RP - EXÍLIO - PARTE 4
EXÍLIO
PARTE 4
Leonardo coloca as duas mãos sobre os ombros do filho e o puxa para mais perto de si, abraçando-o. Cláudio o abraça apertado como se aquele fosse o último abraço que lhe daria em muito tempo.
- Eu te amo muito... Me perdoa, pai...
- Você me perdoou... por que eu não faria o mesmo com você agora?
Eles se afastam depois de alguns segundos e Leonardo pergunta:
- Pra onde você vai, agora?
- Não sei, Cláudio diz, enxugando o rosto. – Mas eu mando notícias.
- Você podia ficar aqui em casa. Eu tentaria conversar com Jairo e Jorge... fazê-los entender que o erro foi nosso desde o começo...
- Não, não, pai... Nada justifica o que eu fiz. A culpa não foi de ninguém.
- E você... não vai levar a moça e... seu filho?
- Ela está no hospital internada. Não posso arriscar levá-la numa viagem desse tipo agora. Ele foi baleada ontem à noite.
- Baleada?
- Graças a Deus, não foi nada mais sério, mas ela ainda não pode andar muito, nem se locomover... e mesmo se pudesse... o doutor Jairo não quer nem pensar em mim chegando perto dela de novo. Ele não a deixaria vir comigo. Me proibiu até de vê-la.
- Eu até entendo e me coloco no lugar dele, mas... isso não é a solução nesse momento. E quem foi que atirou nela?
- Não sei... mas o Arnaldo vai tentar descobrir.
Nesse momento os dois vêem Diamante entrar na cocheira apressado e se aproximar de Cláudio, parecendo agitado, relinchando baixinho e tocando seu ombro com o focinho.
- Quem soltou esse cavalo? - Leonardo pergunta.
- Fui eu. Eu pedi pro Lopes selar o Diamante pra eu montá-lo mais uma vez, diz Cláudio, segurando as rédeas e acariciando o dorso do animal.
Diamante puxa as rédeas como se quisesse levar Cláudio para fora e se agita.
- Ele nunca agiu desse jeito, diz Leonardo. – Parece que quer dizer alguma coisa.
- Que foi, garoto? - Cláudio pergunta, batendo de leve no pescoço do cavalo. – Eu não vou sair de novo. Se quiser, vai sozinho. Você está livre.
Mas o cavalo está mais agitado do que o normal, empina as patas e vai para a porta da cocheira, parando e voltando novamente para perto de Cláudio.
- Calma, Diamante! Calma, rapaz... Está tudo bem.
Wagner aparece correndo e entra na cocheira.
- Cláudio, você tem que sair daqui já. O Arnaldo está aí fora com duas viaturas... Ele veio prender você...
- Me prender? Por quê? O que foi que eu fiz?
- Ele está lá casa grande conversando com a Magda. Pelo que eu ouvi... a Tânia foi espancada e ferida a bala, ontem à noite e... o maior suspeito é você. Ele citou seu nome...
- Eu?
- Acho melhor você não ficar aqui. Dá a volta por trás da cocheira e corre até a estrada velha. O Beto e a turma estão lá perto da casa do Salomão. Vá com eles pra longe daqui.
Cláudio olha para Diamante que continua olhando para ele com os olhos assustados.
- Ele veio me avisar... O Diamante veio me avisar que havia algum perigo...
Ele se aproxima do animal e toca seu rosto.
- Obrigado, amigo. Pai, você pode me fazer um favor? Nunca mais coloca uma sela nele. Deixa ele livre na fazenda... por favor.
- Claro, ele só aceita ser montado por você. É mais do que justo.
Cláudio beija o cavalo.
- Cláudio, sai daqui logo! - diz Wagner, aflito.
- Eu não fiz nada pra Tânia. Eu não devo nada.
- E pode provar? Você esteve na casa do Jorge, ontem, não esteve?
- Estive, mas... meu Deus, o que está acontecendo com a minha vida?
- Aproveita que o Diamante quer te ajudar, sobe nele e sai daqui logo.
- Ele tem razão, filho, diz Leonardo.
Cláudio abraça o pai e o irmão e sobe no cavalo.
- Me tira daqui, amigo?
Diamante sai a galope e pega um caminho por trás da cocheira.
- O delegado quer falar com você, pai, Wagner diz, quase chorando também.
Leonardo se recompõe e se dirige para a casa grande. Arnaldo vem saindo da casa e se aproxima dele, apertando sua mão. Magda se abraça ao marido, chorando.
- Bom dia, Arnaldo. Qual o problema? A que devo sua visita?
- Essa é uma visita que eu não gostaria de fazer nunca, Leonardo, mas sou obrigado. Você tem visto seu filho Cláudio de ontem pra hoje?
- Ele esteve aqui hoje bem cedo e saiu não tem nem meia hora, por quê?
- A mulher dele foi encontrada ontem à noite pelos pais, muito machucada e com um ferimento de bala no braço. Ela diz que foi o doutor Cláudio quem a feriu, depois de bater muito nela.
Leonardo permanece calmo, embora por dentro esteja se despedaçando aos poucos.
RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO
PARTE 4
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!