RP - ORLEANS - PARTE 16
ORLEANS*
PARTE 16
Wagner joga a chave para Gart e segue pela calçada com Janete que mora ali perto, numa rua paralela.
Ao chegar à frente da casa dela, ela diz:
- Não precisava me trazer até aqui, mas eu adorei. Você nunca fez isso.
Ele a olha nos olhos e a beija docemente.
- De vez em quando, não custa. A gente ficou tanto tempo sem se ver...
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode.
- O que você ficou fazendo tanto tempo com a Linda?
Ele sorri e olha para mão dela na sua.
- Nada. Ela estava com alguns problemas, coisa lá de Londres. Eu fiquei conversando com ela.
- Só isso?
- Só. Que mais eu poderia fazer, no meio da rua?
- Não sei...
Ela o beija longa e apaixonadamente e diz:
- Eu estava com tanta saudade... Eu te amo...
Wagner a abraça.
- Boa noite, gata.
- Você nunca diz o mesmo pra mim.
- O mesmo o quê?
- Você nunca diz que me ama.
- Eu nunca disse isso pra ninguém, Jane. Não me cobra nada. Boa noite.
Ela passa a mão pelo cabelo dele, beija novamente de leve sua boca e entra no quintal da casa.
- Cuidado na estrada. Boa noite.
Já no caminho de volta a Quatro Estrelas, Linda pergunta:
- Essa casa da represa, o que é?
- É uma casa velha abandonada que tem lá o perto da represa que está dentro das terras da fazenda. Meu pai diz que foi a cabana que meu avô construiu pra morar, enquanto reformava a casa grande onde nós moramos agora. Na época era um sítio. A cabana ficou abandonada depois que ele e minha avó se mudaram pra casa grande. Eu contei pra vocês. Ela era Renascença, antes de ser Quatro Estrelas. Foi reformada várias vezes, a cada filho que nascia, e mudou de nome pelos menos três vezes nesse meio tempo. Duas Estrelas, até virar o que é hoje.
O carro passa pelo grande portão, atravessa a alameda e entra na garagem aberta. A casa está às escuras. Apenas a alameda por onde o carro passou está iluminada. Eles entram na casa e Linda diz:
- Eu não vejo a hora de cair na cama. Boa noite, meninos.
- Sonhe um pouco comigo e um pouco com os anjos. Sabe o caminho do quarto? Aqui não é tão grande quanto a mansão Russel, mas...
- Pode deixar. Eu sei. Até amanhã.
Ela sobe.
- Eu acho que vou fazer o mesmo, diz Gart.
Ele vai indo para a escada e Wagner o interrompe:
- Espera um pouco, Gart. Eu acho que te devo um pedido de desculpas.
- Do quê?
- Pela discussão lá no Orleans. Acho que fui um pouco inconveniente.
- Eu entendi. Você não tem nada que pedir desculpas.
Wagner sorri e estende a mão.
- Amigos?
- Isso não tinha mudado. Não sei o que te fez pensar que tinha.
Gart aperta a mão dele e sorri também.
- Boa noite, Wagner.
- Boa noite, tio.
Gart sobe. Wagner vai para a cozinha e pega na geladeira um copo de leite e um pedaço de bolo que Matilde fez antes do almoço. Vai para a biblioteca. Sente vontade de ficar num ambiente que lembre seu bisavô. Entra e, apesar de estar tudo às escuras, a janela grande deixa alguma penumbra. Toma cuidado para não tropeçar em nada. Coloca o copo de leite e o bolo sobre a mesa e vai abrir as cortinas. A lua está cheia e isso é o suficiente para iluminar parcialmente o aposento, mas, quando ele se volta, vê um vulto sentado na cadeira de espaldar alto que fica no canto, perto da estante. Wagner se assusta e tem a impressão de ver Mr. Russel. Exclama em voz baixa:
- Vovô!
Vai rapidamente acender a luz para ter certeza de quem é e vê o pai sentado em sua cadeira.
RETORNO AO PARAÍSO – ORLEANS
PARTE 16
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!