RP - ULTRASSOM - PARTE 12

ULTRASSOM

PARTE XII

Cláudio conta tudo ao irmão em poucas palavras.

- E o que você vai fazer? Vai deixar esse casamento acontecer?

- Não... Eu... já conversei com ela e a gente pretendia sair de Casa Branca logo.

- Pretendia?

- É... Só que... depois de tudo que você me contou... que minha mãe verdadeira está viva... eu não vou querer sair daqui fugindo, como um marginal. Eu vou contar tudo pro velho, pro Jorge e pro doutor Jairo. Eu vou assumir Mônica e meu filho... nem que seja debaixo de acusações.

Wagner fica olhando para o irmão com um misto de admiração e perplexidade.

- O que foi? - Cláudio pergunta.

- Você não tem ideia de como eu te admiro nesse momento, meu irmão.

Cláudio sorri e passa as duas mãos pelos cabelos, respirando aliviado, como se tivesse tirado um peso enorme dos ombros. Wagner percebe que ele está sem a aliança e se admira ainda mais. Pega a mão do irmão para ter certeza.

- Você está sem as algemas?

- Eu tirei... porque não acho justo, nem comigo, nem com a Tânia, nem mesmo com a Mônica, ficar usando um símbolo de um casamento que não existe mais.

- Eu não podia esperar menos de você. Mas e a Tânia? O que ela... diz sobre isso? O que você vai fazer a respeito dela e do bebê que ela espera?

- Não existe mais bebê, Cláudio fala com tristeza. – Ela perdeu a criança.

- Meu Deus!

- Ela descobriu tudo sobre mim e Mônica desde o início. Eu não sei fingir muito bem e ela percebeu tudo e... quando viu que estava me perdendo, parou de tomar os remédios e se deixou engravidar pra ver se me prendia.

- Caramba...

- Quando você ligou de Londres pela primeira vez, nós passamos uma noite na fazenda com Jorge e Bárbara e ela começou a insinuar coisas sobre... o seu suposto envolvimento com a Mônica, numa conversa na mesa. Se meu pai não fosse tão desligado e não estivesse com a cabeça mais preocupada com você, ele teria percebido e descoberto tudo. Até a Diana percebeu as intenções dela. Naquela noite, nós brigamos... e eu pedi o divórcio. Já estava cansado das ameaças dela. No dia seguinte, fomos pra casa, discutimos outra vez e ela reafirmou que não me daria o divórcio. Eu saí de casa, nervoso, fui trabalhar, ela passou mal e... perdeu o bebê.

Cláudio se levanta e tenta conter a emoção.

- Ela pode ter errado em muitas coisas, mas numa estava certa. Eu traí todo mundo. Ela, o Jorge, doutor Jairo... meu pai... até você.

Wagner balança a cabeça, negando.

- Não... Não diz besteira...

- Por isso, eu não posso acusar meu pai de nada. A única diferença entre nós dois é que... ele talvez não tenha amado realmente a minha mãe... mas eu amo a Mônica. Não estou mais na idade de ficar revoltado e querer saber quem é minha mãe. Se ela está viva, deve saber que eu também estou. Se ela não veio me procurar, por que eu vou ter que procurar por ela? Eu tive um pai maravilhoso que fez de mim o que eu sou hoje. Ele nunca falhou comigo. Me criou e sustentou por dezoito anos, até um pouco mais. Me deu três irmãos maravilhosos. Do que você acha que eu posso reclamar? Ele se casou com uma moça rica há vinte e poucos anos e não deu certo. Se ele cometeu algum erro, não sou eu quem vai julgá-lo e acho que nem você deveria. Ele estava aflito por saber sua reação, quando você soubesse de tudo isso. Ele não quer perder sua amizade, Wagner. Papai morre de medo disso.

- Não vai. Eu te asseguro.

Os dois se abraçam mais uma vez. Quando se afastam, Cláudio pergunta, sorrindo:

- Agora... me conta direito a história daquele Aston Martin lá fora. Como você conseguiu trazer um carro pro Brasil?

- Num avião... ele responde, naturalmente.

Depois sorri e se afasta dele, indo colocar um disco do Queen na vitrola.

- Num avião... Só? Que avião?

- Meu avião...

- Seu avião... Quer se explicar melhor?

- Eu sou herdeiro universal de Stanley Russel e de tudo que ele tinha...

- E fala isso com esse desânimo?

Ele se volta.

- Eu não queria que ele morresse... Herdar tudo que ele tinha à custa da morte dele... foi um treco muito chato. Dinheiro, eu sempre tive. Meu pai trabalhou duro pra me dar tudo isso... e eu nem sei se mereço. Eu nem sei como mexer com a minha poupança no banco de Casa Branca. E meu bisavô passou tudo que ele tinha... pro meu nome... só por eu ter o mesmo sangue que ele. E é muita grana... Mas eu preferia que ele estivesse vivo.

- Ele te cativou, hein?

- Se você o tivesse conhecido, sentiria o mesmo.

- Difícil pensar assim de um cara que me odiava.

- Ele não odiava você. Ele odiava o que você significou pra neta dele, e meu pai, por ser culpado por tudo. Era só um velho sozinho. Se ele tivesse... o filho, a nora, os netos, a família dele vivos do lado dele, não seria assim tão mal interpretado, tão endurecido. Ele perdeu tudo que amou de um modo muito brusco e cruel.

- Quem vai ficar em Londres cuidando dos bens dele no seu lugar?

- O advogado dele e o Gart.

- Seu tio...

- É... Wagner responde com um sorriso triste.

- Ele não tem jeito de milionário. Me pareceu até muito simples.

- E é. Ele foi criado até os dezoito anos num orfanato, que também é da família, ou seja... agora é meu também. Ele não tem nada a ver com o império que o avô tinha. Acho que Stanley e a mulher o levaram pra casa pelo histórico de vida dele, por ser bom de briga, embora seja uma pessoa muito doce e... por ser grandão... e ele foi contratado como guarda-costas deles. Eles nem sabiam que ele era neto deles. A história do Gart parece conto de fadas misturado com história de terror... Ele não era nem pra estar vivo agora. Depois eu te conto a história com calma. Só te digo que ele é um cara muito legal. Abençoado como você. Ele me lembrava você em Londres. A Linda e ele me ajudaram muito lá.

RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM

PARTE 12

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/03/2018
Código do texto: T6285037
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