RP - TESTAMENTO - PARTE 25

TESTAMENTO

PARTE XXV

Dick para, olha para Gart ainda desconfiado, mas entra no carro, meio envergonhado por estar todo molhado. Gart pega uma toalha no porta luvas e entrega a ele que começa a enxugar a cabeça e roupas.

- Obrigado.

Quando o carro já está em movimento, Gart pergunta:

- Você pode me matar uma curiosidade?

- Não sei, depende...

- Não vai te comprometer em nada. É só uma pergunta inocente.

- Faça.

- O que você tinha contra mim?

- Eu nunca tive nada contra ninguém.

- Então aquilo que você fazia comigo era só maldade mesmo?

- Se você vai começar com essa conversa, eu vou descer. Não sou obrigado a responder nada.

- Está certo. Não pergunto mais. Mas era uma coisa que me deixava intrigado. Você me fez muito mal, sabia?

Dick passa a mão pela testa já suada pelo nervoso e abre a janela do carro minimamente, para entrar mais ar.

- Você ainda mora no mesmo lugar?

- No mesmo.

- Eu ouvi falar, há uns dois anos, que iam demolir aquele prédio. É verdade?

- É... ele responde secamente.

- E pra onde você vai, se isso acontecer?

- Não sei ainda.

- Você não tem família, não é?

- Você sabe que não.

- Devia se casar de novo.

Dick olha para ele.

- Está querendo me gozar?

- Não, é sério. Sua mulher morreu há mais de quinze anos.

- Dezessete...

- Muito tempo, não? Você ainda é novo. Devia tentar outra vez. A experiência que eu tenho de solidão me dá o direito de dizer que não é bom viver sozinho. Eu tenho certeza de que foi por isso que você ficou mau e intratável.

Dick olha para ele de um modo diferente.

- E você, também ainda está sozinho. Você não me parece ter ficado mau e intratável.

- Fiquei sim. Eu também me tornei mau como você. Mau e intratável. Só que eu não era mau com os outros. Era mau comigo mesmo. Eu me tranquei e fiz mal a mim mesmo. Você descarregou sua raiva nos outros. Eu guardei pra mim.

Dick fixa o olhar na estrada, pensativo. Gart sorri.

- É bom saber que você não é o único homem mau do mundo, não é?

- E... pra onde você canalizou essa... maldade?

- Eu deixei tudo no orfanato. Não trouxe nada comigo, quando saí de lá com... meus avós. Eu não sabia disso ainda, mas vim pra mansão e encontrei amigos e um propósito de vida: guardar a vida de Mr. Russel e de todos que viviam com ele. Eu não tinha mais motivo pra me trancar. Você devia fazer o mesmo. Se não pode sair do orfanato agora, procure tratar as crianças que entram lá com mais respeito e não deixe que elas se tranquem também.

Um sorriso aparece no rosto de Dick que começa a chorar em silêncio. Gart continua:

- Não quero e nem posso te ameaçar, mas... eu conheço o novo dono do Saint Laurent bem o suficiente pra saber que, se ele souber que as crianças estão sendo maltratadas lá, ele te coloca na rua, sem direito a nada. O Wagner é bem capaz de fazer isso... se ele resolver investigar o que acontece lá, depois que eu disser a ele o que acontecia comigo.

Dick engole em seco e fica em silêncio.

Quando Gart volta à mansão, ao entrar no alojamento e passar pelo quarto de Teo, encontra a porta aberta e Linda chorando, sentada em sua cama. Ele bate na porta e entra, aproximando-se dela.

- O que aconteceu?

Ela enxuga o rosto e responde:

- Nós terminamos o noivado...

- Terminaram?

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 25

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/03/2018
Código do texto: T6279255
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