RP - ULTRASSOM - PARTE 1

RETORNO AO PARAÍSO

ULTRASSOM

PARTE I

CASA BRANCA

Quando o Aston Martin preto entra na cidade de Casa Branca, todos que o vêem o acompanham com o olhar espantado, pois o motorista está dirigindo do lado direito do carro. Algumas pessoas saem na rua para ver se ele é realmente de verdade. Um carro como aquele nunca foi visto na cidade.

- A gente está chamando muita atenção, diz Gart. – Tem certeza de que foi boa ideia trazer esse carro e vir por dentro da cidade? Quando a gente veio buscar você, fomos direto pra fazenda.

- Acabo de me arrepender, diz Wagner, sentado no banco de trás. - Mas vai em frente. Não dá mais pra voltar atrás. Só vai com calma, porque eu esqueci que aqui no Brasil, a gente dirige do lado esquerdo.

- Foi por isso que viemos à noite, quando te “sequestramos”, diz Linda. – A ideia era ninguém nos ver.

- Você quer parar onde? - Gart pergunta.

- No centro da cidade. Na Santa Casa, não é difícil. É logo depois dos fundos da igreja matriz, na mesma rua. Meu irmão deve estar lá.

Como a cidade é pequena, em instantes, o luxuoso carro passa pela praça da matriz. Wagner abre a janela do carro e olha para a igreja, emocionado.

- Estou de volta, Casa Branca...

Ele se benze, estranhando essa ação nele mesmo. Nunca foi tão ligado a esse tipo de coisa, mas naquele momento sentiu necessidade. Momentos depois, na mesma rua, o carro para diante do prédio laranja da Santa Casa de Misericórdia.

- Me esperem aqui. Eu espero não demorar.

- E se alguém perguntar alguma coisa pra gente?

- Dá uma de gringo, fala inglês com eles que vai dar tudo certo.

Wagner abre a porta e desce rapidamente. Sobe as escadas, entra no prédio e procura passar por todos sem esperar os cumprimentos. Sobe pelas escadas mesmo, indo direto ao consultório de Cláudio. Quando entra na sala de espera, ele se aproxima da mesa de Regina.

- Oi, Regina...

Ela olha para ele e sorri surpresa.

- Wagner!

- Eu posso entrar? Ele está aí? Eu sei que ele deve estar ocupado, mas...

- Não, no momento não, ele está sim e está livre... Pode entrar. Não quer que eu o avise?

Wagner nem espera que ela termine a frase. Abre a porta do consultório e entra. Cláudio está lendo um prontuário e, ao ouvir o barulho da porta se abrindo, ergue os olhos para dizer alguma coisa, mas ao ver o irmão, quase não acredita.

- Wagner...

Ergue-se e dá a volta na mesa, indo abraçá-lo. Wagner se deixa ficar muito tempo nesse abraço e não consegue falar, tão grande é a emoção de rever o irmão. Cláudio sente a mesma coisa. Quando se afastam, Cláudio o segura pelos ombros e pergunta:

- Arrancaram sua língua na Inglaterra? Fala alguma coisa. Eu quero ouvir sua voz.

- Vamos sair daqui? É possível?

- Espera um pouco.

Cláudio aperta o interfone.

- Regina...

- Tudo bem, doutor, todo mundo o viu entrar e sabe que o senhor não vai mais trabalhar hoje. Eu remarquei todas as consultas pra amanhã. Todas as mães entenderam.

- Obrigado, Regina.

Ele desliga o aparelho e olha de novo para o irmão, sorrindo, indo abraçá-lo novamente. Os dois saem juntos da sala.

- Eu não quero falar com ninguém ainda, Wagner diz, enquanto eles descem.

- Você manda.

Atravessam os corredores e chegam até a recepção, onde Cláudio para e pede:

- Espera um minuto.

Ele se aproxima do balcão, onde estão Leda e Beth que vêem Wagner e, surpresas e felizes, acenam para ele. Ele acena de volta meio sem graça, mas não se aproxima.

- O Wagner voltou, doutor! Que bom! - diz Beth.

- Pois é, eu só vim avisar que não vou atender ninguém mais hoje.

- Sim, senhor. O senhor deve estar muito feliz.

- Vocês nem imaginam. Tchau, meninas.

- Tchau, doutor.

Ele se afasta delas e segue Wagner que já está na porta do prédio.

RETORNO AO PARAÍSO – ULTRASSOM

PARTE 1

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!