RP - ALBERTO - PARTE 2
ALBERTO
PARTE 2
Wagner coloca o telefone no lugar e, com calma, se levanta, indo para a escada. Gina se apressa e vai ficar na frente dele, impedindo-o.
- Isso não está certo, Wagner.
- Eu só vou bater na porta. Não vou entrar no quarto. Preciso falar com o Cláudio.
- Deixa ele subir, Gina, diz Tânia no alto da escada, vestida num roupão branco que ele sabe que é de Cláudio.
- Vocês são surdos ou morrem cada vez que se deitam na cama? - Wagner pergunta.
- Eu ouvi o telefone. Ouvi você chegar com aquela moto barulhenta. Imaginei que fosse fazer mais um dos seus espetáculos circenses de mau gosto.
- Cadê meu irmão?
- Dormindo.
- Não está. Tenho certeza que não está.
- Hoje é sábado. Ele não vai trabalhar. Pode ficar na cama o quanto quiser. Se você deixar, é claro.
- Eu preciso falar com ele.
- Volte mais tarde.
- É urgente.
- Você não vai querer acordá-lo, vai?
- Já disse que tenho certeza que ele não está dormindo. Posso subir?
Ela respira fundo e olha para a empregada.
- Gina, pode voltar pra cozinha, obrigada.
- Dona Tânia, eu disse a ele...
- Pode ir. Está tudo bem.
Gina olha para Wagner com ar de reprovação e vai para a cozinha. Tânia desce, indo ficar bem diante dele na frente da escada.
- Você não perde a oportunidade de ser inconveniente, não? Não conseguiram te educar na Inglaterra?
Ele não se abala com o sarcasmo dela.
- Eu queria te dizer que... sinto muito pelo seu bebê. Mas quando não é pra ser... não é. Como diz minha mãe... foi a vontade de Deus.
Tânia morde o lábio inferior, querendo muito bater nele por tocar naquele assunto, mas se contém.
- Meu assunto com o Cláudio é rápido. Já vou embora e vocês... podem voltar... a dormir.
Cláudio aparece no topo da escada e diz:
- Sobe, Wagner.
Tânia se volta para o marido e intervém.
- Cláudio, você...
- Ele não vai me tirar de casa, Tânia. Não se preocupe. Vem, Wagner.
Ela abre caminho e Wagner passa por ela. Ele sobe e Cláudio o leva para o quarto de hóspedes.
- Que ideia brilhante foi essa de dormir com ela, hoje, hein? Fazia tempo que você só dormia no hospital... Apaixonou de novo? O telefone tocou até...
- Eu ouvi o telefone, mas não estava perto dele. Eu não dormi com ela. Eu dormi aqui.
Wagner olha para a cama e a vê desarrumada.
- Eu não durmo mais com ela, faz tempo. Não se preocupe. Não me apaixonei de novo. Uma coisa que nunca aconteceu não pode se repetir. Eu só não ia trabalhar hoje e vim dormir em casa.
- A Gina falou que vocês jantaram juntos ontem. É verdade?
Cláudio se senta na cama.
- É... Eu tive que prometer a ela que a levaria.
- Teve?
- Ontem, ela foi comigo até o orfanato e lá... me inventou a história de adotar uma criança. Começou a fazer chantagem de novo, dizendo que contaria tudo pra mãe se eu não concordasse. Eu disse que não me importava com o que ela fizesse, fiz uma contra chantagem, ameacei eu mesmo contar pra Bárbara e ela me impediu...
- Impediu?
- Ela está tão desequilibrada que eu a comprei só com a proposta de jantar fora e passar o sábado com ela. Eu não sei mais onde isso vai parar...
- Isso é caso de internação, não é?
- É, mas... como eu vou dizer pro Jorge e pra Bárbara que a filha deles está doente?
- Por sua causa, ainda por cima.
- Eu mal acredito que consegui dizer para Bárbara ontem que não amo mais a filha dela.
- Você disse?
Cláudio se levanta e vai até o espelho na parede, depois se volta.
- Eu não vou esperar mais, Wagner. Eu e a Mônica combinamos sair daqui amanhã e nós vamos fazer isso.
- Não, não vai estragar tudo.
- Eu não aguento mais essa pressão. Só de pensar que eu estou na mesma casa com ela, há mais de doze horas, enquanto a mulher que eu amo e minha filha estão morando do outro lado da rua, está me dando desespero.
- Filha?
- É... Cláudio diz, sorrindo. – Você tinha razão. A Mônica está esperando uma menininha...
RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO
PARTE 2
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!
BOA PÁSCOA COM JESUS!