu me responsabilizo pelo que acontecer.

Wagner aparece no final do corredor e se aproxima deles também. Parece assustado e não consegue abrir a boca para falar nada. Cláudio também não fala com ele. Como já sabe o número do quarto em que o pai está, passa por Rubens e Miguel e entra. Os dois médicos se olham e Miguel toca o braço de Rubens.

- Deixa... Ele sabe o que está fazendo...

Leonardo está acordado. Magda está a seu lado e sorri ao vê-lo. Aperta a mão do marido a quem já tinha prevenido que ele viria para evitar qualquer emoção maior. E a emoção realmente é grande, quando o pai revê o filho. Leonardo começa a chorar. Cláudio se aproxima dele e está aparentemente calmo quando segura sua mão e lhe beija a testa.

- Eu cheguei a pensar que você não viesse, Leonardo diz, com a voz embargada.

- Eu não fugi de você. Ainda sou seu filho. Mas fique calmo. Se você se emocionar demais, eu vou embora.

- Você a viu?

- Quem, pai?

Leonardo não responde. Sabendo de quem ele está falando, Cláudio se mantém tranquilo. Ele olha para Magda e respira fundo.

- Eu não vim aqui pra falar disso e não vou falar agora.

Magda percebe que os dois têm assuntos importantes a tratar e decide sair.

- Eu vou pedir uma jarra de água fresca pras enfermeiras...

- Não, fique Magda. Eu vou ficar pouco aqui. Quando sair, eu peço pra alguma delas trazer.

- Seu pai quer conversar com você.

- Mas eu não quero conversar com ele agora.

Cláudio segura a mão dela e lhe dá um beijo no rosto.

- Obrigado por ter me avisado.

- Não avisei ontem, porque...

- Eu sei, não precisa explicar. Eu vou falar com o Rubens primeiro depois eu volto aqui. Por enquanto... – ele se volta para o pai, passa a mão por seu rosto e o enxuga... - a única coisa que eu tenho pra te dizer, seo Leonardo, é que eu não sou mais um menino e faz tempo. Sou adulto. Posso muito bem enfrentar meus problemas sem que você fique levando sustos e se preocupando por minha causa. Você já devia esperar por tudo isso. Nada, eu repito, nada do que eu possa ficar sabendo pode mudar o que eu sinto e penso a seu respeito. Por mais erros que você tenha cometido, não vão pesar mais do que as coisas boas que você fez pra mim em vinte e sete anos. Põe isso na sua cabeça de uma vez por todas. Eu amo você com todos os defeitos que você tem e mais alguns.

Cláudio beija a mão do pai.

RETORNO AO PARAÍSO – UM NATAL ATÍPICO

PARTE 6

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/05/2018
Código do texto: T6338899
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