RP - ULTRASSOM - PARTE 7

ULTRASSOM

PARTE VII

Wagner se aproxima do armazém e ouve o barulho de ferramentas lá dentro. Toma fôlego e entra. Chico está saindo de lá de dentro e estaca quando o vê. Vai dizer alguma coisa, mas Wagner coloca o dedo indicador sobre os lábios, pedindo silêncio a ele. Aproxima-se do jardineiro e diz baixinho:

- Oi, Chico...

- Que bom vê-lo, seo Wagner!

- Meu pai está sozinho aí dentro?

- Está, sim, senhor, a gente recebeu a ração nova e ele está consertando um buraco que apareceu no silo de acondicionamento da comida dos bichos. Deve ter sido rato. A gente não sabe por onde o danadinho entrou. Aqui é sempre tudo tão limpo... Mas é coisinha simples. O patrão vai dar um jeito.

- Ótimo, vá fazer o que você ia fazer. É muito bom ver você de novo.

- Eu também estou muito contente. Até já, seo Wagner.

- Tchau, Chico.

Wagner vai se aproximando lentamente do pai que está agachado de costas para ele. Ao ver o pai trabalhando, toda revolta que sentia até aquele momento, devido a todas as estórias que ouviu sobre ele da boca do bisavô, desaparece. Surge dentro dele uma vontade imensa de chorar. Foi aquele homem que fez da vida dele o que ela é hoje. Mesmo com todos os erros que possa ter cometido no passado, Leonardo Valle era o homem mais íntegro que ele conhecia. Ele não pode negar isso.

Num determinado momento, Leonardo se levanta para chamar Chico.

- Ô, Chico, me traz aquele...

Ao ver o filho, para e sorri.

- Meu filho!

Eles ficam um curto espaço de tempo sem se moverem e é Leonardo quem se aproxima, porque Wagner não consegue dar um passo. Leonardo se abraça ao filho primeiro e só depois de alguns segundos, Wagner consegue erguer os braços e envolver o pai também. Os dois se abraçam demoradamente.

- Como você está, meu filho? - Leonardo pergunta, tentando conter as lágrimas, coisa que Wagner não faz, tanto que não consegue responder.

Leonardo se afasta dele e o olha nos olhos.

- Não faz isso... que eu choro também, moleque. Você está bem? Eles machucaram você. Se alguém fez alguma coisa com você, eu sou capaz de...

- Não, eu estou bem, pai. Está tudo bem.

- E está chorando por quê?

- Eu estava morrendo de saudade de você, acabei de descobrir isso.

Leonardo ri e o abraça novamente, levando Wagner e sentando-se com ele num banco de madeira ali perto.

- Eu também estava com saudade de você.

- O que você estava fazendo? - ele pergunta, enxugando as lágrimas.

- Ah, uma bobagem. Apareceu um buraco no cocho das vacas e eu estava tentando fechar, mas já estou vendo que eu vou ter que comprar um novo em Rio Pardo. Mas você voltou quando? Já viu sua mãe?

- Voltei hoje. Cheguei agorinha. Vim com o Cláudio. Nem entrei em casa ainda. Ah, já vi o Lopes e cruzei com o Chico, quando entrei aqui.

- Então vamos entrar. Magda e as meninas estão morrendo de saudades de você. Eu também estava. Ficamos todos muito assustados, quando você saiu daqui daquela forma tão... brusca.

- Mas já está tudo bem. Eu estou de volta.

Leonardo olha agora a sério para o filho.

- Está... Está tudo bem, mesmo?

- Está, pai. Eu te amo.

Agora é a vez de Wagner abraçar o pai demoradamente e Leonardo diz quase num sussurro:

- Me perdoa, filho... ele diz, começando a chorar, porque agora não consegue se controlar também. Wagner se deixa ficar naquele abraço.

- Eu não tenho... nada que te perdoar. Não eu... Depois a gente conversa.

Os dois se levantam e começam a andar ainda abraçados. Saem do armazém em direção à casa. Diana vem correndo para perto deles e se joga nos braços do irmão que a levanta do chão e a abraça girando com ela no ar. Os dois não falam nada no início. Wagner é o primeiro a quebrar esse silêncio significativo.

- Fala, pestinha... Você cresceu ou eu nunca te levantei desse jeito?

- Quando o Cláudio falou que você tinha voltado, eu não acreditei. Queria vir ver se era verdade, ele não deixou.

- Ficou decepcionada por ser verdade?

- Não... É bom, ela diz, abraçando-o de novo.

Wagner beija sua testa e reclama:

- Eu não fiquei longe tanto tempo pra você ter crescido tanto... Vai parar por aí, não é? Você não pode ficar mais alta que eu. Eu te proíbo, entendeu?

- Eu bem queria ficar deste tamanho, mas o Cláudio vive dizendo que eu vou ter que crescer e criar jeito de gente.

- O Cláudio não sabe de nada, diz ele, entrando na casa, abraçado ao pai e à irmã.

Lá dentro, todos já estão sentados na sala de estar. Magda, Matilde e a pequena Elis já foram apresentadas a Linda e Gart que já foram apresentados também ao suco de jabuticaba e ao bolo de fubá que Matilde faz com maestria e já tratou de servir para todos.

RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM

PARTE 7

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/03/2018
Código do texto: T6283194
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