RP - ALBERTO - PARTE 5
ALBERTO
PARTE 5
Wagner sai da casa de Cláudio e vai até o posto de gasolina que fica próximo a antiga estação ferroviária do lado oposto da cidade. Deixa a moto com o frentista e vai tomar um refrigerante na loja de conveniência.
- Bom dia, Antônio.
- Bom dia. Há quanto tempo! Pensei que você tivesse morrido.
- Vira essa boca pra lá.
- Você sumiu...
- Sumi, mas voltei.
- Eu sei. Tomou um banho de Europa, hein? O Beto do mercado contou pra gente. Saiu na Folha de Casa Branca. Maior sucesso aqui na cidade. O que vai?
- Qualquer coisa não alcoólica pra esfriar o estômago. Vou acabar derretendo de calor.
- Mas está com jeito de chuva, não é?
- Parece...
- Você não sabe o susto que deu na gente, quando ficamos sabendo que você tinha sido seu... sequeus... como é mesmo que fala?
- Sequestrado, Wagner ajuda, rindo dele.
- É isso aí. Todo mundo levou um baita susto. O coitado do seo Leonardo, então, coitado. Fiquei morrendo de pena dele.
- Mas agora está tudo bem. Eu voltei.
- E eu fico muito satisfeito com isso, pode acreditar.
- Obrigado, Antônio.
O rapaz coloca uma garrafa de refrigerante e um copo sobre o balcão. Wagner olha para fora e vê um carro parando na frente do posto de gasolina onde ele deixou sua moto. Um homem já idoso desce do carro, vestindo roupas muito extravagantes e diria até esquisitas. Uma camisa exageradamente florida com tons de vermelho, amarelo e verde, muito fortes, calças de algodão amarelo e sandálias.
Antônio também vê o homem e fala:
- Credo, já é carnaval? Quem é aquele?
- Não faço ideia...
- Aparece cada coisa por aqui...
Os dois saem na porta e Wagner reconsidera, observando o homem com mais atenção.
- Mas ele não me é estranho... Eu já vi esse cara em algum lugar...
Observa um pouco mais a figura e resolve ir vê-lo de perto. Paga o refrigerante e atravessa a rua. Dá a volta pelo carro do homem e vai ficar perto da moto. Não consegue se lembrar de onde já o viu, mas tem certeza de já tê-lo encontrado em algum lugar. O velho, como se sentisse observado, volta-se e olha para ele. Ele reconhece Wagner e seu rosto se ilumina num grande sorriso e, ao mesmo tempo em que se aproxima, grita:
- Neto número dois!
Wagner estranha e quando ele já está bem perto, ele o reconhece. É Ivan, o pai de Magda. Apesar de velho, Ivan o abraça forte e o ergue do chão.
- Ivan?
- Eu estava imaginando quem seria o primeiro Valle que eu iria ver. Imaginei que fosse o doutorzinho, mas foi você. Como cresceu, moleque!
- E você continua ridículo, sabia? - Wagner diz, olhando suas roupas.
- Ridículo? Essa é a última moda no Havaí, garoto. Paguei uma nota. Vê bem, não é linda? - diz ele, dando uma volta inteira em torno de si mesmo.
- Eu acho melhor a gente ir pra fazenda logo antes que a cidade inteira esteja rodeando você pra saber que bicho raro você é.
- Mas que boas vindas... Você nem parece que é meu neto.
- Será porque eu não sou? - Wagner fala, rindo. – Você, vestido com essas roupas, não é nem meu conhecido.
- Os brasileiros não têm bom gosto.
- Se o bom gosto for o que você veste, graças a Deus.
Wagner sobe na moto e Ivan fica deslumbrado com ela.
- Que coisa linda! Seu pai resolveu comprar uma pra você? Que espetáculo! É Halley? Sempre quis ter uma dessas.
- Foi você que me deu, Ivan.
- Eu? - ele pergunta, apontando para o próprio peito.
- Claro, quando eu fiz dezoito anos, lembra?
- Ah, claro. Que cabeça a minha. Posso ir nela até Duas Estrelas?
- Quatro Estrelas... São Quatro, esqueceu? Justamente por causa das suas netas.
- Ah, claro, claro, mas... posso?
- Você, nessa moto?
- É, você vai no meu carro.
- Você é quem sabe, diz ele, descendo da moto e entregando as chaves a Ivan.
Mas mal pôde se afastar dele e já sente o vento passar, tal a velocidade que Ivan dá ao veículo, desaparecendo num piscar de olhos.
Wagner se senta ao pé da bomba de gasolina, colocando as mãos na cabeça.
RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO
PARTE 5
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!
BOA PÁSCOA COM JESUS!