RP - EXÍLIO - PARTE 24
EXÍLIO
PARTE 24
Miguel entra no quarto e não se surpreende ao ver Wagner ali com Mônica.
- Oi, Wagner.
Wagner se levanta.
- Oi, Miguel.
- Você viu a multidão que está na frente da delegacia? Eu quase não consigo passar com o carro por lá.
- Multidão? Eu vim de lá agora a pouco e não tinha ninguém lá.
- Parece que a cidade inteira está na frente do prédio. Me disseram que prenderam outra pessoa no lugar do seu irmão.
- Então já chegaram. Ótimo!
- Eu já disse uma vez e repito agora: o Cláudio tem um anjo da guarda que eu queria contratar pra mim. Vá ter sorte assim no inferno...
- Não querendo deixar o anjo do Cláudio de lado, mas desta vez ele teve uma ajudinha do Gart. Foi ele que prenderam.
- Quem é Gart?
- Você não conheceu ainda. Ele é meu tio que veio de Londres comigo e está aqui na fazenda com a gente.
- O que ele tem a ver com isso?
- É uma longa história, mas em resumo, o Arnaldo pediu pra dois policiais dele trazerem de volta pra cá minha irmã e o Alberto, que eles achavam que estava com o Cláudio. Os policiais encontraram as crianças que estavam no meu carro, mas o Cláudio não estava mais nele. O Gart estava. Eu o mandei pra pegar minha irmã em Campinas onde o Cláudio estava. Eles trocaram os carros e não deu outra. Resumo da ópera: o Gart foi preso e o Cláudio não.
- E isso não pode complicar o seu tio?
- Que nada. O máximo que podem fazer é mandá-lo de volta pra Inglaterra. Não podem prendê-lo aqui. E acredito que nem dê processo. Eles já têm problemas demais pra resolver.
- Que história...
Miguel olha para Mônica.
- Está feliz não é, garota?
- Aliviada, talvez... Só vou ficar feliz, quando ele estiver comigo...
Wagner a abraça e Miguel suspira.
Na delegacia, Gart é vítima de acusações sem fim por parte de Jairo que está tremendamente nervoso.
- O que o senhor tem a ver com tudo isso? Sai do seu país pra vir se infiltrar em problemas que não lhe dizem respeito?
- Calma, doutor Jairo, diz Arnaldo. – O rapaz pode explicar.
- Eu não preciso de explicações. Está na cara que ele quis despistar seus policiais pra deixar o Cláudio fugir. E só pode ter sido a mando daquele outro desmiolado do Wagner Valle.
- Não, senhor, interrompe Gart. – O Wagner só me pediu pra ir buscar a irmã e o menino que entraram no carro que o doutor Cláudio dirigia, sem que ele soubesse.
- E o senhor trocou de carro com ele a troco de quê? - Arnaldo pergunta.
- O carro do Wagner estava quase sem gasolina e nós trocamos pra o irmão dele poder continuar seguindo viagem.
- Pra onde? Pra onde é que ele foi?
- Isso eu não sei, senhor. Ele não disse pra onde ia.
- O senhor não sabia que ele estava sendo procurado pela polícia? - Jairo pergunta.
Gart faz uma pausa e responde:
- Sabia, mas...
- Permitiu que ele fugisse. Facilitou sua fuga. Isso é obstrução de justiça. O senhor devia ser preso no lugar dele!
- Doutor Jairo, nós não podemos prendê-lo, dia Arnaldo. - Ele não é brasileiro.
- Então mande-o pro país dele. Deporte-o. Você sabe que pode ser banido do Brasil por isso, não sabe?
- Sei, mas... acredito que o que eu fiz beneficiou... a um outro banido. Pelo que eu sei, ele foi expulso daqui também.
Jairo não sabe o que dizer.
- Se eu for expulso do Brasil por isso... não quero que ninguém me ajude a voltar, porque eu não vou querer voltar... nem com escolta policial.
Arnaldo sente vontade de rir, mas não o faz devido a seriedade da situação. Jairo não sabe o que faz. Indignado, sai da sala. Arnaldo senta-se calmamente em sua mesa. Os policiais que trouxeram Gart se desculpam com o delegado pelo insucesso da missão.
- Vocês não falharam. Trouxeram a menina e o garoto. Está tudo bem. Vão descansar. Se souberem de alguma coisa a respeito do médico, comuniquem. Se bem que a essa hora ele já deve estar a caminho da capital... Antes de sair, tire as algemas dele, Freitas.
O policial o faz e olha para Gart com cara de poucos amigos ao passar por ele. Leonardo entra na sala. O fazendeiro olha para Gart e aperta sua mão, agradecido.
RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO
PARTE 24
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!