RP - EXÍLIO - PARTE 10
EXÍLIO
PARTE 10
Às onze e meia, Miguel vai almoçar no restaurante Barão e, no caminho, se encontra com Wagner subindo a rua em sua moto. Wagner para ao vê-lo.
- Wagner, que bom te ver.
- Oi, Miguel.
- Preciso muito falar contigo. A Mônica está aflita querendo saber do seu irmão e pra falar a verdade... eu também. E ele?
- Não sei... Ainda não sei. Ele saiu da fazenda logo cedo. Ainda não sei pra onde ele foi.
- Que bom que o delegado não conseguiu encontrá-lo.
- Foi por um triz. Ele ainda estava na fazenda, quando o Arnaldo chegou lá pra prendê-lo. Só que agora... tem outro grilo.
- Grilo? Qual?
- Minha irmã mais velha sumiu.
- A Diana?
- É. Sumiu, evaporou. Ninguém sabe onde ela está. E o pior nem é isso. Ela sumiu e o Alberto também.
- O garoto que o Cláudio estava cuidando?
- O próprio. Eu não sei mais o que fazer. Minha madrasta está num estado de nervos que dá pena e meu pai... você pode imaginar...
- Já procuraram pela fazenda? O Cláudio falava que ela gostava de brincar na boçoroca e no meio do mato...
- Até o coitado do Lopes que trouxe a mulher agora de manhã pro hospital, está lá ajudando. Nós já viramos tudo. Nem sinal dos dois. Está tudo acontecendo de uma vez só. O pior é que a culpa vai cair toda em cima do Cláudio. Foi ele que levou o garoto pra lá. Tentativa de assassinato, sedução de menores, rapto... Eu acho que dezembro não é o mês de sorte dele. Pra começar, ele se casou em dezembro... Pra quem não tinha defeitos... ele está batendo o recorde esse ano.
- Você vai procurar o Arnaldo?
- Tenho que ir, por causa dos dois. Ele disse hoje cedo que ia voltar lá pra pegar o menino... Isso já vai ser um bom motivo pra irem atrás do Cláudio pelo Estado todo e colocarem as delegacias de outras cidades próximas atrás dele. Ele vai ser preso na primeira que parar.
- Mas se as crianças não estão com ele, não tem perigo.
- Mas é claro que, se o Arnaldo disser que ele também é acusado de tentativa de assassinato, não vai ter jeito. Cana na certa.
- Meu Deus, nunca imaginei que meu amigo fosse estar algum dia numa situação parecida.
- A minha esperança é que, se eles estiverem com ele, o Cláudio descubra logo e ligue pra casa.
Uma viatura de polícia para perto deles. Arnaldo coloca a cabeça para fora do carro e pergunta:
- Alguma notícia do seu irmão, Wagner?
- Não...
- Eu estou indo até a fazenda pegar o garoto. Ele vai ficar no orfanato do Desterro por um tempo, depois a assistente social vai cuidar de levá-lo para São Paulo ainda hoje.
Wagner engole em seco e nem consegue dizer nada.
- Você vai ficar por aqui? - Arnaldo pergunta.
Wagner olha para Miguel e responde:
- Não... Acho que eu vou com você. Tchau, Miguel.
- Tchau... e boa sorte, ele diz em voz baixa.
- Amém... Nossa Senhora das Dores que nos proteja...
Ele se benze olhando para a igreja matriz logo ali adiante, liga a moto e segue a viatura.
Ao chegar à fazenda, Arnaldo sai da viatura e Magda está na varanda da casa encostada na madeira que sustenta a construção, abraçando a si mesma, parecendo muito preocupada. Ele se aproxima dela.
- Dona Magda, como eu disse que faria, eu vim pegar o menino pra levá-lo pro orfanato. A senhora poderia trazê-lo aqui?
Ela fica em silêncio sem saber o que dizer. Ele percebe que seus olhos estão vermelhos, mas imagina que ainda seja pelo efeito dos acontecimentos daquela manhã.
- Dona Magda, eu prometo que não vou voltar mais aqui hoje, mas... eu preciso que a senhora traga o garoto pra mim.
Leonardo sai da casa e passa o braço em volta do ombro da mulher.
- Arnaldo, o menino não está aqui. Ele sumiu... e minha filha também.
- Sumiu? Como sumiu?
- Eu não sei como, mas eu e meus empregados já batemos o mato e toda a fazenda atrás deles e não conseguimos encontrar os dois. Tenho dois homens lá na represa agora vendo se... bem, tudo é possível, não é?
Magda começa a chorar de novo e entra na casa para não fazer isso ali.
RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO
PARTE 10
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!