RP - EXÍLIO - PARTE 8
EXÍLIO
PARTE 8
A porta se abre e Miguel aparece, aflito. Ele respira, aliviado, ao ver Mônica ali.
- Graças a Deus... O que você está fazendo aqui, garota? Volta já pro seu quarto. Aquele segurança que teu pai colocou lá não te impediu de sair? Ele não foi colocado lá pra isso?
- Ele não está lá pra não me deixar fugir, está pra não deixar o Cláudio entrar. Eu disse a ele que ia visitar minha prima e ele não pensou que eu pudesse ir pra lugar nenhum... de camisola... e grávida, ela diz, ainda olhando para a prima.
- Que bom que você veio, Miguel, diz Tânia. – Leva ela daqui. Eu preciso descansar.
Ela se deita na cama de novo e se vira para o outro lado.
Miguel segura Mônica pelo braço e a tira de lá. A moça deixa-se levar por ele e quando chega ao seu quarto, se abraça a ele e começa a chorar.
- Ela enlouqueceu, Miguel. A Tânia não está bem.
- Calma. Você não devia ter ido até lá justamente por isso. A última pessoa que ela quer ver agora é você, sua maluquinha. Se seu pai descobre, me dá uma bronca. Deite-se de novo e fique boazinha.
- Onde está meu pai?
- Ele foi até a delegacia com seu tio. Parece que o Cláudio sumiu do mapa... graças a Deus! Estão atrás dele.
- Meu Deus... O que ela é capaz de fazer pra vê-lo infeliz...
Miguel a ajuda a deitar-se.
- Miguel, eu preciso saber dele. Tenho que falar pelo menos com o Wagner. Ele deve saber de alguma coisa.
- Seu pai proibiu a entrada dele no quarto também. Pra ser mais claro, você só pode falar comigo e com as enfermeiras do hospital.
- Então procura falar você com o Wagner. Ele deve saber onde ele está e como. Eu tenho que saber do Cláudio, pra onde ele foi... o que aconteceu com ele.
- Justo pra mim, você pede isso? A última coisa que eu quero ser é pombo correio entre você e o Cláudio.
Mônica baixa os olhos, sentida, e Miguel se arrepende do que disse.
- Ah, desculpe. Eu não devia ter dito isso.
- Não, você tem razão. Eu não posso te pedir isso. Não depois de tudo que você fez por mim e depois de tudo que eu te causei...
- Você não me causou nada. Eu falei bobagem. Eu vou tentar falar com o Wagner. Só não sai mais do quarto, sem falar comigo antes. Promete?
- Você é a única pessoa amiga com quem eu posso falar. Procure entender isso.
- Eu entendo, mas justamente por isso é que você tem que colaborar comigo também. Promete que vai ficar bonitinha aqui dentro do quarto?
- Prometo.
Ele segura sua mão e a olha nos olhos por um momento em silêncio. Depois, teimando consigo mesmo, diz:
- Eu te amo... e quero o seu bem. Não se esquece disso.
Mônica sorri. Miguel sai do quarto.
De seu consultório, ele liga para a fazenda, mas não encontra Wagner em casa. Jairo chega pouco depois e quer saber da filha.
- Ela está bem.
- Ninguém apareceu aqui pra vê-la?
- Não, senhor.
Jairo se senta numa cadeira, demonstrando muito cansaço e nervoso.
- Já soube que seu amigo saiu da cidade?
Miguel se senta em sua mesa.
- Não era isso que o senhor queria?
- Mas agora a situação mudou. Eu não tinha intenção de abrir processo contra ele. Só queria que ele ficasse longe da minha filha. Apesar de tudo, eu devo muita coisa a ele. Não posso esquecer de tudo que ele fez pela cidade e do profissional que ele sempre foi. Mas depois do que ele fez com minha sobrinha... eu chego à conclusão de que ele é indigno da minha pena outra vez. Ele precisa mesmo ser preso.
- Há quanto tempo o senhor conhece o Cláudio, doutor Jairo?
- Por que essa pergunta agora?
- Só me responda, por favor.
- Oito, nove anos...
- Quantos erros graves o senhor o viu cometer nesses... oito, nove anos?
Jairo não responde.
RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO
PARTE 8
OBRIGADA E BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!