RP - TESTAMENTO - PARTE 16

TESTAMENTO

PARTE XVI

Camila, a tia/professora que cuida de Alberto e de mais quinze crianças na creche do hospital, está na porta do prédio e chama:

- Mônica, quer liberar meu aluno, por favor? Ele já está atrasado.

Mônica olha para ela e sorrindo diz.

- Desculpa, Camila. Ele já está indo. Tchau, Alberto. Boa aula!

- Tchau, ele responde, entrando correndo no prédio.

Mônica se aproxima de Camila.

- Como ele está indo?

- Muito bem. É uma criança muito doce e inteligente. O pai já o matriculou no Rubião pro ano que vem. Se continuar como vai, vai ter um futuro muito lindo. Pena que já está atrasado um ano.

- Mas antes tarde do que nunca. Obrigada, Camila, bom trabalho.

- Obrigada. Pra você também. Não vai ficar, hoje?

- Eu volto depois, mas eu tenho que fazer umas coisas na Santa Casa e levar o presente do Alberto pro doutor Cláudio. Tchau.

Mônica vai a pé até a Santa Casa e chega lá disposta a falar o mais urgente possível com Cláudio. Sobe ao seu consultório e, na ante-sala, ela já vê algumas mães com seus filhos esperando para serem atendidas. Algumas delas a conhecem e sorriem. Regina a vê entrar e sorri também.

- Bom dia, Mônica.

- Oi, Regina. Eu preciso falar com o Cláudio.

- Ele está no meio de uma consulta. Você não pode esperar um pouquinho? Quando a mãe sair, eu interfono pra ele e digo que você está aqui.

- Está certo, eu espero.

Mônica se aproxima de uma das mães que tem um bebê de colo nos braços e se senta ao lado dela.

- Tudo bem, Clarice?

- Tudo.

- Posso pegar o Lucas um pouquinho?

Clarice lhe estende o filho e Mônica o toma nos braços.

- Ele está muito lindo, ela diz, admirando o rostinho do menino que sorri para ela.

Em alguns minutos a mãe que Cláudio atendia sai de dentro do consultório e Regina interfona para ele.

- Doutor Cláudio...

- Fala, Regina, ele responde.

- A Mônica está aqui e precisa falar com o senhor, ela pode entrar?

- A Mônica está aí?

- Está.

Depois de um curto momento de silêncio ele pede:

- Peça pra ela entrar, por favor.

Regina desliga o interfone.

- Você pode entrar, Mônica.

Ela entrega o bebê a Clarice e fala para Regina:

- Eu não vou demorar. Fique tranquila. Eu vou só dar um recado pra ele.

Ela entra no consultório. Cláudio está esperando por ela, com as mãos unidas sobre a mesa.

- Desculpa eu ter vindo a essa hora e sem avisar, mas eu preciso muito falar com você.

- Eu não posso falar agora e você sabe disso.

- Eu sei, eu só vim perguntar se... nós podemos almoçar juntos? A gente tem que conversar.

- Também acho. Pode ser.

- Eu te espero na praça da matriz ao meio dia. A gente vai até o restaurante do Hotel Cobalto*. Ele fica fora da cidade e é bem discreto.

- Eu estou cansado de me esconder, Mônica.

- Por favor, você sabe que é preciso, por enquanto.

Ele fecha os olhos, respira fundo e concorda.

- Na praça da matriz, meio dia.

Ela toca a mão esquerda dele e não vê a aliança.

- Você tirou...

- Faz tempo, ele diz, sem emoção na voz.

- Eu sei por que você está assim frio comigo... Mas a gente vai conversar...

Ele não diz nada. Ela sorri, dá as costas e sai. Cláudio aperta o interfone e pede:

- Regina, manda a Celina entrar, por favor.

- Sim, doutor.

Ele atende até as onze e meia e desce. No corredor, encontra Miguel, mas não para para falar com ele como antes faria. Miguel percebe essa indiferença e o chama:

- Cláudio...

Ele se volta e apenas olha para Miguel, sério.

- Não faz isso. Não me ignora. A gente é amigo há oito anos, cara.

- É... A gente é tão amigo que eu vou almoçar com a sua noiva hoje. Posso?

- Noiva...? Ah, a... Mônica. Vocês vão almoçar... juntos.

- Ela está tão apaixonada por você que me convidou. Tenho sua permissão?

Miguel se aproxima dele.

- Ela é livre ainda, mas, gostando você ou não, está comprometida comigo. E eu não quero bancar o palhaço.

- Não se preocupe. A gente vai estar num lugar bem discreto. Prometo não tocar num fio de cabelo dela... se ela não quiser...

Cláudio dá as costas e se afasta. Miguel encosta-se à parede e a esmurra, sentindo raiva de si mesmo.

*O Hotel Cobalto não existe na verdade em Casa Branca. Existe, mas tem outro nome que eu achei melhor mudar.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 16

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/03/2018
Código do texto: T6276484
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