RP - UM NATAL ATÍPICO - PARTE 5

UM NATAL ATÍPICO

PARTE V

CASA BRANCA

Quando chega à Santa Casa com Lopes, Magda vai diretamente falar com o doutor Rubens e ele a recebe com a gentileza que é de costume.

- Seu marido está dormindo, dona Magda. Ele está sedado e vai dormir até amanhã.

- Eu sei. Meu filho falou, mas eu não posso passar longe dele na noite de Natal. Era pra ele estar em casa com a família. Nem que seja sentada numa cadeira, eu preciso ficar no quarto com ele, doutor.

Rubens olha para Leda que está atrás do balcão de informações e não sabe o que fazer. Miguel vem entrando no hospital para iniciar seu plantão e ao ver Magda ali, se aproxima deles.

- Dona Magda? Boa noite... O que a senhora está fazendo aqui na noite de Natal?

- Boa noite, doutor Miguel. Meu marido teve um enfarto agora a pouco. Está internado aqui.

- O quê? Seo Leonardo...? Como aconteceu?

- Nem eu mesma sei direito, só sei que vocês têm que me autorizar a passar a noite com ele. Por favor...

Ela começa a chorar. Miguel coloca o braço em volta de seu ombro e olha para Rubens.

- Não é possível que ela não possa ficar com o marido, Rubens. Tem que ter um jeito.

- Eu já estava cogitando alguma coisa, Miguel. Vou pedir aos atendentes que coloquem uma cama ou um sofá no quarto dele. Ela vai poder ficar.

- Não precisa ser uma cama, ela diz. - Uma cadeira pra mim já basta.

- Espere só um momentinho, dona Magda. Eu vou ver o que posso fazer, diz Rubens se afastando.

- Venha comigo até meu consultório, diz Miguel. – Lá a senhora pode esperar com mais conforto.

No consultório de Miguel, ela conta mais ou menos o que aconteceu. Miguel se condói com a situação.

- Era de se esperar que uma coisa dessas acontecesse com seo Leonardo. O que está acontecendo com vocês é surreal. Doutor Jairo não tinha o direito de expulsar o Cláudio da cidade como fez. Ele não é um bandido. O fato de ter se envolvido com a filha dele pode até parecer errado, à primeira vista, mas existe uma história atrás disso. Ele já foi avisado?

- Não... - ela começa a chorar de novo. – Ligou pra nós agora a pouco pra desejar Feliz Natal... mas Wagner não queria que eu contasse... nem eu tive coragem... Ele está bem e feliz lá.

- Lá onde?

- São Paulo... Por favor, não conte a ninguém.

- Nem que me torturem. Eu tenho todo o interesse que ele seja feliz, mas a senhora vai avisar amanhã, não vai? O Cláudio vai ficar doido se...

- Vou, é preciso. É o pai dele. Ele já vai ficar muito zangado, se eu o avisar só amanhã. Imagine... se acontecesse alguma coisa mais séria? Eu não quero nem pensar...

Leda aparece na porta e avisa.

- Dona Magda, vamos?

Ela se levanta e segura a mão de Miguel.

- Deus lhe pague por tudo.

- Nós colocamos uma cama no quarto, diz Leda. - A senhora vai poder ficar mais confortável.

- Eu sei que essa não é a política da Santa Casa, mas... Leonardo nunca ficou internado na vida. Ele não pode ficar sozinho numa noite como a de hoje.

- Não se preocupe com nada. Procure descansar.

- Feliz Natal pra vocês e Deus os abençoe.

- À senhora também.

Magda segue Leda e vai para o quarto de Leonardo onde colocaram uma cama de armar baixa no canto do quarto. Ela se aproxima do marido que dorme tranquilo. Coloca a mão sobre a dele e o beija chorando.

- Meu velho... Eu estou aqui, querido. Feliz Natal, dorme em paz.

Magda passa maior parte da noite ao lado da cama dele, vigiando seu sono, sentada numa cadeira. Só às três da manhã, cansada, vai se deitar um pouco na cama e consegue cochilar.

Acorda às seis da manhã, levanta-se, dá uma olhada no marido que ainda dorme e sai do quarto, querendo falar com Miguel. Vai até a recepção e Leda é a única que está lá.

- Eu poderia usar o telefone? Preciso ligar para o meu filho.

- Claro! A senhora conseguiu descansar.

- Sim, obrigada...

Leda pega o aparelho e coloca sobre o balcão.

- Fique a vontade.

- Obrigada...

Neste mesmo momento, Wagner entra no hospital com Linda. Magda espera que ele se aproxime.

- Bom dia, mãe.

- Bom dia. Eu ia ligar para o seu irmão.

- O pai já acordou?

- Não...

- Você não acha melhor esperar o papai acordar e saber se ele quer que o Cláudio saiba?

- É claro que quer. Eu sei que ele quer.

Magda pega o telefone e Wagner se afasta com Linda e vai se sentar com ela nas cadeiras ali perto. Alguns minutos depois, Beto chega com Sandra.

- Eu fiquei sabendo agora, cara. Por que você não me avisou ontem? Se não fosse meu pai... Como ele está?

- Acho que agora está bem.

- Mas não foi enfarto, foi? - pergunta Sandra.

- Bem leve, mas foi.

- Coitado do seo Leonardo... ela diz, tapando a boca com as mãos, emocionada.

- Sinto muito, cara. Teu pai é um cara tão legal. Mas ele vai sair dessa.

- Obrigado. O pior já passou. E vocês? Pra quando é o casório?

- Sete de janeiro.

- Que bom. Logo não tem mais ninguém livre e desimpedido por aqui.

- Aproveita que a onda começou. Embarca também.

- Não. Pra mim é muito cedo ainda. Eu quero curtir um pouquinho mais a vida.

- Já preparou o terno?

- Terno? Que terno?

- É claro! Você é o meu padrinho esqueceu?

- Ah, claro... Mas não dá pra ir de jeans, não?

- Bem que nós queríamos. A Sandra queria casar de vestido rosa e com uma coroa de flores na cabeça, mas a sociedade casa-branquense não admitiria isso. Pelo menos na igreja e no cartório tem que ser de terno e gravata mesmo e vestido branco pra ela.

- Se é para o bem de todos...

RETORNO AO PARAÍSO – UM NATAL ATÍPICO

PARTE 5

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/05/2018
Código do texto: T6338606
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