RP - SÃO PAULO - PARTE 12
SÃO PAULO
PARTE XII
- Wagner sabe que tem conta em pelo menos três bancos no Estado de São Paulo? - pergunta Mr. Bartley.
- Não, nem eu sabia.
- Mr. Russel me pediu pra cuidar disso, meses antes de morrer. O Banco do Brasil em Casa Branca é um deles, mas acho melhor você não dizer nada a ele, por enquanto. Se ele não está preparado pra usar esse dinheiro agora, é melhor que ele ainda ignore que o tem.
- Mr. Bartley, eu não disse que ele é incapaz, só disse que ele não tem nenhuma ambição. Não se importa com o fato de ser ou não milionário. Leonardo Valle pode ter sido o que for, mas conseguiu colocar bons princípios na cabeça dos filhos. O filho mais velho dele trabalha como médico num hospital da cidade e trabalha duro. Não usa a fortuna que tem como desculpa. Quando Wagner amadurecer mais, quando ele crescer mentalmente, vai poder perfeitamente cuidar de tudo. Por enquanto, ele só é um garoto querendo viver. Eu não acho bom lhe tirar esse direito. Eu cuido de tudo por enquanto.
- Eu você? A sua condição de neto que foi descoberto há pouco tempo lhe dá um direito que você nem cogitou ainda.
- Direito?
- Você pode e deve começar a usar o nome Russel no seu sobrenome. Já pensou nisso?
Gart sorri e balança a cabeça, negando aquela possibilidade.
- Não... Eu não preciso assinar Russel pra ser um... preciso?
- Juridicamente seria interessante.
Gart pensa um pouco e diz:
- O Wagner não tem Russel no nome.
- Ele tem o sobrenome do pai. Do avô paterno, mais necessariamente.
- Vou lhe propor uma condição... - ele diz, com um sorriso maroto. – Se ele quiser colocar Russel no nome dele, eu coloco no meu também.
- Isso demandaria uma briga jurídica muito séria com o pai dele e com as leis do Brasil e...
- Então deixe as coisas como estão.
- Você é quem sabe. De qualquer maneira, seu avô deve estar muito satisfeito onde quer que esteja.
- Eu espero.
- Até logo, Gart. Eu volto amanhã ou você pode ir até a empresa.
- Até logo, Mr. Bartley. Eu entro em contato.
O advogado entra no carro e sai da casa. Gart espera que Teo se aproxime e ele o faz. Quando está bem perto dele, Gart percebe que Teo está levemente alcoolizado. Seus olhos estão vermelhos e seus passos estão um pouco inseguros, além do cheiro de álcool que emana dele.
- Bom dia, patrãozinho, ele diz, irônico.
- Bom dia, Teo.
- Onde está minha noiva?
- Ela quis ficar por lá.
- Eu sabia... Aquele pivete acabou virando a cabeça dela mesmo. E você ajudou.
- Eu não ajudei nada. Sua... ex-noiva é maior de idade e tem ideias próprias. Ela sabe o que faz e o que quer. Eu acho melhor você ir dormir um pouco. Você não parece muito bem.
- Não pedi sua opinião. Você não tem nada a ver com isso. Você já se meteu demais na minha vida. E sabe o que eu faço com quem se mete na minha vida?
Teo tira o revólver do coldre por dentro do casaco e aponta na direção de Gart.
- Eu vou acabar com você e com aquele pivete sem vergonha...
Gart não se altera.
- Você está bêbado, Teo. Pensa bem no que você vai fazer.
Teo engatilha a arma, mas um estampido é ouvido e a arma lhe cai da mão e ele se encolhe segurando-a e sentindo dor. Peter, Bob e Neil se aproximam. Foi Peter quem atirou, mas acertou só na arma. O coice fez com que a mão de Teo se deslocasse de um jeito que a fizesse doer.
Teo ainda está curvado pela dor.
- Eu não sei quantas vezes ainda vou ter que fazer isso, mas acho bom você sair daqui bem rápido, senão o duelo vai ser contra quatro, Teo, Peter fala com tranquilidade. - Nós já te avisamos uma vez. Esta é a segunda. Da próxima vez, eu posso não ter a mesma boa pontaria.
- Ninguém está querendo brigar com ninguém, Teo, diz Neil. – Vá embora ou vá dormir no alojamento. Ninguém vai te incomodar.
Teo olha com ódio para os três e vai abaixar-se para apanhar a arma, mas Peter diz:
- Deixa aí. Você não precisa dela pra andar pela casa e nem pra sair dela. Ninguém está correndo nenhum perigo. A única pessoa violenta aqui é você.
Ele se ergue e diz ameaçador:
- Eu volto... E da próxima vez, não vou avisar... Você ainda me paga, Gart.
Ele se afasta dali. Gart aproxima-se da arma e a apanha do chão, entregando-a a Peter.
- Obrigado novamente, Pete. Eu estou me cansando disso.
- Nós já estamos preparados, diz Bob. – Não reclame, Gart, mas não vamos deixá-lo sozinho nem um minuto.
- Isso é um absurdo...
- Não reclame...
Os três se encostam cada um em um pilar e cruzam os braços. Gart encolhe os ombros e entra na casa.
RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO
PARTE 12
OBRIGADA E TENHA UM ÓTIMO DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!