RP - ALBERTO - PARTE 3
ALBERTO
PARTE 3
- É... Cláudio diz ao irmão, sorrindo. – Você tinha razão. A Mônica está esperando uma menininha...
- Caramba! Que legal! Mas você tem que pensar no papai.
- Não adianta mais pensar nele, Wagner. Não coloca meu pai no meio agora. Eu já pensei muito nele. Não quero pensar mais senão eu nunca vou fazer nada por mim.
- Eu já tinha uma ideia de quanto você representa pra ele, mas ontem eu vi que é muito mais. Se você for embora assim, sem falar com ele, ele vai morrer de desgosto. Ele te ama demais, Cláudio.
Cláudio volta a se sentar perto do irmão.
- Se você sai daqui desse jeito, feito um marginal, ele não vai suportar. Ele morre mesmo. E não é figura de linguagem. Meu pai está respirando agora, porque você está minimamente perto dele.
Cláudio sente a garganta arder e uma vontade muito grande de chorar.
- Eu sei... mas o que eu faço, Wagner? Até quando?
- Até quarta-feira.
- Esqueceu de novo do casamento?
- Ela não vai casar. Fique sossegado.
- O que você está tramando?
- A gente vai tirar a Mônica da cidade.
- A gente quem?
Wagner vai até a porta se assegurar de quem ninguém os ouve e volta:
- Não dá pra gente sair agora e conversar?
- Você ouviu o que eu falei pra Tânia. Não vou sair daqui hoje. Só com ela. Vou sair à noite. Vou à casa do doutor Jairo. Preciso falar com... com ele.
- Eu arranjo um encontro seu com ela hoje à tarde, quer?
- Eu não disse que preciso falar com ela...
- E não precisa?
Cláudio não responde.
- E como você pretende fazer isso?
- Diz que topa.
- Eu não gosto de topar nada com você sem saber o que é. Sempre dá em confusão.
- Confie em mim.
- Você está atrasando minha vida, sabia?
- Cláudio, eu concordo com tudo que você quer fazer. Entendo que você está ansioso por se ver livre da Tânia, e não está mais do que eu. Mas eu estou vendo o problema de fora. Se você sair daqui assim, a cabeça do pessoal vai ficar um rebu. Aí, a volta vai ficar mais difícil.
- E quem disse que eu estou pensando em voltar?
- Você não vai deixar Casa Branca pro resto da vida, cara. Está pensando em deixar o velho, a Magda, suas irmãs e eu... pra sempre?
Cláudio não responde. Uma lágrima corre por seu rosto.
- É claro que não, Wagner responde por ele, tentando ele mesmo controlar a emoção. – Você vai voltar em breve. O que eu quero é... preparar o espírito do pessoal lá em casa antes.
Wagner para de falar e respira fundo. Abraça o irmão e fica assim por algum tempo para se refazer.
- A gente tem que dar uma explicação pra todo mundo... pra que o Natal não seja tão... triste.
Ele se separa de Cláudio e o olha nos olhos. Os dois estão com o rosto molhado.
- Olha... você não tem que fazer nada. Deixa comigo e a turma.
- A tua turma vai estar no meio?
- Eu não faço nada sem eles, mas pode confiar.
- E como eu explico isso pra Mônica? Como é que eu vou dizer pra ela que... meu irmão vai dar um jeito no nosso problema? Tem graça isso? E seja o que for que você tenha em mente, tenha cuidado. Ela está grávida.
- Eu vou cuidar dela direitinho e falo com ela.
- Ah, fala? Você não quer mudar de nome também, não?
- Pensa bem, Cláudio, você está numa posição delicada...
- Nem tinha percebido, Cláudio ironiza.
- Quanto menos você se expor, melhor pra vocês. O susto vai ser menor. Concorda vai.
- Eu preciso falar com a Mônica, antes.
- E vai falar, eu já disse. Esteja hoje à tarde depois da cinco na fazenda. O resto, eu arranjo. Não se preocupe. Vai dar tudo certo.
Apesar de preocupado, Cláudio sorri da expressão dele.
- Que foi?
- É que você falou como os médicos falam com os pais antes de eles terem seus filhos.
Wagner ri também e vai sair do quarto, quando dá de encontro com Tânia entrando.
RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO
PARTE 3
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!
BOA PÁSCOA COM JESUS!