RP - EXÍLIO - PARTE 25
EXÍLIO
PARTE 25
Leonardo entra na sala. O fazendeiro olha para Gart e aperta sua mão, agradecido.
- Obrigado, filho.
Gart apenas sorri. Depois Leonardo olha para Arnaldo.
- Você não vai prender esse rapaz, vai, Arnaldo?
- Não, acabamos de tirar as algemas dele. Ele pode ir. Só não fique circulando muito pela cidade. O doutor Jairo não vai me deixar em paz.
- Ele não vai. É meu hóspede na fazenda. Amigo do meu filho.
- Você pode ir, mas procure não se meter em mais confusão.
- Obrigado e... desculpe. I’m very sorry...
- Gart, você pode me fazer um favor? Leve a Magda e as crianças pra fazenda pra mim, por favor. Eu não sei onde o Wagner se meteu. A moto dele está aí fora e a Linda disse que ele foi até a Santa Casa, mas...
- Pode deixar. Eu levo. Até mais.
Gart sai e Leonardo se volta para Arnaldo.
- Espero que você tenha mudado de ideia a respeito do caso do meu filho, Arnaldo.
- Não sei se mudei de ideia, mas começo a acreditar que o doutor Jairo está vendo chifres em cabeça de cavalo. Eu tenho boas notícias pra você e más para Jorge e Bárbara.
- Então me diga logo.
- Senta aí.
Leonardo se senta, ansioso. Arnaldo pega um envelope pardo na primeira gaveta da mesa e estende a ele.
- O que é isso?
- Seu filho Cláudio tinha ou tem arma de fogo em casa?
- Cláudio? Não. Eu já esperava que você me fizesse essa pergunta. Meu filho sempre foi contra armas de fogo ou de qualquer tipo.
- Certeza?
- Posso jurar pela vida das minhas filhas.
Arnaldo tira de dentro do envelope duas balas já deflagradas.
- Estas balas saíram do mesmo revolver. Você reconhece o calibre?
Leonardo pega as duas e depois de pouca observação, diz:
- Trinta e oito.
- Exatamente. Uma atingiu a filha do Jairo, anteontem, e a outra... a filha do Jorge, ontem, e pelo mesmo revólver.
Ele abre uma caixa sobre a mesa e retira dela um revólver embrulhado num lenço.
- Este aqui. Você reconhece?
- Se não me engano... é do Jorge. Eu mesmo dei a ele, num dos seus aniversários.
- Foi encontrada num terreno baldio que fica atrás da casa dos Telles.
- Quem encontrou?
- Humberto Lage Junior, amigo de seu filho Wagner e filho do Lage do supermercado da estação. Pelo que ele me contou, a... turminha deles montou uma equipe de busca pra tentar achar a pessoa que atirou na Mônica. Circundaram a casa do doutor Jairo e do Jorge e a acharam enterrada num terreno baldio atrás da casa do jornalista. Foi enterrada de forma tão amadora que não foi difícil encontrar.
- E a que conclusão você chegou?
- Calma. Ainda tem mais. Fizemos a busca de impressões digitais na arma e descobrimos... que são as da sua nora.
- O quê? Da Tânia? Meu Deus...
- E você há de convir comigo que ela tinha motivos de sobra para fazer isso. Afinal de contas, ela perdeu o marido para a prima.
- Pobre moça, lamenta Leonardo.
- Ela vai ter que responder a um sério questionário.
- Mas você não vai prendê-la, vai? Se ela chegou a esse ponto, não deve estar muito bem emocionalmente.
- Provavelmente, não. Jairo não abriria processo contra a própria sobrinha, sabendo suas razões. Ela deve estar passando por maus bocados.
- Eu imagino. E o caso do Cláudio?
- O caso do doutor Cláudio... Ele pode estar livre das acusações de tentativa de assassinato... mas a acusação sobre assédio de menores, não. Ele engravidou uma menor de idade e confessou isso pro pai dela. Doutor Jairo ainda tem todos os direitos de abrir processo contra ele. E seu filho ainda pode ser preso, se ele fizer isso.
Leonardo encosta-se na cadeira desanimado.
- Sinto muito...
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Naquela noite, Arnaldo pede a Jairo que vá até a delegacia conversar com ele com mais calma e lhe explica, como explicou para Leonardo, sobre as balas que foram retiradas dos ferimentos de Mônica e Tânia. Quando o delegado lhe diz que as duas balas saíram do mesmo revólver e que a arma é de seu irmão, Jairo fica sem palavras, olhando para arma.
- O senhor reconhece que essa arma é do seu irmão, doutor?
- Ela está registrada como dele. Por que perguntar pra mim, Arnaldo?
- É o meu trabalho. Eu preciso que as pessoas tenham certeza e confirmem o que está acontecendo com elas. O senhor quer continuar com a denúncia? Ainda quer... que eu continue a investigação sobre quem atirou na sua filha? Eu vou ter que falar com seu irmão sobre o que foi descoberto. Ele também vai estar envolvido porque a arma é dele e... vou ter que interrogar sua sobrinha.
- Não... Jairo diz em voz baixa. – Minha sobrinha não está bem. Ela já sofreu demais e não suportaria passar por um interrogatório desse tipo.
- E o senhor ainda quer que eu continue procurando pelo doutor Cláudio? A essa hora ele deve estar bem longe daqui...
- Não... talvez... não seja mais necessário você ocupar seus homens com isso também. Ele já fez o que eu pedi. Sair da cidade e ficar longe da minha filha, mas que fique bem claro... se ele voltar... prenda-o. Do crime de sedução de menores, ele ainda não está livre... e não vai ficar tão cedo.
- Eu vou... convocar o doutor Jorge também pra lhe explicar o que está acontecendo...
- Eu gostaria que você me deixasse fazer isso...
- Como? Não entendi.
Jairo se levanta e pega a arma.
- Eu mesmo falo com o meu irmão. Eu converso com Jorge e Bárbara sobre isso. Esse assunto só diz respeito à família Telles e eu prefiro que fique só entre nós.
- Sim, senhor. Como quiser. Se o senhor vai levar a arma, terá que assinar um documento responsabilizando-se que ela seja...
- Eu vou devolvê-la ao Jorge. Assino o que você quiser.
Jairo assina um termo de responsabilidade por retirar a arma de Jorge e sai da delegacia, indo direto para a casa dele.
Os dois irmãos conversam longamente e Jorge fica muito abalado ao saber que a própria filha tentou matar Mônica com sua própria arma e que depois atirou em si mesma para tentar incriminar o marido. Os ferimentos que havia em seu corpo também tinham sido causados por ela mesma num momento de fúria, logo depois que Cláudio saiu da casa, ignorando o fato de que ela tinha intenção de contar a seu pai sobre seu romance com a prima.
Depois de muito discutirem, os dois irmãos decidiram abafar o caso, que já estava se tornando um grande escândalo na cidade inteira e poderia ficar ainda pior. Os dois concordaram também que, expor Tânia a um interrogatório jurídico por tentativa de assassinato, só iria piorar o estado emocional da moça, que só conseguia dormir sob efeito de calmantes. O caso é encerrado.
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PARTE 25
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!