RP - TESTAMENTO - PARTE 14

TESTAMENTO

PARTE XIV

Mônica respira fundo tentando se controlar e se senta no sofá.

- Desculpe. Eu fui até o colégio me despedir de umas colegas, fui até a lanchonete com elas comer um lanche, fiquei enjoada e não consegui comer quase nada. Depois passei no tio Jorge, tomei um suco de frutas com a Gina, porque nem tio Jorge nem tia Bárbara estavam lá, vim pra casa e estou aqui. Se o senhor tivesse ligado pra lá, saberia onde eu estava.

- Você sumiu do hospital de repente. Fiquei preocupado.

- Eu me enchi. Não quero ver ninguém nem no Santa Mônica nem na Santa Casa. Posso ir pro meu quarto agora? - ela pergunta, levantando-se.

- A gente precisa conversar...

- Eu não quero conversar mais. Você já decidiu o meu futuro, só me resta obedecer.

Ele não responde à sua ironia.

- Jô! - ela chama.

A empregada aparece na porta da cozinha.

- Me ajuda a levar essas sacolas lá pro meu quarto, por favor? Eu quero te mostrar o que eu comprei.

As duas saem da sala. No quarto, Mônica fecha a porta e se senta na cama, triste e desanimada.

- Eu não gosto quando você fala desse jeito com seu pai, menina.

- Nem eu, Jô, mas foi ele que provocou. Por favor, esvazia as sacolas, desembrulha tudo e coloca nessa maleta que está no meu armário, sem os plásticos.

- Para a viagem?

- É. São as coisas do bebê.

Jô começa a desembrulhar os pacotes e a tirar camisinhas, vestidinhos, meinhas, fraldas e várias roupinhas de criança.

- Que coisinhas bonitinhas! Você comprou tanta coisa de menina. Você já sabe o sexo do bebê?

- Não, mas eu sinto que é menina, ela diz, acariciando a barriga.

Vai para perto do espelho pendurado na parede, ergue a blusa e se olha de lado.

- Você é tão pequenininha que nem tem barriga ainda, Jô fala.

- Mas ele está aqui... Eu sinto...

- Eu vou sentir tanto a sua falta, filha...

Os olhos de Jô ficam marejados. Mônica a abraça.

- Eu vou voltar, Jô.

- Mônica... você vai viajar mesmo e deixar o doutor Cláudio aqui? - Jô pergunta, discretamente

Mônica coloca o indicador nos lábios e pede silêncio.

- Não fale o nome dele alto aqui dentro. Se meu pai ouve...

- Desculpe.

- Eu não sei ainda o que vai acontecer com a gente. Não falamos sobre isso ainda. Eu ainda nem sei se ele sabe que meu pai quer me casar com o Miguel. Por enquanto, eu vou ter que concordar com tudo que meu pai disser. Ele pensa que o Miguel é o pai do nenê.

- Meu Deus! Como assim?

- É uma longa história, mas se o Cláudio não impedir esse casamento... eu fujo daqui sozinha. Com o Miguel, eu não me caso.

- Menina, você está grávida. Não pode pensar só em você. Essa barriga está pequena ainda, mas com o tempo, você não vai suportar mais. Converse com o doutor Cláudio. Ele vai arranjar um jeito de te ajudar.

- É o que eu mais quero, Jô, mas ele também está enrolado com a Tânia. Ela sabe de tudo e está pressionando ele de todas as formas. Eu nem tiro a razão dela, mas antes a gente podia até esperar e conversar com a família dele e com meu pai sobre tudo que está acontecendo. Agora, com o Miguel entrando na história e meu pai querendo fazer esse casamento assim correndo... tudo ficou mais difícil.

- Mesmo assim, fale com ele primeiro. Não vá se precipitar e fazer alguma coisa que te prejudique e ao seu filho. Respire fundo e tenha fé. Nossa Senhora do Rosário vai ficar do seu lado.

- Eu nem sei... O que a gente fez não é certo. Eu traí a confiança do meu pai... e traí minha própria prima... Nós dois traímos.

- Por amor, filha. Agora não adianta mais voltar atrás e se arrepender. Vocês erraram por amor. Nada justifica, mas ponha sua vida e a vida dele e do seu filho nas mãos de Deus. Só Ele pode decidir agora o que fazer com vocês.

Mônica se abraça com ela e fecha os olhos.

- Obrigada, Jô. Se você não estivesse aqui e do meu lado, eu já teria feito uma besteira. O Miguel também estava me ajudando, mas agora ele conseguiu se tornar meu maior empecilho. Meu maior inimigo. Ele bagunçou tudo!

- Calma. Vai dar tudo certo. E, se eu fosse você, dormiria um pouco. Amanhã você tenta falar com o doutor Cláudio e os dois juntos pensam numa forma melhor de resolver isso tudo. Vá dormir.

Jô beija sua testa.

- Obrigada, Jô. Boa noite.

- Pode deixar tudo aí em cima da cômoda e amanhã eu arrumo tudo pra você. Boa noite, filha.

Jô sai do quarto. Mônica apanha um macacãozinho amarelo, encosta no rosto, sentindo o cheiro de coisa nova, e o beija várias vezes.

- Vai dar tudo certo, filha. Pede pelo papai. Vai dar tudo certo.

Ela acaricia a barriga e sorri.

- Eu te amo demais, meu amor.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 14

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 10/03/2018
Reeditado em 08/12/2018
Código do texto: T6276074
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