RP - ULTRASSOM - PARTE 5
ULTRASSOM
PARTE V
Quando os carros se afastam, Leo fala encostado no muro da casa, quase que para si mesmo:
- Que gata!
Leva um ardido beliscão de Laura.
- Ai, Laura! - ele grita. – Meu braço! Ficou doida?
- Eu também achei o Gart uma graça. Inglês, moreno, alto, lindo e sensual. Tudo que eu gosto num homem. Muito melhor do que você... nanico!
- Eu falei brincando, Laura, diz ele, esfregando o braço dolorido pelo besliscão
- Pensa que eu não vi o jeito que você olhava o tempo todo pra ela?
- E você queria que eu colocasse uma venda nos olhos? Você reparou na cor dos cabelos dela? Eu nunca vi nada igual.
- Gente, gente, interfere Sandra, vocês vão trocar tiros aqui fora ou a gente vai continuar jogando cartas lá dentro, hã?
- É isso aí. Vamos voltar pro jogo, concorda Guto. - Agora que o Wagner está de volta, a gente pode ficar mais sossegado. Vamos rachar a cidade ao meio hoje à noite.
- Eu acho que não, esfria Beto. – Ele não voltou sozinho. Os dois amigos devem querer conhecer a cidade e não os delinquentes dela.
- O Wagner já deve ter avisado eles sobre isso, diz Dina. – Eles nem se assustaram com a cara do Guto.
- Você me pegou pra bode expiatório, é, amor? Isso é porque eu não posso correr.
Leo e Beto o erguem nos braços e o levam para dentro da casa, gozando da cara dele.
Quando os dois carros atravessam a porteira da fazenda Quatro Estrelas, minutos depois, Wagner pede:
- Para, Cláudio.
- Por quê?
- Para, por favor.
Cláudio para o carro e Wagner desce dele, olhando para a casa grande há quinhentos metros dali. Cláudio também desce.
- O que foi?
Wagner olha para Gart.
- Não entra com o Aston ainda não. Daqui até a casa, eu quero ir a pé. Deixa ele aqui. Se quiser entrar comigo, pode vir, mas senão, entre com ele daqui uns dez minutos.
- A gente vai com você, diz Linda, saindo do Mercedes também.
Gart sai do carro e volta para olhar para o portal sobre o grande portão, onde está escrito em letras bem grandes e desenhadas, o nome da fazenda, e sobre as letras, quatro estrelas, uma branca, a segunda vermelha, a terceira cor de rosa e a última dourada.
- O que foi, Gart? - Linda pergunta.
- Esse portal tem um significado, não tem? Por que Quatro Estrelas?
Linda olha para Wagner e Cláudio que olham um para o outro. Cláudio diz:
- O anfitrião é você. Explica. Isso vai te fazer lembrar porque você está aqui de volta.
Wagner respira fundo e começa, emocionado:
- Essa fazenda tinha o nome de Renascença, quando meu avô, Wagner Valle, veio de Minas Gerais pra São Paulo e comprou tudo... de porteira fechada, como eles diziam. Quando eu nasci... meu pai resolveu mudar o nome por um nome fantasia que seria... Duas Estrelas, porque ele já tinha o Cláudio e quis fazer uma homenagem a nós dois. A estrela branca é o meu irmão, a vermelha sou eu...
Wagner olha para o irmão que olha para ele também. Cláudio sabe exatamente o que se passa na mente de Wagner naquele momento e procura não demonstrar emoção, apesar de senti-la muito forte.
- Seis anos depois, meu pai se casou de novo e teve as minhas duas irmãs que vocês vão conhecer logo. A estrela rosa é a Diana, por ser a primeira menina, e a dourada é a Elis, porque ele acha que a pequeninha vai ser a última e tinha que ter cor de estrela mesmo. Ele mudou pra Quatro Estrelas depois que ela nasceu, cinco anos atrás.
- É uma história muito bonita, diz Gart.
Wagner olha para o portal.
- É... É sim... Vamos indo, senão a gente vai chegar lá na hora da janta.
Os quatro começam a caminhar pela alameda. A vista das terras e das árvores ao redor, amenizam a distância. Wagner às vezes se aproxima de uma jabuticabeira para colher uma fruta e chupá-la ali mesmo. Pega algumas e entrega a Linda e Gart.
- Isso é muito bom, diz Linda. – Comer a fruta, direto do pé. Fazia muito tempo que eu não fazia isso.
Ela chega perto de uma árvore e colhe ela mesma uma jabuticaba, chupando-a com gosto. No meio do percurso, eles enxergam de longe a capela.
- Que coisinha bonitinha! - ela se admira. – Posso ir até lá?
- Claro, diz Wagner, sorrindo do jeito quase infantil da moça.
Linda corre para perto da capelinha e quando chega diante dela para e se benze, olhando para a cruz no alto. Ajoelha-se no primeiro degrau e faz uma breve oração, sentindo vontade de chorar. Wagner para também a certa distância dela e olha para o irmão, um pouco atrás, também emocionado.
RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM
PARTE 5
OBRIGADA E BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!