RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 8
EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES
PARTE 8
- Meu pai me coloca pra fora de casa de mala e cuia, diz Beto. - Nem brincando...
- Mas não é isso que você quer? Ser pobre?
- Pobre, não “pronto”. Também não estou rasgando dinheiro ainda. Eu quero seguir a ordem natural das coisas. Eu só gostaria de ter nascido pobre e não me tornar pobre de uma hora pra outra. Não tenho intenção nenhuma de viver com a Sandra debaixo de uma ponte.
- Estava brincando, Wagner diz, sorrindo. – Mas quem sabe vocês se adaptem à vida lá e nem queiram mais pensar em voltar pra São Paulo.
- É... quem sabe... Já que não tem outro jeito... Mas eu acho que vai ser meio difícil esquecer daqui. Vinte e um anos não são vinte e uma horas. Casa Branca está no meu sangue e no meu coração. Eu amo tudo isso demais.
Wagner fica olhando para o amigo e sente que há mais alguma coisa por trás de tudo que ele diz.
- Beto... o motivo desse casamento às pressas é só esse mesmo?
Beto olha para ele rapidamente e depois desvia o olhar.
- É claro que é... Por que mais seria?
Os dois ficam em silêncio e para quebrar o embaraço da situação, Wagner começa a tirar a camisa.
- O que você está fazendo? - Beto pergunta.
- Está calor demais. Vou entrar na água. Você vai ter as praias de Salvador pelo resto da vida. Não quer se despedir do nosso único pedaço de água?
Sem responder, Beto concorda, começando a tirar a camisa. Wagner se atira na água. Beto joga a camisa longe também e se atira na represa atrás do amigo.
À noite, em seu quarto, Wagner arruma algumas roupas em uma mochila, quando batem à porta:
- Está aberta.
Gart entra. Wagner olha para ele e sorri.
- Oi, herói? How are you? Deu pra descansar?
- Até demais. Arrumando as malas?
- É. Já fez as suas?
- Já, mas eu não vou pra São Paulo com você.
Wagner interrompe o que fazia e olha para ele.
- Por que não?
- Eu vou voltar pra Inglaterra, Wagner.
- O quê?! Mas não era isso que estava previsto.
- Eu liguei pro Bartley agora a pouco e ele me disse que precisa de mim lá. Está tudo parado desde que saímos de Londres. Não estava previsto ficar tanto tempo aqui. Ele precisa da minha assinatura em vários documentos e eu sou responsável por tudo aquilo, esqueceu?
- Não, não esqueci. Mas você volta pra cá, não volta?
- Não sei...
- Não sabe? Como não sabe? Não gostou daqui?
- Gostei, claro, mas...
- Então tem que voltar. Até o delegado gostou de você. Quando eu te apresentar pro prefeito, ele vai te dar as chaves da cidade. Eu preciso de você aqui.
- A Linda vai ficar. Eu acredito que ela é muito mais importante do que eu do seu lado.
- Que papo furado é esse? Os dois são importantes. Não tem nada de um ser mais do que o outro. Você vai voltar e isso é uma ordem.
- Vou pensar muito antes de cumprir essa ordem sua.
Wagner se senta na cama e pergunta sério:
- Alguma coisa te aborreceu aqui? Fora o fato de quase ter sido deportado, claro...
- Não, não estou aborrecido com nada. Deveria?
- Sei lá...
Gart sorri.
- Ou é a tua consciência que está te acusando de alguma coisa.
- Minha consciência?
- Você é do tipo de pessoa que a gente descobre o delito antes mesmo de ouvir a confissão.
- Vai dar uma de Mr. Russel agora, é?
- Eu sou neto dele. Está no sangue.
Wagner se levanta e dá alguns passos indo para perto da janela.
RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES
PARTE 8
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!