RP - SÃO PAULO - PARTE 24

SÃO PAULO

PARTE XXIV

Wagner pega Linda pela mão e os dois se afastam. Valter, sem entender nada, sorri e diz:

- Essa foi a bronca mais civilizada que eu já presenciei. Que foi isso que aconteceu aqui? Que foi que ele fez?

- Não fez ainda, mas está querendo fazer.

- Ele cresceu. No teu casamento ele tinha... o quê? Onze anos?

- É.

- Continua levado da breca? Eu lembro que ele aprontou poucas e boas na festa, não quis entrar na igreja...

- Ele não queria que eu me casasse... e tinha razão, só que eu ainda não sabia a extensão da burrada que estava fazendo naquela época. Ele é levado da breca, sim, mas é um grande garoto.

- Percebi. Se eu falar com meu irmão do jeito que você falou com ele, meu irmão me bate.

- Não pense que é sempre assim. Quando ele acha que tem mais razão que eu, não há Cristo que o faça obedecer. Aquela cabecinha anda a mais de mil por hora. E é inteligente também. Ele descobriu muito rápido...

- O quê?

- Nada... Ele... estava procurando uma pessoa e...

- Quem? O que ele veio fazer aqui?

- É uma longa história. Não vem ao caso.

- Ele estuda?

- Não, ainda. Fez o colegial, parou um ano, tentou o vestibular no final de setenta e seis, não conseguiu. Prestou o vestibular de novo para Agronomia esse ano e conseguiu.

- Trabalha?

- Não...

- Seu pai vai bancar a faculdade?

- Acho que não vai precisar. Ele herdou uma fortuna da mãe e acho que vai ser o suficiente pra pagar três faculdades e mais alguma.

- Só ele herdou? Você não tem direito a essa herança também?

- Não somos filhos da mesma mãe. É outra longa história.

- Ele é bem diferente de você mesmo, não é?

- Se é... Meu pai teve quatro filhos. Muito diferentes uns dos outros...

- Escuta, Cláudio, e o teu empréstimo? Você nem falou nele com a Karen.

- Não posso... Não posso pedir nada pra ela.

- Mas é uma mão na roda, cara. Ela te conhece e, pelo que eu vi, gosta de você como se fosse sua mãe. Acho que não negaria nada pra você.

- Eu sei, mas é justamente por isso que eu não falei nada. Ela não aceitaria pagamento e eu não quero nada de graça.

- O eterno orgulho.

- É, o eterno orgulho. Eu tenho que manter o pouco que me resta. Eu já saí de Casa Branca enxotado de lá. Já foi humilhante demais. Agora, eu quero fazer alguma coisa por mim mesmo. Quero lutar por mim mesmo. Eu procuro outra pessoa.

- São Paulo é fogo, meu amigo. Toma cuidado.

- Obrigado pelo conselho. Vou me lembrar dele.

Quando eles chegam perto do carro, Cláudio pergunta:

- Quer uma carona de volta à Santa Casa?

- Não, só vim te acompanhar até o carro. Eu vou ficar aqui até a noite. Qualquer dia a gente marca um almoço lá em casa. Quero te apresentar minha família.

- Ok. A gente faz isso. Tchau, Valter. Obrigado por tudo.

Quando chega ao apartamento, Cláudio já encontra Wagner lá e o rapaz está com cara de poucos amigos esperando por ele. Mal coloca o pé para dentro do apartamento e ele já recebe a fúria do irmão.

- Escuta aqui, rapaz, você pensa que é quem pra falar comigo daquele jeito na frente da Linda e do seu amigo? Eu não sou seu filho e não sou mais criança pra ficar recebendo bronca idiota de você. Você não é meu pai! É a última vez que você fala comigo daquele jeito.

Ele para ofegante e ainda bastante zangado. Linda, Mônica e Diana ouvem tudo em silêncio. Cláudio o escuta impassível e em seguida pergunta, calmo:

- Acabou?

- Não! Só não despejo meia dúzia de palavras bonitas que eu conheço em cima de você, por respeito às meninas. Eu não sou palhaço, cara!

- Eu não te fiz de palhaço. E de mais a mais quem provocou foi você.

- Eu não provoquei nada! Eu fui até lá com as minhas pernas e no meu carro!

- Bisbilhotar...

- Isso não é da sua conta!

- Como não é da minha conta? O que você foi fazer lá?

- Não te interessa.

- Tem certeza?

Wagner olha para Linda e não responde.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 24

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/05/2018
Código do texto: T6330339
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.