RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 18
EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES
PARTE 18
Lúcia se acomoda na cadeira diante da mesa e Miguel se senta também.
- Você não está vendo miragens. Sou eu mesma. Está tudo bem?
- Só acreditei que era você quando ele me disse seu nome e minha alegria dobrou quando... não tinha o maldito Valência no final dele e ouvi o... senhorita Lúcia Xavier Jordão, seu nome de solteira... Que aconteceu? Separou ou ele morreu?
- Num desastre de automóvel, mas nós já estávamos separados.
- Será que é pecado se eu disser... que bom?
- Pra um médico é. Você não fez um juramento?
- Nesse momento, eu até me esqueci de que sou médico. Adorei ver você de novo.
- Você está abatido ou é impressão minha? Essas olheiras não faziam parte do seu rosto...
- É, quem sabe... ele diz, passando a mão pelo rosto. – Andaram acontecendo coisas por aqui que me tiraram o sono, mas já passou. Só mais uns vidrinhos de Biotônico e o Jeca aqui volta ao normal.
- Onde você está morando?
- Cinco minutos daqui e estamos lá. Eu revezo entre um quartinho numa pensão da cidade e na Santa Casa de Misericórdia de Casa Branca. Só pra não ficar viajando todo dia até Poços.
- Mudou-se de lá? E sua mãe?
- Não, nada disso. Aquela não sai daquele casarão nem morta. Ou melhor, ela diz que só morta sai de lá, mas eu a vejo de quinze e quinze dias.
- Casou?
- Não... Nem quero.
- Poxa, que resposta taxativa. Dói até em quem não merece. Quem te fez ficar tão revoltado assim?
- E vou ficar mais, se você não for almoçar comigo.
- Eu estou trabalhando, doutor. Eu tenho que levar o garoto...
- Leva ele com a gente. Eu gosto demais do Alberto. Você tem que voltar hoje pra São Paulo?
- Já era pra ter levado ontem. Eu teria que estar aqui no domingo.
- Um dia a mais, um dia a menos... A gente sobe, pega o Alberto, vamos almoçar, depois, se você não quiser, não precisa voltar pra cá. Eu vou pra Santa Casa e você... Já está hospedada em algum lugar?
- Não, cheguei à cidade e fui direto pra delegacia falar com o delegado.
- Então está resolvido. Eu vou te levar até o hotel da cidade. A dona dele é a Júlia, uma senhora de cinquenta e cinco anos muito fofa, maravilhosamente fofa. Ela serve uma comida de primeira no hotel. Você vai adorar.
- Eu pensei que fosse comer a sua comida.
- Se a gente fosse pra Poços, você correria o risco disso acontecer. Ainda tem coragem?
- Eu adorava seus bifes bem passados.
- Muito bem passados. Solas de sapato, você quer dizer. Não, não é isso que você vai comer. Pelo menos não hoje. Vamos pegar o Alberto?
- Quem é o dono desse hospital?
- Doutor Jairo Telles.
- O doutor Arnaldo me falou dele. Ele está passando por problemas sérios, não é?
- É verdade. Ele viajou hoje de manhã pra Europa, muito abalado.
- Mas o Arnaldo me disse que a filha dele sumiu ontem. Doutor Arnaldo estava muito ocupado com isso quando eu cheguei. Estão procurando por ela. Ele viajou mesmo assim?
- Ele não quis ficar aqui pra acompanhar as buscas. Deixou o delegado encarregado de tudo e qualquer notícia deveria ser dada por telefone posteriormente. Ele está muito desgostoso por causa disso.
- Filha única?
- É...
- Que idade ela tem?
- Dezessete.
- Coitado. Mas ninguém imagina pra onde ela pode ter ido?
Miguel respira fundo.
- Eu sei...
- Você? E por que não contou pra ele ou pro delegado?
Ele se levanta e a faz se levantar também.
- Vamos pegar o Alberto. Eu te conto tudo depois. É uma história muito longa.
RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES
PARTE 18
OBRIGADA E BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!