RP - SÃO PAULO - PARTE 11
SÃO PAULO
PARTE XI
Miguel para de mastigar e olha para Lúcia surpreso.
- Filho? Você tem um filho?
- Ele tem cinco anos.
Ele se refaz da surpresa e pergunta:
- E você acha que isso é empecilho pra mim? A menos que você ache que eu não sou bom o bastante pra substituir a beleza de pai que seu filho teve.
- Não é nada disso...
- Lúcia... eu ia me casar com a Mônica, a despeito do filho dela ser de outro homem. Por que você acha que seu filho iria mudar a minha decisão?
- Ele não é uma criança normal, Miguel. Ele é cego.
Miguel se cala, tomado pela surpresa novamente. Ela se levanta sai do salão indo na direção do corredor onde ficam os quartos. Miguel se levanta também e vai atrás dela.
Ele a alcança e segura seu braço.
- Lúcia, espera! Me desculpe, eu... não sabia...
Ela para e encosta-se à parede do corredor. Está chorando.
- Eu não estou dizendo a você que não quero me casar porque você não está à altura do pai dele... Eu só não posso dividir meu tempo em três. Eu preciso dedicar meu tempo ao meu filho e ao meu trabalho. Mais a ele do que ao trabalho. Eu preciso sustentá-lo e não é fácil. Todo tempo que eu fico em casa é gasto com ele. Não cabe outro homem na minha vida.
- Não cabe se esse homem for seu marido e ele não tiver um pingo de compreensão e bom senso. Eu não me encaixo nessa categoria. Não em se tratando de uma criança deficiente. Continuo não vendo empecilho nenhum. Eu posso ajudar você nisso.
Ele a faz encará-lo, segurando seus ombros.
- Naquela época foram os quatro anos que você tinha a mais que eu que começaram a perturbar sua cabecinha. Nós superamos. Agora é uma criança cega? Eu também não vou aceitar isso. O que tem mais? Seu marido está morto. Nós somos livres. Qual o problema agora? Você é homem?
Ela ri e esconde o rosto em seu ombro. Miguel ergue seu rosto e a beija, com ternura.
- Eu já disse que eu te amo. Ainda te amo. O que precisa mais pra você me aceitar na sua vida de novo, Lúcia?
- Você muda de ideia muito depressa. Eu tenho medo disso.
- Prometo tentar me controlar.
- E vai perder a hora. Você não tinha que estar no hospital às sete?
Ele olha no relógio e se assusta.
- Deus do céu! Quinze pras sete!
Dá um beijo rápido nela e sai correndo para a rua.
- Depois a gente conversa mais sobre isso! - ele diz, enquanto corre, pegando uma torrada no caminho.
Sua sorte é que a Santa Casa está a dez minutos dali.
LONDRES
Teo aparece na mansão Russel pela manhã. Mr. Bartley está se despedindo de Gart na porta da mansão e Gart o vê encostado numa árvore a alguns metros da casa.
- Você pretende voltar ao Brasil? - Bartley pergunta.
- Não tão cedo. A não ser que o Wagner precise de mim lá e me chame. Eu acho isso meio difícil. Eu penso que sou mais necessário aqui.
- Isso é verdade. Eu preciso muito de você.
- Eu estou a sua disposição. Já agradeço de antemão pela paciência.
- Eu vou ajudá-lo no que puder. É a minha obrigação. Eu prometi a Mr. Russel que daria toda assistência a você na ausência dele.
- Eu quero mesmo conhecer a fundo as empresas Russel... já que tenho que cuidar delas, enquanto o Wagner não toma posse de tudo de fato. Se é que um dia ele vai fazer isso.
- Ele externou alguma posição a respeito?
- Não, acho que ele nem pensa na extensão do que ele tem nas mãos. Pelo que eu sei, ele nem acha ainda que é dono daquela fazenda. Pelo menos não age como se tivesse noção disso. E também não acredito que ele vá querer deixar o Brasil pra cuidar de tudo isso e ele tem que deixar. Nem tudo se pode fazer por telefone e não tem condição de viajar toda semana de lá pra cá. Mesmo com o jato a disposição. Ele vai acabar com a fortuna do bisavô em três meses. E outra coisa... ficar atrás de uma mesa, assinando papéis também não é o perfil dele. Não é nem o meu.
- Mas as empresas agora estão no nome dele. Mr. Russel deixou ordens para que logo que ele completasse vinte e um anos, os documentos todos começassem a ser assinados por ele mesmo. Essa ordem só pode ser revogada se Wagner renunciar da herança e passar tudo para alguém da família, no caso você, que é o único herdeiro vivo.
- Vamos esperar pra ver. Ele só faz vinte e um anos no final do ano que vem, então, temos muito tempo. Wagner não se importa nem um pouco com o fato de ser dono de uma das maiores fortunas da Inglaterra, na verdade... ele não está levando isso muito a sério.
- Ele sabe que tem conta em pelo menos três bancos no Estado de São Paulo?
RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO
PARTE 11
OBRIGADA E TENHA UM BOM RESTO DE TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!