RP - SÃO PAULO - PARTE 19
SÃO PAULO
PARTE XIX
Wagner se cala.
- Vamos trocar os carros? Eu preciso ir a um lugar e não quero ir no seu.
Cláudio joga a chave do Aston Martin para ele e os dois voltam para a porta do hotel, sem falar mais nada. Ao chegar lá, Linda não está mais no carro.
- A Linda deve ter entrado no hotel. Deve ter se cansado de me esperar e subiu.
- Então vai atrás dela. Eu tenho que ir até a Santa Casa. Deixa a Diana comigo até amanhã. As chaves...
Wagner tira as chaves do Peugeot do bolso e joga para ele.
- Tchau.
- Você não quer ver a foto da sua mãe?
Cláudio não responde. Só espera. Wagner retira a fotografia do bolso traseiro do jeans e entrega a foto ao irmão. Cláudio olha para ela por um instante.
- Você tem os olhos dela... Wagner diz.
O médico devolve a foto e abre o carro sem dizer nada.
- Tchau.
- Cláudio...
Ele entra no carro e se afasta. Wagner balança a cabeça e exclama em voz baixa:
- Cabeça dura! Não nega que é filho de Leonardo Valle...
Entra no hotel e encontra Linda sentada no sofá da recepção. Ao vê-lo, ela se levanta.
- Onde você estava? Não vi você sair do hotel.
- Eu já fui até a Sé.
- O quê?
- É uma longa história. Ainda está disposta a espionar comigo?
- Claro, pra onde a gente vai?
- Vem. Você vai ver.
Apesar de toda conversa que teve com o irmão, Wagner teima em continuar seu plano de encontrar Lucila e os dois vão procurar pela rua em que ela mora no Alto da Lapa.
Depois de muito parar e perguntar para pessoas que passam por ali, eles encontram a rua e a casa.
A Rua Ajuricaba é estreita e não tem muito movimento de carros. Parece ser bem tranquila. Wagner estaciona o carro em frente à casa do outro lado da rua e se apoia ao volante, olhando para ela.
- Você não acha melhor tocar a campainha e perguntar para alguém? - Linda pergunta, depois de algum tempo. – Sentados aqui, fica meio difícil...
- Não sei. Parece não ter ninguém.
- Pelo jeito da casa, parece ser de gente de posses. É pequena, mas muito charmosa. Podem ter saído ou viajado.
- O Gart falou que ela não é dona da casa, só mora e trabalha aí.
- Empregada?
- Não sei... Eu tenho até medo de descobrir.
Linda sai do carro. Na casa do lado, há uma senhora lavando a calçada, ajudada por uma garota de mais ou menos dez anos. Linda atravessa a rua e se aproxima delas.
- Bom dia!
A mulher volta-se para ela e sorrindo responde:
- Bom dia!
- A senhora poderia me dar uma informação?
Rapidamente a mulher pede à garota que desligue a mangueira e chega mais perto de Linda.
- Pois não?
- Eu estou procurando uma pessoa, uma senhora. O nome dela é Lucila Maria Naime. A senhora conhece alguém aqui na rua com esse nome? Eu tenho o nome da rua, mas não tenho o número da casa...
- Lucila? Conheço sim. Ela mora nessa casa do lado. No duzentos e vinte e dois.
- Poxa, que bom... E a senhora sabe se ela está?
- Não está. A Lucila é empregada da casa. A patroa dela está internada e ela passa o tempo todo com ela no hospital. Não tem ninguém na casa no momento. Sinto muito.
- Que pena... Eu precisava muito falar com ela...
- Se você quiser, eu posso te dar o nome do hospital. Ela está no Emílio Ribas.
- A senhora tem o endereço? Eu não moro na cidade.
- Claro. Fica no Pacaembu, na esquina da Dr. Arnaldo com a Rebouças. Eu não sei o número, mas não é difícil. Você é parente dela?
- Sou sim... Sou sobrinha, Linda mente. - Meu pai está muito doente e me pediu pra avisá-la. Eles são muito amigos. Muito obrigada pela informação. Meu nome é Linda.
- Você é portuguesa, não é?
- Sou, sim, senhora.
- Seu sotaque é muito bonito. Espero que seu pai melhore.
- Obrigada. Desculpe interromper o seu trabalho.
- Não foi nada.
- Até logo.
- Tchau...
Linda atravessa a rua e volta para o carro, satisfeita.
- E aí? Conseguiu alguma informação? - Wagner pergunta.
- Ela está no hospital... Emílio Ribas. Você já ouviu falar?
- Já, é muito conhecido.
- A patroa dela está internada lá.
Wagner sorri e diz:
- Eu tenho vontade de te dar um beijo.
- E por que não o faz?
- Porque eu estou em serviço e o super Wagner não beija em serviço. Diminui os reflexos.
Linda ri. Ele sugere.
- Topa comer alguma coisa, antes de irmos ao Emílio Ribas?
- Fome também diminui os reflexos?
- E como...! Já são quase onze horas. A gente almoça e vai até lá.
- Certo, chefe! - ela diz. – Mas e se a gente encontrasse um restaurante que ficasse mais ou menos perto do hospital?
- Essa ideia é tão maravilhosa que eu não quero nem saber de reflexo. Eu tenho que te beijar.
Wagner a beija rapidamente e diz:
- Aumentou a fome. É melhor a gente se apressar...
RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO
PARTE 19
OBRIGADA E TENHA UM ÓTIMO DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!