RP - IVAN, O TERRÍVEL - PARTE 23
IVAN, O TERRÍVEL
PARTE XXIII
Cláudio sente as lágrimas correrem pelo rosto. A essa altura, ele imagina que seu pai também deva estar sabendo de tudo.
Acabou o mistério. Acabou a farsa. Acabou a ilusão. Acabou até o sonho de ter Mônica e sua filha.
Ao perceber que o amigo não saiu de sua sala, depois do sogro e de Jairo, Miguel entra no consultório e o vê parado no mesmo lugar.
- Cláudio... tudo bem?
Ele dá a volta por trás da mesa e se senta na cadeira.
- O que o doutor Jairo falou? Ele entendeu tudo?
Mas Cláudio não consegue responder nada. Cruza os braços sobre a mesa e coloca a cabeça sobre eles, começando a chorar. Miguel nunca tinha visto uma reação como aquela no amigo.
- O que é que eu posso fazer por você, cara? Pelo amor de Deus, não fica assim...
- Me deixa sozinho, Miguel... Eu preciso pensar...
- Você não está legal. Me avisa, se precisar de alguma coisa?
Cláudio não responde e também não levanta o rosto. Miguel sai dali e vai até o quarto de Mônica. Jairo está lá com ela.
- Por favor, agora não, Miguel. Eu preciso falar com minha filha.
- Sim, senhor. Desculpe, diz ele, fechando novamente a porta.
Jairo está muito nervoso e quase não consegue falar. Mônica ao contrário, está serena e só espera.
- Você vai se casar com o Miguel, na segunda-feira, como tinha sido marcado, mas na terça-feira você viaja de qualquer forma para Londres comigo.
- Eu não quero ir, papai.
- Você querer é uma coisa, eu mandar que vá, é outra bem diferente. Agora quem fala sou eu. Não pense que você vai conseguir me fazer de tolo outra vez. Eu te criei e te eduquei da melhor forma possível. Procurei fazer tudo por você, pelo menos o que estava ao meu alcance, mas você não soube me entender e reconhecer isso. Pois bem, o homem casado que você disse que era pai do seu filho, você não vê nunca mais!
- Eu nunca menti pra você. Tudo que eu falei era verdade...
- Se tivesse me dito o nome dele...
- Você entenderia? Você ia deixar a gente viver feliz, pai?
Jairo fica em silêncio e não consegue responder.
- Eu o amo muito, pai. E ele também me ama.
- Que futuro você teria com ele, Mônica? Ele não pode nem se casar com você.
É a vez dela se calar.
- De qualquer forma, os olhos em cima de você, ele não coloca nunca mais. Nem do bebê. Esse homem não merece mais minha confiança nem minha amizade.
- Ele é um dos homens mais dignos de Casa Branca, ela diz com as lágrimas rolando pelo rosto, silenciosas.
- Mas traiu minha confiança! - Jairo grita. – Ele não é digno! Abusou de uma menor de idade! Ele é médico e sabia o que estava fazendo!
- Ele não abusou de mim, pai. Eu não fiz nada forçada.
- Ele te enganou. Te seduziu!
- Ninguém seduziu ninguém! Você está duvidando da minha inteligência. Eu amo o Cláudio desde o primeiro dia em o vi...
- Não importa. Fique quieta! O Cláudio nunca mais chega perto de você, está ouvindo? É minha última palavra. Me obedeça!
Ela enxuga o rosto, respira fundo e responde calma:
- Sim, senhor.
- Só isso? Você tinha que me pedir desculpas pelo que fez.
- É só isso que eu vou dizer. O senhor não vai concordar com nada do que eu fale. Eu acho melhor ficar calada e concordar com o que o senhor fala... mas não me peça para obedecer. E eu não posso pedir desculpas por isso. Só posso te dizer que sinto muito, mas eu não me arrependo de nada.
- Então será como você quer...
Jairo sai do quarto. Miguel ainda está do lado de fora.
- Me desculpe pelas coisas que eu disse a você, Miguel. Só que você fez muito mal tentando acobertar esses dois. Seu senso de amizade e sua coragem são realmente admiráveis.
- Não foi um ato de coragem, doutor. Foi quase traição. Eu amo sua filha de verdade, mas quero que ela seja feliz... com o Cláudio. Eles merecem isso.
- Isso nunca! Só se me matarem.
- Doutor Jairo, eles se amam e nem o senhor nem ninguém vai conseguir evitar ou impedir isso. Se o senhor tentar afastar os dois, vai ser muito pior. Eles vão ficar mais e mais apaixonados. A Mônica é jovem ainda, mas o amor do Cláudio por ela é coisa séria. Eu sei que não é capricho de adolescente... Ele não quis só brincar com sua filha. Ele a ama de verdade! O senhor o conhece. E pense no bebê...
- Nunca! Eu posso muito bem criar essa criança e vou fazer questão de que ele nunca coloque os olhos nela. Ele destruiu a vida da minha filha... e da minha sobrinha. Se não formos contar com a do meu irmão, da minha cunhada e a do próprio pai que é homem de bem. São muitas perdas, Miguel. Isso é imperdoável! Com minha filha, ele não fica! Eu vou mandar colocar um policial da porta desse quarto.
Jairo se afasta. Miguel entra no quarto. Mônica, ao vê-lo, se ergue na cama.
RETORNO AO PARAÍSO – IVAN, O TERRÍVEL
PARTE 23
OBRIGADA E BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!