RP - TESTAMENTO - PARTE 13

TESTAMENTO

PARTE XIII

Cláudio se levanta e agarra Miguel pelo colarinho do jaleco, empurrando-o contra a parede oposta.

- Não existe beijo na boca inocente, hoje em dia, seu cretino!

- Pois bem, então não era inocente. Eu queria mesmo beijar a Mônica há muito tempo, porque... eu me apaixonei por ela. Eu a amo tanto quanto você ou até mais, porque eu acho que não teria coragem de engravidá-la... se fosse casado.

Cláudio o solta com raiva e se afasta dele.

- E você acha que eu premeditei isso tudo? Você acha que isso aconteceu da noite pro dia? E quem é você pra me julgar?

- Eu sei... Eu conheço um pouco da sua vida e sei que as coisas nem sempre tomam o rumo que a gente quer, mas... há muito tempo que eu te aconselho a se separar da Tânia. Eu percebi que a tua relação com a Mônica estava começando a ficar diferente e eu acho que... quase previ que ia dar nisso, mas... eu também conhecia as implicações contrárias. Mas se você a ama mesmo, devia ter pensado primeiro nela.

- Eu tenho feito isso todos os dias, desde que eu percebi que a amava. Você acha que eu não me condeno por ter feito o que eu fiz? Você acha que eu não tentei evitar?

- Não é o momento de se condenar, Cláudio. Você tem que assumir esse romance, agora, antes que seja tarde demais.

- Antes que você se case com ela...

- Isso só vai acontecer, se você não reagir.

- Eu vou reagir, mas não posso fazer isso numa semana. Eu e ela já nos entendemos sobre isso...

- Eu não sabia... Ela me disse depois que a confusão já tinha acontecido. Desculpe. Mas eu quero que você saiba que eu não vou fazer nada pra que esse casamento não aconteça. Eu sou solteiro, amo a Mônica e nada me impede de me casar com ela, amanhã.

- Ela não te ama! Você se deu ao trabalho de perguntar pra ela o que ela achava disso?

- Ela não gostou nada, fique sossegado. Quase me bateu e tudo. Aliás... o pai dela tinha feito isso antes. Meu queixo está dolorido até agora.

- Doutor Jairo te bateu? Que ótimo...

- E esse soco vai pra tua conta. Você vai ficar me devendo. Ele era pra você. Quanto ao fato de ela não me amar... ela vai aprender. Também tenho meus encantos. Eu sou o melhor amigo dela, pra ser marido amado, é um pulo. E eu vou fazer de tudo pra que isso aconteça.

- Só se eu estiver morto.

- Então aja. Faz alguma coisa bem depressa.

- Eu não esperava isso de você, Miguel, Cláudio diz, e uma lágrima rola por seu rosto.

- Nem eu. Mas aconteceu e eu vou até o fim. Agora eu estou nisso até o pescoço. Doutor Jairo não vai acreditar se eu disser que não tenho nada com o pato. Agora eu tenho. Até o momento em que você disser que eu não tenho. Eu só não queria perder sua amizade. Lamentaria muito se isso acontecesse...

- Eu nunca vou te perdoar, diz Cláudio, enxugando a lágrima que teima em cair. - Como é que eu posso continuar olhando pra você... se você se casar com ela?

- Eu sei... mas eu acho que, de certa forma, o que estou fazendo vai ajudar vocês e muito. Ou você fica de vez com a Mônica... ou assume sua mulher com todos os contras e esquece dela.

Cláudio passa por ele, o empurra e vai para a porta.

- Cláudio!

Ele abre a porta, se volta e diz:

- Não aparece mais na minha frente, Miguel. Vai fazer muito bem pra sua saúde.

Cláudio sai. Miguel se senta em sua mesa, passando a mão no rosto.

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Jairo chega em casa e procura pela filha, pois ela não estava nem no Hospital Santa Mônica nem na Santa Casa. Jô, a senhora que cuida da casa três dias por semana, vem da cozinha, quando ouve o barulho da porta.

- Boa tarde, doutor. Chegou cedo?

- Boa tarde, Jô. A Mônica está em casa?

- Não, senhor, mas ela ligou agorinha e deixou um recado pro senhor.

- Que recado?

- Ela disse que ia fazer compras e que voltaria tarde.

- Fazer compras?

- É, ela tinha que comprar umas coisinhas pro bebê em Rio Pardo e pediu pro senhor não se preocupar.

- Essa estória está muito estranha... A que horas ela ligou?

- Era quase uma da tarde.

- Obrigado, Jô.

Muito intrigado, Jairo vai para o banheiro, toma um banho e resolve ficar em seu quarto esperando pela filha. Pega um livro para tentar ler. As horas passam lentas. Ele está tão preocupado, que não consegue avançar nem duas páginas do livro que retirou da estante. Vai para a sala novamente e resolve telefonar para Bárbara, mas ao colocar o telefone no ouvido, a porta se abre e Mônica entra por ela. Jairo coloca o telefone no lugar.

- Onde você esteve a tarde inteira?

Ela coloca as sacolas sobre o sofá e, séria, responde:

- Quer que eu diga o roteiro todo?

- Não seja malcriada.

- Eu fui a São José do Rio Pardo fazer compras. A Jô não deu o recado?

- Sozinha?

- E o que tem? Meus namorados não quiseram ir comigo.

- Mônica, você não pode falar assim comigo.

Ela respira fundo, tentando se controlar e se senta no sofá.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 13

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 10/03/2018
Reeditado em 06/12/2018
Código do texto: T6275648
Classificação de conteúdo: seguro
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