RP - ULTRASSOM - PARTE 13

ULTRASSOM

PARTE XIII

Wagner coloca os fones de ouvido e se deita no chão sobre o tapete, encostando a cabeça numa almofada, fechando os olhos. Cláudio vai para perto dele e desliga a vitrola.

- Ei! Não desliga!

Cláudio diz:

- Eu estou vendo que a conversa acabou. Eu vou embora. Tenho que trabalhar, vida mansa.

- Fica mais um pouco.

- Não posso. Amanhã a gente conversa mais.

- Posso te pedir um favor?

- Já estava com saudade disso. Fala.

- Não fala pro papai sobre a nossa conversa.

- Eu não ia. Quem tem que conversar com ele é você.

- Nem sobre a Mônica.

Cláudio respira fundo.

- Eu não posso esperar mais. Ela está de casamento marcado, esqueceu? Ela só quer fazer um ultrassom pra saber o sexo do bebê e a gente... vai embora...

- Ultrassom? Você é que vai fazer?

- Claro que não. Eu sou pediatra, tonto. Quem faz esse tipo de exame é o ginecologista.

- Quer dizer, o próprio Miguel.

- De preferência, já que ele... é o único que sabe que ela está grávida, no hospital.

Wagner ergue a cabeça.

- O cara vai supostamente se casar com a mãe do teu filho e ainda faz o ultrassom dela? Você confia nesse cara?

- O pior é que confio. Mais do que isso, ela confia. Eu tenho vontade de dar um soco na cara dele, toda vez que o vejo ultimamente, mas... é o que a gente tem no momento. E ele a ama e respeita... e eu quero confiar que seja meu amigo ainda, apesar de tudo.

- Cláudio, você tem sangue de barata! Acabei de crer.

Cláudio ri e se levanta.

- Escuta! - Wagner o chama de novo.

- O quê?

- Não faz nada sem me consultar antes, tá? Vai dar tudo certo. E... parabéns... ele diz sorrindo.

- Parabéns por quê?

- Pelo baby. Você já está ficando com cara de pai.

Cláudio vai até a vitrola e a religa, aumentando o som. Wagner retira os fones rapidamente.

- Caramba! Quer me deixar surdo?! Sua filha vai te azucrinar com barulho de rock no final dos anos oitenta, pode escrever! E não vai ser tão bom quanto esse.

Já na porta, Cláudio se vira e diz:

- Como você sabe que é menina?

- Não sei, intuição... de tio. Eu vou ser tio! - ele finge gritar, mas em voz baixa.

Cláudio ri e abre a porta para sair do quarto.

- Tchau, meu irmão. Love you!

- Me too! - Wagner ele grita.

Wagner fecha os olhos, sorrindo, e começa a cantar a canção do Queen, “We are the champions”. De repente sente alguém tocar seu joelho. Abre os olhos e vê Gart e Linda perto dele.

- Pode-se atrapalhar seu momento discoteca, Mister Valle? - Gart pergunta.

Ele se senta no chão, cruza as pernas feito índio e responde:

- Pode, claro. Eu pensei que vocês estivessem descansando.

- A gente não consegue. O fuso horário está interferindo. O meu está bem confuso.

Os dois se sentam no chão, junto dele.

- Atrapalhamos? - Linda pergunta.

- Não, de jeito nenhum.

- Seu quarto é muito legal, ela diz olhando em volta todos os pôsteres que ele tem colados na parede. Queen, Led Zeppelin, Iron Maiden. – Essas são as bandas que você curte?

- Basicamente, mas eu gosto de rock brasileiro também. A gente tem Rita Lee, Raul Seixas que são muito bons... O que vocês estão achando do meu pessoal até agora?

- Muito simpáticos, todos. Você parece ter uma família muito unida, diz Gart.

- Amei suas irmãs, diz Linda. – Principalmente a menorzinha. Elas são muito lindas.

- São sim. Depois que a Magda casou com meu pai, a casa ficou mais feminina. Ela cultiva um monte de árvores frutíferas, árvores de flores diferentes, ipês, azaleias, primaveras... uma infinidade.

- E aquela capelinha? Ela deve cuidar daquele lugar com muito carinho.

- Cuida sim, mas a capela foi construída pelo meu avô pra minha avó, pais do meu pai.

Linda se levanta e vai até a varanda, olhando a vista da sacada.

- Esse lugar é mágico...

- Toda vez que eu chego aí, eu me lembro de você, Linda, no dia do “sequestro”. Nunca vou esquecer aquela garota com aquele loiro platinado que quase me fez pular daí.

- Nem eu daquele rapaz de cachinhos dourados na sacada, ela diz. – Foi sorte, eu ter encontrado justamente você acordado.

- Que é que você ia fazer, se meu pai ou minha mãe aparecessem na janela?

- Sei lá, eu diria que era uma amiga sua e que precisava falar com você. Ou despistaria, não sei...

- Você tem vocação pra sequestradora, Linda. E eu acho que vou precisar dela.

- Pra quê? - ela pergunta, voltando ao quarto e sentando-se no chão outra vez.

- Eu pretendo... raptar alguém.

RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM

PARTE 13

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/03/2018
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