RP - TESTAMENTO - PARTE 19

TESTAMENTO

PARTE XIX

Beto se levanta e vai até a janela, atônito.

- Caramba, Leo, o doutor Cláudio...? Não entra na minha cabeça, ele metido nesse rolo. Ele é casado com a filha do seo Jorge da Folha de Casa Branca...

- Que o Wagner vive dizendo que é uma chata.

- Não justifica.

- Claro que justifica! Se eu me casasse com uma mulher chata do jeito que o Wagner diz que ela é, claro que não ia ficar perdendo tempo com ela. E a Mônica é uma gatinha. Doutor Cláudio é bem inteligente... Não perdeu tempo...

- Leo, para de dizer besteira. Tenho certeza de que ele não pensa como você. Tem muita coisa pra ser explicada nessa história. Se isso que você está dizendo for mesmo verdade, eu nem sei...

- Doutor Cláudio Valle é o pai do filho da Mônica Telles... repete Leo, lentamente, medindo a situação.

- Leo, ninguém tem certeza de nada ainda, diz Beto, sentando-se de novo na cama. – Não espalha isso pra ninguém. Vamos esperar o Wagner voltar e ele vai resolver o que fazer... quando descobrir.

- Porque você não vai contar.

- Nem você. Está ouvindo? Não te mete nisso. Se você abrir a boca pra contar pra quem quer que seja da turma ou da cidade, você não entra mais na minha casa.

- Está bom. Está bom. Não se fala mais nisso. Vamos mudar de assunto. O que a gente vai fazer amanhã à noite?

- Não sei. Tem que falar com a turma. Eu liguei pro doutor Cláudio, ontem, e ele me disse que o Wagner está pra voltar. Vai que ele volta amanhã. A gente vai comemorar até domingo.

- Legal. Essa cidade está um saco sem ele. O Guto quebrou a perna, o Wagner está fora... Sem o Guto, a Dina não sai, sem o Wagner, quem não sai é a Janete e você. Sem você é a Sandra que não sai. Quer dizer, só sobramos eu e a Laura. Que graça tem?

- Não tem mesmo. Sem o Wagner, essa cidade não tem graça nenhuma.

Fabrício, irmão mais novo de Beto, de onze anos, entra no quarto repentinamente.

- Beto, o pai está chamando.

- Fabrício, quantas vezes eu já te avisei pra bater antes de entrar no meu quarto?

- Ah, você não é mulher nem está pelado. O papai está chamando.

- Mentira sua. O pai nem está em casa.

- No telefone, bobão.

- Ah... Já vou atender. Pede pra ele esperar um pouquinho. Leo, eu vou atender meu pai. No mínimo vou ter que sair agora. Passa na casa do pessoal e avisa que é pra vir todo mundo aqui em casa hoje à noite.

- Ok. Mas o Guto não vai poder vir com aquela perna.

- Pede pra ele deixar em casa, Beto diz, saindo do quarto.

Leo vai atrás dele e o segue, confuso.

- Deixar em casa como? Ficou maluco?

- Traz ele na tua moto, toupeira! Ele tem que vir, depois eu levo ele pra casa na caminhonete. Dá seu jeito. Tchau.

- Tchau, Leo se despede, saindo.

Beto se aproxima do telefone que está nas mãos de Fabrício.

- Não precisa montar guarda no telefone, garoto. Ele não vai fugir.

- A mamãe pode vir e desligar. Aí o papai fica uma fera comigo.

- Até que você pensa de vez em quando, diz ele, pegando o telefone da mão do irmão. – Pai?

- Vem pra cá agora, Beto. Estou precisando de você. O que você está fazendo?

- Nada. Estava com o Leo, mas ele acabou de sair.

- Avise a sua mãe que não me espere. Eu vou almoçar fora.

- Eu também vou?

- Claro, se vai estar comigo!

- Sim, senhor.

- Tchau. Não demora.

- Tchau, pai.

Beto coloca o aparelho no gancho e chama empregada:

- Luzia!

Ela aparece na porta da copa, muito tranquila.

- Sim, senhor?

- Faz um favor, eu vou ter que sair. Sabe da mamãe?

- No banho, acabou de entrar.

- Diz pra ela que nem eu, nem o pai vamos almoçar em casa hoje.

- Aviso.

- Não esquece, viu?

- Sim, senhor, ela diz voltando para a cozinha.

Beto pega a chave da caminhonete sobre a estante e sai, ainda pensando no que Leo acabou de lhe contar.

- Caramba, eu queria estar sonhando. Casa Branca vai virar de cabeça pra baixo quando essa bomba estourar.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 19

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!